terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O SUJEITO E A NATUREZA DO ESTADO DE EXALTAÇÃO

Como já foi indicado anteriormente, há diferença de opinião entre a teologia luterana e a reformada (calvinista) sobre o sujeito dos estados de Cristo Aquela nega que o Logos seja o sujeito dos estados de humilhação e de exaltação, e afirma que a natureza humana de Cristo o é. Daí, os luteranos excluem a encarnação da humilhação de Cristo, e sustentam que a humilhação consiste em “que Cristo, por algum tempo, renunciou (verdadeira e realmente, mas livremente) ao exercício pleno da majestade divina, que a Sua natureza humana tinha adquirido na união pessoal, e, como um homem de baixa condição, suportou o que estava muito abaixo da majestade divina (para que pudesse sofrer e morrer pro amor do mundo)”. Eles afirmam que o estado de exaltação se tornou manifesto primeiramente ao mundo inferior, na descida ao hades, e depois a este mundo, na ressurreição e na ascensão, completando-se com o assentar-se às destra de Deus. A exaltação consiste, pois, em que a natureza humana assumiu o pleno exercício dos atributos divinos que lhe foram comunicados na encarnação, mas que foram usados só ocasional ou secretamente. A teologia reformada, por outro lado, considera a pessoa do mediador, isto é, o Deus e homem, como o sujeito da exaltação, mas acentua o fato de que, naturalmente, foi na natureza humana que se realizou a exaltação. A natureza divina não é passível de humilhação ou exaltação. A natureza divina não é passível de humilhação ou exaltação. Na exaltação o homem, Jesus Cristo, (a) retirou-se de sob a lei em seus aspectos federais e penais, e, conseqüentemente, de sob o fardo da lei como condição da aliança das obras, e de sob a maldição da lei; (b) permutou a relação penal com a lei pela relação justa, e como Mediador entrou na posse das bênçãos da salvação que Ele mereceu para os pecadores; e (c) foi coroado com a correspondente honra e glória. Tinha que aparecer também em Sua condição que a maldição do pecado foi suspensa. Sua exaltação foi também Sua glorificação. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 339)

A EXALTAÇÃO DE CRISTO, ESCRITURÍSTICA E RACIONAL

Há abundantes provas escriturísticas da exaltação de Cristo. A narrativa dos evangelhos nos mostra claramente que a humilhação de Cristo foi seguida por Sua exaltação. A passagem clássica que prova a última acha-se em Fp 2.9-11: “pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus pai”. Mas, em acréscimo, a esta, há várias outras, como , Mc 16.19; Lc 24.26; Jo 7.39; At 2.33; 5.31; Rm 8.17, 34; Ef 1.20; 4.10; 1 Tm 3.16; Hb 1.3; 2.9; 10.12. Há uma estreita relação entre os dois estados. O estado de exaltação deve ser considerado como resultado judicial do estado de humilhação. Em Sua capacidade de mediador, Cristo satisfez as exigências da lei, em seus aspectos federal e penal, cumprindo a pena do pecado e merecendo a vida eterna. Portanto, tinha que seguir-se a Sua justificação e tinha quer Lhe ser dada posse da recompensa. Visto que Ele foi uma pessoa pública e realizou a Sua obra publicamente, a justiça exigia que a exaltação também fosse matéria pública. A exaltação de Cristo tem tríplice significação. Cada um dos estágios foi uma virtual declaração de Deus, de que Cristo satisfez as exigências da lei e, portanto, fez jus à Sua recompensa. Os dois primeiros estágios tiveram ainda um sentido exemplar, visto que simbolizavam o que sucederia na vida dos crentes. E, finalmente, todos os quatro estágios estavam destinados a servir de meios conducentes à perfeita glorificação dos crentes. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 340)

O ESTADO DE EXALTAÇÃO NA TEOLOGIA LIBERAL MODERNISTA

Naturalmente,teologia liberal modernista não toma conhecimento de nenhum estado de exaltação na vida de Cristo. Não somente rejeita completamente a idéia legal dos estados de Cristo, mas também repudia todo o sobrenatural da vida do Salvador. Rauschenbusch encerra a sua Teologia para o Evangelho Social (Theology for the Social Gospel) com uma discussão sobre a morte de Cristo. Diz Macintosch que “as dificuldades para a aceitação da noção tradicional comum da ‘ressurreição’ de Jesus como uma reanimação do corpo morto, sua transformação miraculosa e sua final ascensão ao ‘céu’ são, para o hábito de pensamento científico, praticamente insuperáveis... Um peso de prova não aliviado, ainda está sobre os que afirmam que ele (o corpo de Cristo) não sofreu desintegração, como os corpos de todos os outros que morreram”. Beckwith admite que a Bíblia, particularmente Paulo, fala da exaltação de Cristo, mas diz: “se traduzirmos a noção que Paulo tinha da exaltação para o seu equivalente moderno, vê-lo-emos dizendo que Cristo é superior a todas as forças do universo e a todas as ordens conhecidas de seres racionais, mesmo as mais elevadas, executando-se unicamente o Pai”. E George Burman Foster declara francamente: “segundo a ortodoxia, o Filho de Deus pôs de lado sua glória divina e depois a retomou; ele alienou de si mesmo certas qualidades divinas, e depois as reintegrou. O que significa no fundo é bom, a saber, que o grande e misericordioso Seus nos serve, e não é demasiado bom para ser o nosso alimento diário. Talvez a forma ortodoxa da doutrina tenha sido necessária quando a doutrina foi excogitada, mas esse ser terrível, o homem moderno, nada pode fazer com ela”. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 340)

