sábado, 22 de setembro de 2012

O ESTADO FINAL DOS JUSTOS

1. A NOVA CRIAÇÃO. O estado final dos crentes será precedido pelo passamento do presente mundo e pelo surgimento de uma nova criação. Mt 19.28 fala da “regeneração” e At 3.21, da “restauração de todas as cousas”. Em Hb 12.27 lemos: “Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas, significa a remoção dessas cousas abaladas (céus e terra), como tinham sido feitas, para que as cousas que não são abaladas (o reino de Deus) permaneçam”. Diz Pedro: “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”, 2 Pe 3.13, cf. vers. 12; e João teve uma visão dessa nova criação, Ap 21.1. Somente depois que a nova criação estiver estabelecida é que a nova Jerusalém descerá dos céus, da parte de Deus, o tabernáculo de Deus será montado entre os homens e os justos adentrarão o seu gozo eterno. Muitas vezes é levantada a questão sobre se essa criação será inteiramente nova ou se será uma renovação da presente criação. Os teólogos luteranos apóiam fortemente a primeira posição acima, recorrendo a 2 Pe 3.7-13; Ap 20.11 e 21.1, ao passo que os teólogos reformados (calvinistas) preferem a segunda idéia, para a qual encontram apoio em Sl 102.26,27 (Hb 1.10-12) e Hb 12.26-28. 2. A HABITAÇÃO ETERNA DOS JUSTOS. Muitos concebem também o céu como uma condição subjetiva, que os homens podem desfrutar no presente e que, seguindo a justiça, naturalmente se tornará permanente no futuro. Mas aqui também se deve dizer que a Escritura apresenta o céu como um lugar. Cristo ascendeu ao céu, o que só pode significar que ele foi de um lugar para outro. O céu descrito como a casa de nosso Pai, onde há muitas mansões, Jo 14.1, e esta descrição dificilmente seria válida para uma condição. Além disso, diz a Escritura que os crentes estão dentro, enquanto que os incrédulos estão fora, Mt 22.12, 13; 25.10-12. A Escritura nos dá motivos para acreditarmos que os justos herdarão, não somente o céu, mas a nova criação inteira, Mt 5.5; Ap 21.1-3. 3. A NATUREZA DA SUA RECOMPENSA. A recompensa dos justos é descrita como vida eterna, sito é, não apenas uma vida sem fim, mas a vida em toda a sua plenitude, sem nenhuma das imperfeições e dos distúrbios da presente vida, Mt 25.46; Rm 2.7. A plenitude dessa vida é desfrutada na comunhão com Deus, o que é realmente a essência da vida eterna, Ap 21.3. Eles verão a Deus em Jesus Cristo face a face, encontrarão plena satisfação nele, alegrar-se-ão nele e O glorificarão. Contudo, não devemos pensar que as alegrias do céu são exclusivamente espirituais. Haverá alguma coisa correspondente ao corpo. Haverá reconhecimento e relações sociais num plano elevado. Também é evidente na Escritura que haverá graus na bem-aventurança do céu, Dn 12.3; 2 Co 9.6. Nossas boas obras serão a medida da recompensa que receberemos pela graça, embora elas não a mereçam. Apesar disso, porém, a alegria de cada indivíduo será perfeita e completa. QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Por que o senso moral da humanidade exige um juízo futuro? 2. A quais precursores históricos do juízo final a Escritura se refere? 3. Onde se realizará o juízo final? 4. Que encorajamento há para os crentes no fato de que Cristo será o Juiz? 5. A expressão segundo a qual aquele que crê no Filho “não entrará em condenação” (ou “não entra em juízo”), Jo 5.24, não prova que os crentes não serão julgados? 6. Segundo a Escritura, que obras entrarão em consideração no juízo final? 7. Se todos os crentes herdam a vida eterna, em que sentido a sua recompensa será determinada por suas obras? 8. O propósito do juízo é dar a Deus um melhor conhecimento dos homens? 9. Qual o seu propósito? 10. Os homens se perderão definitivamente só pelo pecado de rejeitar conscientemente a Cristo? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. IV, p. 777-815; Kuyper, Dict. Dogm., De Consummatione Saeculi, p. 280-327; Vos, Geref. Dogm. V, Eschatologie, p. 32-50; Hodge, Syst., Theol. III, p. 844- 880; Shedd, Dogm. Theol., p. 659-754; ibid., Doctrine of Endless Punishment; Dabney, Syst. and Polem. Theol., p. 842-862; Litton, Introd. To Dogm. Theol., p. 581-595; Beckwith, Realities of Chr. Theol., p. 361-382; Drummond, Studies in Chr. Doct., p. 504-514; Macintosh, Theol. as an Empirical Science, p. 205-215; Dahle, Life After Death, p. 418-455; Mackintosh, Immortality and the Future, p. 180-194; King, Future Retribution; Hovey, Biblical Eschatology, p. 145-175; Von Huegel, Eternal Life; Alger, History of the Doctrine of a Future Life, p. 394-449, 508-549, 567-724; Schilder, Wat is de Hemel; Vos, The Pauline Eschatology, p. 261-316; Kliefoth, Eschatologie, p. 275-351. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)