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Natureza da ressurreição. A ressurreição de Cristo não constituiu no mero fato de que Ele retornou à vida, dando-se a reunião do corpo e a alma. Se isso fosse tudo que ela envolveu, Cristo não poderia ser chamado “as primícias dos que dormem”, 1 Co 15.20, nem “o primogênito de entre os mortos”, Cl 1.18; Ap 1.5, dando que outros foram devolvidos à vida antes dele. Sua ressurreição consistiu, antes, em que nele a natureza humana, o corpo e a alma, foi restaurada à sua prístina força e perfeição e até mesmo elevada a um nível superior, enquanto que o corpo e a alma foram reunidos num organismo vivo. Da analogia da mudança que, de acordo com a escritura, ocorre no corpo de cada crente na ressurreição geral, podemos deduzir algo quanto à transformação que deve ter-se dado com Cristo. Diz-nos Paulo em 1 Co 15.42-44 que os corpos futuros dos crentes serão incorruptíveis, isto é, não terão possibilidade de sofrer decadência; gloriosos,o que significa que esplenderão de fulgor celestial; poderosos,isto é, cheios de energia e, talvez, de novas faculdades; e espirituais, o que não significa imateriais ou etéreos, mas adaptados aos seus respectivos espíritos, cada corpo sendo um perfeito instrumento do espírito. Da narrativa dos evangelhos, aprendemos que o corpo de Jesus passou por notável mudança, de modo que Ele não podia ser facilmente reconhecido e podia aparecer e desaparecer de repente, de maneira surpreendente, Lc 24.31; 36; Jo 20.13, 19; 21.7; mas era, não obstante, um corpo material e muito real, Lc 24.39. Isto não entra em conflito com 1 Co 15.50, pois “carne e sangue” é uma descrição da natureza em seu atual estado material, mortal e corruptível. Mas a mudança que se dá nos crentes não é somente corpórea, mas também espiritual. Semelhantemente, não houve apenas uma mudança física em Cristo, mas também uma mudança psíquica. Não podemos dizer que ocorreu nele alguma mudança religiosa ou ética; mas Ele foi revestido de novas qualidades, perfeitamente ajustadas ao Seu futuro ambiente celestial. Por intermédio da ressurreição, Ele se tornou o espírito vivificante, 1 Co 15.15. A ressurreição de Cristo tem significação tríplice: (1) Constituiu uma declaração do pai de que o último inimigo tinha sido vencido, a pena tinha sido cumprida, e tinha sido satisfeita a condição em que a vida fora prometida; 2) Foi um símbolo daquilo que estava destinado a suceder aos membros do corpo místico de Cristo em sua justificação, em seu nascimento espiritual e em sua bendita ressurreição futura, Rm 6.4, 5, 9; 8.11; 1 Co 6.14; 15.20-22; 2 Co 4.10, 11, 14; Cl 2.12; 1 Ts 4.14; (3) relacionou-se também instrumentalmente com a justificação, a regeneração e a ressurreição final dos crentes, Rm 4.25; 5.10; Ef 1.20; Fp 3.10; 1 Pe 1.3. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 341)

O AUTOR DA RESSURREIÇÃO

Em distinção dos outros que ressuscitaram dos mortos, Cristo ressurgiu por Seu próprio poder. Ele falou de Si mesmo como a ressurreição e a vida, Jo 11.25, declarou que tinha o poder de entregar a Sua vida e de retoma-la, Jo 10.18, e até predisse que reedificaria o templo do Seu corpo, Jo 2.19-21. Mas a ressurreição não foi uma realização unicamente de Cristo; freqüentemente é atribuída, na escritura, ao poder de Deus em geral, At 2.24; 32; 3.26; 5.30; 1 Co 6.14; Ef 1.20, ou mais particularmente, ao pai, Rm 6.4; Gl 1.1; 1 Pe 1.3. E se a ressurreição pode ser chamada obra de Deus, segue-se que o Espírito Santo também agiu nela, pois todas as opera ad extra (obras divinas externas à Trindade) são obras do Trino Deus. Ademais, em Rm 8.11 isso também está implícito. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 341)

OBJEÇÕES À DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO

Uma grande objeção à doutrina da ressurreição física de Cristo é que após a morte o corpo se desintegra, e as várias partículas das quais se compõe entram na composição doutros corpos – vegetais, animais e humanos. Daí é impossível devolver essas partículas a todos os corpos dos quais, no transcurso do tempo, fizeram parte. Macintosh pergunta: “Que houve com os átomos de carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio e outros elementos que compunham o corpo de Jesus?” Ora, admitimos que a ressurreição desafia a sua explicação. É um milagre. Mas, ao mesmo tempo, devemos ter em mente que a identidade de um corpo ressurreto com o corpo que descera à tumba não exige que ambos sejam compostos exatamente das mesmas partículas. A composição dos nossos corpos muda constantemente, e, todavia eles, conservam a sua identidade. Paulo, e, 1 Co 15, sustentava a identidade essencial do corpo que desce à sepultura com aquele que ressuscita, mas também declara enfaticamente que a forma sofre mudança. O que semeia no solo passa por um processo de morte, e depois é vivificado; mas, quanto à forma, o grão que ele enterra não é o mesmo que ele vem a colher no devido tempo. Deus dá a cada semente um corpo que lhe é próprio. É assim também na ressurreição dos mortos. Pode ser que haja algum núcleo, algum germe, que constitui a essência do corpo e preserva a sua identidade. A argumentação de Paulo em 1 Co 15.35-38 parece implicar algo dessa ordem. Deve-se ter em mente que a real, a fundamental objeção à ressurreição, é o caráter sobrenatural desta. O que se interpõe no caminho da sua aceitação não é a falta de prova, mas sim, o dogma fundamental de que os milagres não podem acontecer. Mesmo eruditos modernistas admitem que nenhum fato tem melhor atestado que a ressurreição de Cristo – embora, naturalmente, outros o neguem. Diz o dr. Rasdall: “Fosse o testemunho cinqüenta vezes mais forte do que é, qualquer hipótese seria mais possível do que essa”. Contudo, no presente, muitos cientistas eminentes declaram que não se acham em condições de dizer que os milagres não podem acontecer. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 342)

TENTATIVAS DE EXPLICAR O FATO DA RESSURREIÇÃO, NEGANDO-A

Em sua negação, os anti-supernaturalistas sempre vão contra a narrativa da ressurreição nos evangelhos. A narrativa do túmulo vazio e das aparições de Jesus após a ressurreição apresenta-lhes um desafio, e eles o aceitam e tentam explicar esses fatos sem aceitar o fato da ressurreição. Eis algumas das mais importantes tentativas: (1) Teoria da falsidade. Pretende que os discípulos praticaram fraude deliberada, roubando o corpo do túmulo e depois declarando que o Senhor ressuscitara. Os soldados que vigiavam o sepulcro foram instruídos para fazer circular aquela história, e Celso já recorreu a ela para explicar o túmulo vazio. É claro que esta teoria impugna a veracidade das primeiras testemunhas – os apóstolos, as mulheres, os quinhentos irmãos, e outros. Mas é extremamente improvável que os desanimados discípulos tivesses a coragem de impingir tal falsidade ao mundo hostil. É impossível acreditar que tivessem perseverando em meio aos sofrimentos, com uma crua falsidade como essa. Além disso, só o fato da ressurreição de Cristo. Estas considerações logo levaram ao abandono dessa idéia. (2) A teoria do desmaio. Segundo essa teoria, Jesus não morreu de fato, mas apenas desfaleceu, conquanto se pensasse que Ele estava realmente morto. Mas, naturalmente isto levanta diversas perguntas difíceis de responder. Como se pode explicar que tanta gente se enganou, e que o golpe da lança não matou Jesus? Como é que Jesus, em Seu estado de exaustão, pôde fazer rolar a pedra que tapava o túmulo e depois ir de Jerusalém a Emaús e voltar? Como se explica que os discípulos não O trataram como uma pessoa doente, mas viram nele o poderoso Príncipe da vida? E o que foi feito de Jesus depois disso? Se se eliminar a ressurreição, naturalmente a ascensão também será eliminada. Terá Ele voltado para algum lugar desconhecido, passando em segredo o resto d Sua vida? Tantas são as improbabilidades que pesam sobre essa teoria, que o próprio Strauss a ridicularizava. (3) Teoria da visão. Esta se apresenta em duas formas: (a) Alguns falam de visões puramente subjetivas. Na excitação do seu estado mental, os discípulos se fixavam tanto no Salvador e na possibilidade do Seu retorno a eles, que por fim pensaram realmente que O viram. A faísca foi lançada pela temperamental e excitável Maria Madalena, e logo a chama se acendeu e se espalhou. Faz tempo que essa teoria vem sendo a favorita, mas ela também está prenhe de dificuldades. Como poderiam surgir essas visões, se os discípulos não esperavam a ressurreição? Como podiam aparecer, quando os discípulos estavam empenhados em suas ocupações comuns, e não estavam entregues à oração ou à mediação? Seria possível o rapto ou êxtase requerido para a produção de visões subjetivas ter começado logo no terceiro dia? Em tais visões, os discípulos não teriam visto Jesus circundando por um halo de glória celestial, ou então exatamente como O tinham conhecido, e desejoso de reatar o companheirismo com eles? Será que alguma vez as visões subjetivas se apresentam simultaneamente a várias pessoas? Como explicar as conversas visionárias? (b) Em vista da extrema fraqueza dessa teoria, alguns eruditos apresentaram uma versão diferente dela. Alegam que os discípulos tiveram visões objetivas reais, miraculosamente enviadas por Deus, para persuadi-los a ir avante com a pregação do Evangelho. Isto de fato evita algumas das dificuldades apresentadas, mas se defronta com outras. Admite o sobrenatural; e, se isso é necessário, pro que não concede a ressurreição, que certamente explica todos os fatos? Além disso, essa teoria nos pede que acreditemos que estas visões enviadas por Deus foram tais, que enganaram os apóstolos. Será que Deus procura realizar os Seus fins por meio de ilusões? (4) Teorias míticas. Passou a existir uma nova escola mítica que descarta, ou ao menos dispensa, as teorias da visão e da aparição, e procura explicar a “: lenda” da ressurreição com o auxílio de concepções importadas da babilônia e doutros países orientais pelo judaísmo. Essa escola alega, na somente que a mitologia das antigas religiões orientais contém analogias da narrativa da ressurreição, mas também que essa narrativa é realmente oriunda de mitos pagãos. Essa teoria foi elaborada em várias formas, mas é igualmente infundada, em todas as suas formas. É caracterizada por uma grande arbitrariedade em forjar uma relação da narrativa dos evangelhos com mitos pagãos, e não teve êxito em juntá-los. Além disso, demonstra extrema desconsideração para com os fatos, como se acham na escritura. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 344)

O SUPORTE DOUTRINÁRIO DA RESSURREIÇÃO

Surge a questão: Fará alguma diferença crer na ressurreição física de Cristo ou apenas numa ressurreição ideal? Para a teologia modernista, a ressurreição de Jesus não tem nenhuma importância real para a fé cristã, exceto no sentido de uma sobrevivência espiritual.A crença na ressurreição corporal não é essencial, e pode muito bem ser retirada sem afetar a religião cristã. Barth e Brunner são de diferente opinião. Eles crêem no fato histórico da ressurreição, mas sustentam que, como tal, é matéria da história apenas, com a qual o historiador pode lidar com o máximo da sua capacidade, e não como matéria de fé. O elemento importante é que, na ressurreição, o divino irrompe no curso da história, que nela o incógnito de Jesus é retirado, e Deus se revela. O historiador não pode descrever isto, mas o crente o aceita pela fé. É indubitável que a ressurreição tem suportes doutrinários. Não podemos negar a ressurreição física de Cristo sem impugnar a veracidade dos escritores da escritura, visto que, sem dúvida, eles a descreve como um fato. Quer dizer que afeta a nossa crença na fidedignidade da Escritura. Além disso, a ressurreição de Cristo é descrita como tendo valor de prova. É a prova culminante de que Cristo foi um mestre enviado por Deus (o sinal de Jonas), e de que Ele é o verdadeiro Filho de Deus, Rm 1.4. É também o supremo atestado do fato da imortalidade. Mais importante ainda, a ressurreição entra como um elemento constitutivo da própria essência da obra de redenção e, portanto, do Evangelho. É uma das grandes pedras do alicerce d igreja de Deus. Se, afinal, a obra expiatória de Cristo devia ser eficaz, tinha que terminar, não na morte, mas na vida. Ademais, foi o selo do pai aplicado à obra consumada de Cristo, foi a declaração de que Ele a aceitou. Nela, Cristo saiu de sob a lei. Finalmente, foi Seu ingresso numa nova vida, como ressurreta e exaltada Cabeça da igreja e Senhor universal. Isto O habilitou a fazer aplicação dos frutos da Sua obra redentora. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 344)

A NATUREZA DA ASCENSÃO DE CRISTO

Pode-se descrever a ascensão como a subida visível da pessoa do mediador da terra ao céu, segundo Sua natureza humana. Foi uma transição local, de um lugar para outro. Naturalmente, sito implica que o céu, como a terra , é um lugar. Mas a ascensão de Jesus não foi apenas uma transição de um lugar para outro; incluiu também mais uma mudança da natureza humana de Cristo. Essa natureza passou então para a plenitude da glória celeste e foi perfeitamente adaptada à vida do céu. Alguns estudiosos de tempos recentes consideram que o céu é uma condição, e não um lugar, e daí não concebem a ascensão em termos locais. Eles admitem que houve um elevar-se momentâneo de Cristo aos olhos dos doze, mas consideram isto somente como um símbolo da elevação da nossa humanidade a uma ordem espiritual muito superior à nossa vida presente. A concepção local, porém, é favorecida pelas seguintes considerações: (1) O céu é descrito na Escritura como um lugar de habitação de seres criados (anjos, santos, a natureza humana de Cristo). Todos estes seres se relacionam de algum modo com o espaço; somente Deus está acima de todas as relações espaciais. Por certo, as leis utilizadas no espaço celestial podem diferir das que se utilizam no espaço terrestre. (2) O céu e a terra são repetidamente colocados em justaposição na escritura. Deste fato parece que se pode inferir que, se um deles é um lugar, o outro terá que ser um lugar também. Seria absurdo colocar um lugar e uma condição em justaposição dessa maneira. (3) A Bíblia nos ensina a pensar no céu como um lugar. Várias passagens dirigem o nosso pensamento para cima, ao céu, e para baixo, ao inferno, Dt 30.12; Js 2.11; Sl 139.8; Rm 10.6,7. Isto não teria sentido, se ambos não devessem ser considerados como locais, nalgum sentido da palavra, (4) O ingresso do Salvador no céu é retratado como uma subida. Os discípulos vêem Jesus ascendendo até que uma nuvem o intercepta e O oculta da vista deles. O mesmo colorido local está presente na mente do escritor de Hebreus, em 4.14. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 345)

A CONCEPÇÃO LUTERANA DA ASCENSÃO

A concepção luterana da ascensão difere da dos reformados (calvinistas). Consideram-na, não como uma transição local, mas como uma mudança de condição, pela qual a natureza humana de Cristo entrou no pleno gozo e no pleno exercício das perfeições divinas, a ela comunicados na encarnação e assim passou as ser permanentemente onipresente, Em conexão com a idéia de que Cristo iniciou a Sua sessão à destra de Deus quando da ascensão, eles sustentam que a referida destra (que é apenas um símbolo de poder) está em toda parte. Mas nem todos os luteranos pensam igualmente sobre a questão da ubiqüidade da natureza humana de Cristo. Alguns a negam totalmente, e outros acreditam que, conquanto a ascensão resultasse na ubiqüidade de Cristo, também inclui um movimento local, pelo qual Cristo retirou da terra a Sua presença visível. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 346)

A SIGNIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DA ASCENSÃO DE CRISTO

Diz Barth que se pode indagar por que a ascensão deve ocupar lugar entre os principais artigos da fé cristã, vendo-se que ela é mencionada menos freqüentemente e menos enfaticamente que a ressurreição, e onde é mencionada aparece somente como uma transição natural da ressurreição para a sessão à mão direita de Deus. É exatamente nesta transição que ele Vê a real significação da ascensão. Daí, ele não se preocupa em salientar a ascensão como uma exaltação visível, uma “elevação vertical no espaço” diante dos olhos dos discípulos, visto que evidentemente não foi este o meio conducente à sessão à destra de Deus, que não é um lugar. Exatamente como os fatos históricos do nascimento virginal e da ressurreição são considerados por ele como simples sinais de uma revelação de Cristo, assim também a ascensão, como sinal e milagre, é apenas um “indicador da revelação, ocorrida na ressurreição, de Jesus Cristo como portador de todo o poder no céu e na terra”. Pode-se dizer que a ascensão tem tríplice significação: (1) a ascensão encarnou claramente a declaração de que o sacrifício de Cristo foi um sacrifício oferecido a Deus e, como tal, tinha que ser apresentado a Ele no santuário mais recôndito; de que o Pai considerou suficiente a obra mediatária de Cristo e, por conseguinte, admitiu-o na glória celestial; e de que o reino do mediador não era um reino dos judeus, mas um reino universal. (2) A ascensão também foi exemplar, no sentido de que foi uma profecia da ascensão de todos os crentes, que já estão com Cristo nos lugares celestiais, Ef 2.6, e estão destinados a permanecer com Ele para sempre, Jo 17.24; e também no sentido de que revelou o restabelecimento da realeza original do homem, Hb 2.7, 9. (3) Finalmente, a ascensão também serviu de instrumento para a necessidade de ir Ele para o pai, a fim de preparar lugar para os Seus discípulos, Jo 14.2, 3. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 346)

A SESSÃO À DESTRA DE DEUS

Provas bíblicas da sessão. Quando Cristo estava diante do sumo sacerdote, predisse que se assentaria “à direita do Todo-poderoso”, Mt 26.64. Pedro fez menção disto em seus sermões, At 2.33-36; 5.31. nestas duas passagens,o dativo tei dexiai pode ser entendido em seu sentido instrumental, que é o usual, embora na primeira delas a citação que consta no versículo 34, favoreça a interpretação local. Também se faz referência à sessão de Cristo em Ef 1.20-22; Hb 10.12; 1 Pe 3.22; Ap 3.21; 22.1. Além dessas passagens, há várias outras que falam de Cristo como Rei a exercer o Seu governo real, Rm 14.9; 1 Co 15.24-28; Hb 2.7, 8. b. A significação da sessão. Naturalmente, a expressão “direita de Deus”é antropomórfica e não pode ser entendida literalmente. A expressão, como é empregada neste contexto, é derivada do Sl 110.1, “Assenta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”. Estar assentado à destra do rei podia ser apenas um sinal de honra, 1 Rs 2.19, mas também podia denotar participação no governo e, conseqüentemente, na honra e na glória. No caso de Cristo, era indubitavelmente uma indignação do fato de que o mediador recebeu as rédeas do governo sobre a igreja e sobre o universo e foi feito participante da glória correspondente. Não significa que Cristo não tinha sido Rei de Sião antes desse tempo, mas sim, que aí Ele foi publicamente empossado como Deus e homem e, nesta qualidade, recebeu o governo da igreja, do céu e da terra, e entrou solenemente na administração real e concreta do poder a Ele confiado. Isso está em plena harmonia com o que diz Calvino, a saber, que a declaração de que Cristo assentou-se à destra de Deus equivale a dizer “que Ele foi instalado no governo de céus e terra, e foi formalmente admitido na posse da administração a Ele confiada, e não somente admitido por uma vez, mas para continuar até quando Ele descer para o juízo”. É mais que evidente que seria um erro inferir do fato de que a Bíblia fala da ação de “assentar-se” à destra de Deus, que a vida para a qual o Senhor ressurreto ascendeu é uma vida de repouso. É e continuará sendo uma vida de constante atividade. As declarações da escritura variam. Cristo não é somente representado como assentado à destra de Deus, mas também simplesmente como estado à destra, Rm 8.34; 1 Pe 3.22, ou de pé ali, At 7.56, e até mesmo,andando no meio dos sete candeeiros de ouro, Ap. 2.1. E seria igualmente errôneo concluir, da ênfase à dignidade real e ao governo real de Cristo, naturalmente sugerida pela idéia de estar Ele assentado à destra de Deus, que a obra na qual ele está engajado durante a Sua sessão celestial é exclusivamente governamental, não sendo, portanto, nem profética nem sacerdotal. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 347)

A OBRA QUE CRISTO REALIZA DURANTE A SUA SESSÃO À DESTRA DE DEUS

Merece ênfase o fato de que Cristo, enquanto está assentado à destra de Deus, não é apenas um recebedor passivo do domínio e do poder, majestade e glória divinos, mas está ativamente engajado na continuação da Sua obra mediatária. (1) Desde que a Bíblia relaciona com muita freqüência a sessão com o governo real de Cristo, é natural pensar primeiramente na obra que Ele realiza como Rei. Ele governa e protege a sua igreja por Seu Espírito, e também a governa por meio dos Seus oficiais, por Ele designados. Ele tem também os poderes do céu sob o Seu comando; os anjos são Seus mensageiros, sempre prontos a comunicar Suas bênçãos aos santos, e a protege-los dos perigos circundantes. Ele exerce autoridade sobre as forças da natureza e sobre todos os poderes hostis ao reino de Deus; e assim continuará a reinar, até sujeitar o último inimigo. (2) Contudo, a obra que realiza não se limita ao Seu governo real. Ele é sacerdote para sempre, sendo a ordem de Melquisedeque. Quando Cristo bradou na cruz, “Está consumado!”, não quis dizer que terminara a Sua obra sacerdotal, mas somente que tinha chegado ao fim o Seu sofrimento ativo. A Bíblia relaciona também a obra sacerdotal com a sessão de Cristo à mão direita de Deus, Zc 6.13; Hb 4.14; 7.24, 25; 8.1-6; 9.11-15, 24-26; 10.19-22; 1 Jo 2.2. Cristo está apresentado continuamente o Seu sacrifício consumado ao pai como a base suficiente para a concessão da graça perdoadora de Deus. Ele está aplicando constantemente a Sua obra sacrificial e fazendo-a eficaz na justificação e santificação dos pecados. Além disso, ele está sempre fazendo intercessão pelos que Lhe pertencem, rogando pela aceitação deles com base em Seu sacrifício consumado, e por sua segurança no mundo, e ainda tornando as suas orações e os seus serviços aceitáveis a Deus. Os luteranos acentuam o fato de que a intercessão de Cristo é vocalis et realis (vocal e real), ao passo que os reformados (calvinistas) salientam o fato de que ela consiste primariamente da presença de Cristo na natureza humana ante o Pai, e que as orações devem ser consideradas como a apresentação de reivindicações legais, e não súplicas. (3) Cristo continua Sua obra profética também por meio do Espírito Santo. Antes de separa-se dos Seus discípulos, Ele lhes prometeu o Espírito Santo, que iria ajudar suas recordações, ensinar-lhes novas verdades, guia-los em toda a verdade e enriquecê-los com a plenitude de Cristo, Jo 14.26; 16.7-15. A promessa foi cumprida no dia de Pentecostes; e daquele dia em diante Cristo, mediante o Espírito, agiu e age como o nosso grande Profeta de diversas maneiras: na inspiração da escritura; na pregação dos apóstolos e dos ministros da palavra; na direção da igreja, fazendo dela a coluna e o baluarte da verdade; e dando eficácia a verdade nos corações e nas vidas dos crentes. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 348)

TERMOS BÍBLICOS SOBRE O RETORNO DE CRISTO

Diversos termos empregados para designar a futura vinda de Jesus Cristo. O termo parousia é o mais comum deles. Em primeiro lugar, significa simplesmente “presença”, mas também serve para designar uma vinda precedendo uma presença. Este é o sentido comum do termo quando empregado com relação à volta de Jesus Cristo, Mt 24.3, 27, 37, 39; 1 Co 15.23; 1 Ts 2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2 Ts 2.1; Tg 5.7, 8; 2 Pe 3.4. Um segundo termo é apocalypsis, que acentua o fato de que a volta de Jesus Cristo será um ato revelador dele. Indica o desvendar de algo anteriormente oculto, neste caso, o desvendar da oculta glória e majestade de Jesus Cristo, 2 Ts 1.7; 1 Pe 1.7, 13; 4.13. Um terceiro termo é epiphaneia, o glorioso aparecimento do Senhor – Sua gloriosa manifestação. Está implícito que aquilo que é o posto a descoberto é algo glorioso, 2 Ts 2.8; 1 Tm 6.14; 2 Tm 4.1-8; Tt 2.13. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 349)

A MANEIRA DO REGRESSO DE CRISTO

Alguns situam o regresso de Cristo no passado, alegando que a promessa da Sua volta foi cumprida quando ele retornou no Espírito Santo. Referem-se eles à promessa registrada em Jo 14-16, e interpretam a palavra parousia como significando simples presença. Pois bem, pode-se dizer que, num sentido, Cristo retornou no Espírito Santo e, como tal, está presente na igreja. Mas este foi um retorno espiritual, ao passo que a Bíblia nos ensina a ter em vista um retorno físico e visível de Cristo, At 1.11. Mesmo depois do Pentecoste, somos instruídos a esperar anelantes a vinda de Cristo, 1 Co 1.7; 4.5; 11.26; Fp 3.20; Cl 3.4; 1 Ts 4.15-17; 2 Ts 1.7-10; Tt 2.13; Ap 1.7. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 349)

O PROPÓSITO DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO

d. O propósito do Seu regresso. A segunda vinda de Cristo se dará com o propósito de julgar o mundo e aperfeiçoar a salvação do Seu povo. Anjos e homens, vivos e mortos, comparecerão perante Ele para serem julgados segundo o registro que deles terá sido guardado, Mt 24.30, 31; 25.31, 32. Será uma vinda com terríveis sentenças sobre os ímpios, mas também com bênçãos de eterna glória para os santos, Mt 25.33-46. Enquanto que ele sentenciará os ímpios ao castigo eterno, justificará publicamente os Seus e os conduzirá ao perfeito gozo do Seu reino eterno. Isto assinalará a vitória completa de Jesus Cristo. e. Objeção à doutrina do regresso de Cristo. A grande objeção à doutrina da volta de Jesus Cristo forma um bloco só com a objeção à doutrina da ressurreição física de Cristo. Se não podem ocorrer a ressurreição e a ascensão físicas, não poderá haver o retorno físico de Cristo vindo do céu. Uma e outra coisa são impossíveis, e os ensinamentos bíblicos a respeito delas não passam de rudes representações de uma era não científica. Evidentemente, Jesus partilhou os conceitos carnais dos Seus dias, e estes coloriram o Seu delineamento profético do futuro. O único regresso de que podemos falar e que podemos esperar é um regresso em poder, no estabelecimento de um reino ético na terra. QUESTIONÁRIO: 1. Que provas históricas temos em prol da ressurreição de Cristo? 2. 1 Coríntios 15.8 prova que as aparições foram visões subjetivas? 3. Segundo se supõe, que mitos entraram na composição da narrativa da ressurreição? 4. Que luz as seguintes passagens lançam sobre a condição pós-ressurreição de Jesus? – 1 Co 6.17; 2 Co 3.17, 18; 1 Tm 3.16; Rm 1.3, 4; Hb 9.14; 1 Pe 3.18. 5. Qual a diferença entre um soma psychikon, um soma pneumatikon e um soma tes sarkos? 6. No Novo Testamento, “espírito” e “espiritual” são antitéticos em relação a “corpo” e “corporal”? 7. A ciência realmente torna impossível pensar no céu como lugar? 8. É verdade que, na Escritura, as palavras “céu” e “celestial” indicam estado, e não lugar? 9. A teologia modernista somente como uma condição na qual se entra depois da morte? 10. Sua posição encontra real apoio em Ef 2.6? 11. O Velho Testamento contem referencia à ascensão e à sessão à destra de Deus? 12. Quais as sérias objeções à doutrina luterana da ubiqüidade da natureza humana de Cristo? 13. A Bíblia nos ensina a considerar a volta de Cristo como iminente? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. III, p. 469-504; Kuyper, Dict. Dogm., De Christo II, p. 109-114; E Voto I, p. 469-493; II p. 5-69; Matricht, Godgeleerdheit III, p. 1-100; Synopsis Purioris Theol,, p. 272-281; Turretino, Opera, Locus XIII, perg. XVII – XIX; Hodge, Syst. Theol. II, p.626-638; Schmid, Doct. Theol. of the Ev. Luth. Church, p. 385, 386, 406-413; Valentine, Chr. Theol. II, p. 91-95; Milligan, The Ressurrection of our Lord; Orr, The Ressurrection of Jesus; Gore, The Reconstruction of Belief, p. 226-273; Swete, The Heavenly Session of Our Lord; A. M. Berkhoff, De Wederkomst van Christus; Browm, The Second Advent; Snowden, The Coming of the Lord; Brunner, The Mediator, p. 561-590; Barth, Credo, p. 95-126. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg. 350)

A ADORAÇÃO VERDADEIRA

Por Pr. Calvin G. Gardner João 4:23,24 Quando pensamos em adorar a Deus, geralmente imaginamos algo que emana de nós afim de expressarmos louvor às qualidades de Deus. Seja através da música, do serviço, da oração ou de outra forma de expressarmos adoração, pensamos que o louvor é original conosco. A adoração verdadeira é produzida pelo homem e dada, com os devidos merecimentos, ao único Deus vivo e verdadeiro? Será essa a verdadeira adoração que Deus deseja receber do homem? Definição de Adoração O dicionário Aurélio define adoração como culto a uma divindade; culto, reverência e veneração. O mesmo dicionário define o verbete adorar como render culto a (divindade); reverenciar, venerar (Dicionário Aurélio Eletrônico). As palavras equivalentes a adoração no Velho Testamento significam ajoelhar-se a, prostrar-se como em Êxodo 20:5. As palavras equivalentes a adoração no Novo Testamento significam beijar a mão de alguém, para mostrar reverência; ajoelhar ou prostrar para mostrar culto ou submissão, respeito ou suplica (#4352, Strongs) como em Mateus 4:10 e João 4:24. A Base da Verdade Seria um engano consciente se achamos que toda e qualquer expressão de adoração que parte do homem é verdadeira. O homem possui um coração enganoso e uma mente limitada (Jeremias 17:9; Isaías 55:8,9). Essas duas coisas produzem um erro que não é percebido facilmente pelo homem, especialmente quando a maioria ao seu redor está envolvida no erro (II Timóteo 4:3,4). Não é sábio colocar como base de sustentação aquilo que é enganoso e limitado. Devemos usar o que é firme e eterno. Só a Bíblia é a base firme para estipular o que é a adoração verdadeira. Se a Bíblia por escrito é a base firme "mui firme" (II Pedro 1:19; Hebreus 4:12); se ela é a nossa única regra de fé e prática, então tudo o que não concorda com ela tem que ser julgado falso (Isaías 8:20). A Verdade e O Amor O Amor leva à verdade, A Verdade purifica o amor. Existe a verdade e a sua natureza é única, exclusiva e eliminatória. A verdade proclama: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles." (Isaías 8:20). A doutrina repreende, exorta, corrige e reprova com o intuito de que haja perfeição e "boa" obediência (II Timóteo 3:16,17; 4:2). O ensinamento pela Palavra de Deus pode dividir (Hebreus 4:12, Mateus 10:34). Por a Bíblia ser o entendimento verdadeiro, aquele que retém as Suas palavras odiará todo falso caminho (Salmos 119:104, 128). Se pretendemos agradar a Deus, temos que nos separar de quem não anda segundo a verdade (ou na igreja - Romanos 16:17; II Tessalonicenses 3:6, 14; I Timóteo 6:3-5; ou no mundo - II Coríntios 6:14-18). Deus pergunta ao Seu povo, "Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3:3). A resposta é clara, pois a verdade é única, exclusiva e eliminatória. O amor, por natureza, é inclusivo. O amor é sofredor, não se irrita, nem suspeita o mal. O amor bíblico sofre e suporta tudo (I Coríntios 13:4-7). O servo que anda com a verdade não precisa desistir de amar. Mas há diferença entre o amor e a participação com o erro. O amor equilibrado andará junto da verdade, nunca em oposição a ela (João 14:15). O amor leva nos a cuidar de todos os que estão no erro e, a verdade leva-nos a odiar o erro (Judas 1:22,23; I Coríntios 5:5; II Coríntios 6:14-18). O Apóstolo Paulo tinha amor pelo povo de Israel e este íntimo amor fez com que ele desejasse que eles andassem segundo a verdade (Romanos 10:1; 11:14). Deus, o Amor verdadeiro, levou nos à verdade (Cristo) para nossa salvação do pecado (Efésios 2:4-7)! Para podermos entrar no amor, nosso erro tinha que ser deixado de lado (arrependimento). Agora, para andarmos santos, por amor a Deus, deixamos o erro (II Coríntios 6:14-18). É nosso culto racional (Romanos 12:1). O amor, mesmo inclusivo, é equilibrado pela verdade que é exclusiva. Por amor aceitamos todas as pessoas e pela verdade esforçamo-nos para que essas andem na luz. Existe Adoração Falsa Existe adoração com forma mas sem substância. Nos últimos dias, como nos dias passados, falsos profetas virão (II Timóteo 3:1-8). Eles terão uma aparência de piedade (v. 5) e aprendem o que diz a Bíblia (v.7), mas, na verdade, negam a substância, o próprio poder da verdade (v.5) e são réprobos quanto àquela fé uma vez dada aos santos (v. 8; Judas 1:3,4). É fácil percebê-los pois eles querem propagar somente as coisas aprazíveis (Isaías 30:10), fábulas (II Timóteo 4:3,4) e freqüentemente apregoam tradições dos homens como se fossem mandamentos de Deus (Marcos 7:7-9). A adoração da forma correta leva-nos à substância da verdade, ao aperfeiçoamento (II Timóteo 3:16,17). Existe adoração com os lábios, mas não de coração. Essa adoração pode ter uma aparência impecável, como se o povo estivesse chegando a Deus, assentando diante dele como o povo verdadeiro de Deus, ouvindo as palavras de Deus, mas por fim, o coração segue o pecado (Ezequiel 33:31; Mateus 7:21; 15:8). Essa é uma adoração falsa. Em Isaías 1:2-17, o povo de Israel tinha oblações (v.13), orações e o levantar das mãos (v.15), aproximação a Deus (v. 12), reuniões solenes (v.13), holocaustos abundantes (v.11-13), mas não reconheciam o Senhor em seus corações. Isso era visto por Deus como iniqüidade e maldade (v. 13-16) e Ele escondeu os Seus olhos deles (v. 15). A adoração ocupou os lábios de todo o povo mas o coração deles estava longe de Deus. Não há adoração verdadeira se não houver obediência de um coração singular e temente a Deus (Jeremias 9:23,24). Existe adoração com a lei, mas não com o espírito. Os Fariseus eram religiosos que faziam tudo pela lei com a esperança sincera de deixar a Deus o mais alegre possível. Socialmente eram bem aceitos. Religiosamente também. A cerimônia era exatamente conforme a lei que Deus estipulava mas, era uma adoração falsa. Deixaram o espírito da lei desfeito (Mateus 23:15,23). Por sinal, quando a Verdade passava por perto, os que adoravam por meio da letra da lei, zangavam-se. No fim da historia, crucificaram a Verdade, para que pudessem continuar em adoração pela lei (Mateus 26:57-68; 27:1). Não podemos classificar uma adoração verdadeira aquela que aborrece A Verdade. Existe adoração com ignorância e é tida como adoração falsa. Jesus, em a sua conversa com a mulher Samaritana chegou a dizê-la que os Samaritanos adoram ao que não sabem (João 4:22). A instrução de Cristo é: que se não está adorando em espírito e em verdade, não está adorando ao Seu agrado (João 4:24). Jesus disse que os Fariseus erraram praticando seus ensinamentos com ignorância da verdade (Mateus 22:29, "Errais, não conhecendo as Escrituras ..."). Paulo notou a existência da adoração com ignorância. Em Atenas ele viu um altar, "AO DEUS DESCONHECIDO". Ele julgava que isso não era adoração verdadeira mas superstição (Atos 17:22,23). Se a adoração não é baseada na verdade das Escrituras, é uma adoração falsa. Existe adoração com sacrifício, mas não com obediência. O Rei Saul foi instruído para que destruísse completamente os Amalequitas. Tudo, homem, mulher, crianças e animais deviam ser destruídos. Nada deveria ser perdoado. O Rei Saul foi a cidade e feriu-a mas tomou o Rei Agague, rei dos Amalequitas, vivo, como também o melhor das ovelhas e das vacas, e também as de segunda ordem.Quando Samuel encontrou-se com o Rei Saul na volta da campanha de guerra, Samuel perguntou-o se a palavra do Senhor foi obedecida. O Rei Saul disse que sim. Mas os balidos das ovelhas e o mugido das vacas veio aos ouvidos de Samuel. Saul explicou que estas foram poupados porque podiam ser oferecidas ao SENHOR, em Gilgal. Samuel explicou que essa é uma adoração falsa, pois o obedecer é melhor que o sacrificar, e o atender melhor que a gordura dos carneiros (I Samuel 15:3,8-9,14,21-22). As ações do Rei Saul tinham o aval do público. Todos estavam contentes por terem o estômago cheio, e, também tinham agora as riquezas dos Amalequitas. Humilhar o rei pagão era gostoso, mas, apesar do grau de aceitação humana da ação, deve se levar em conta o fato de que só a obediência completa aos olhos de Deus, é adoração verdadeira. Existe adoração com intenção pura mas que não vale como adoração verdadeira. Saulo de Tarso tinha a melhor das intenções na destruição dos crentes, mas era uma adoração falsa (Atos 22:1-5; Filipenses 3:4-6). Quando o Rei Davi quis trazer de volta a arca da promessa, ele tinha intenções puras. Ele e todo o povo de Deus estavam empenhados em fazer o que achavam correto segundo Deus. Tinham a intenção de levar a arca da terra dos inimigos sujos e pagãos à terra de Deus. Sendo assim não fizeram da maneira correta e Deus ministrou morte entre eles, por misturarem a sabedoria humana em meio a adoração e, pensarem que era agradável a Ele (II Samuel 6:1-8). Deve ser a mesma coisa entre os religiosos (Mateus 7:15-23). Na adoração verdadeira, a intenção não é o que vale mais, mas, a obediência em amor. Nenhum destes exemplos, apesar da aceitação por parte do povo, foram aceitos por Deus. Todavia eram abomináveis e uma desgraça para Ele. Foram repreendidos por Deus, às vezes, até a morte. Agora, pelos exemplos citados, estamos informados de que aquilo que queremos dar ao Senhor pode ser uma abominação para Ele. Em verdade, a adoração verdadeira não é aquilo produzido pelo homem e dado, com os devidos merecimentos, ao único Deus vivo e verdadeiro. Aquilo que é produzido pelo homem é contaminado pela natureza do homem, o pecado, e pela mente limitada do homem. Existe Adoração Verdadeira? João 4:23,24. É muito claro o que Deus procura no assunto de adoração. Ele quer ser adorado em "espírito e em verdade". O que cria confusão entre os que querem adorar O SENHOR é a teoria tanto quanto a pratica de adorar em espírito. Podemos entender melhor este assunto se entendêssemos o próprio espírito do homem. O Espírito do Homem Natural O homem natural (I Coríntios 2:14), o primeiro Adão (I Coríntios 15:45); o que quer dizer: o pecador não salvo, não pode adorar o Senhor verdadeiramente. Ele está morto espiritualmente. Quando Deus falou a Adão e a Eva no Jardim do Éden, "certamente morreis" (Gênesis 2:17), ao comerem do fruto proibido, morreriam espiritualmente (Gênesis 3:6; Efésios 2:1; I Coríntios 2:14). Agora o filho natural de Adão é filho da desobediência (Efésios 2:2), é inimigo de Deus (Romanos 8:7), separado de Deus (Isaías 59:1,2) e com entendimento limitado (I Coríntios 2:14). Não há nada que venha naturalmente do pecador e que pode agradar a Deus (Jeremias 13:23; Romanos 8:8; João 3:3-6; 15:5). O primeiro Adão é terreno, uma alma vivente e só (I Coríntios 15:45-47). Ele vive segundo a sua natureza pecaminosa, o que a Bíblia determina como "o homem velho" que se corrompe pelas concupiscências (Efésios 4:22; I João 2:16; Romanos 6:6). Isso quer dizer que aquilo que o homem natural faz segundo o seu coração enganoso ( Jeremias 17:9) é gerada pelas suas concupiscências, e por essas, é corrompido. Mesmo na esfera da religião, pois não habita bem algum na carne (Romanos 7:18). O homem natural, não salvo, pode vestir-se com a religião e moralizar as suas ações, mas, mesmo assim, por não ser espiritual, não agrada a Deus de nenhuma maneira (Mateus 7:21-23; Lucas 6:46; 11:39-44; João 4:22; Atos 17:22-24; Romanos 8:8, "não podem agradar a Deus"). O Espírito do Homem Novo O homem espiritual (I Coríntios 2:15) é feito espiritual pelo último Adão, Cristo (I Coríntios 15:45). O último Adão, é do céu e é espírito vivificante (I Coríntios 15:45-47). Este novo homem feito espiritual é o pecador salvo. Este pode adorar o Senhor verdadeiramente. Este homem novo é adotado pela família de Deus, torna-se filho de Deus (Gálatas 4:5; I João 3:1,2), amigo (João 15:15) e deixa de estar separado de Deus (Efésios 2:14). Este novo homem passa a ter entendimento espiritual (I Coríntios 2:15). É espiritualmente vivo (João 3:6; 10:28; Efésios 2:1) e não peca (I João 5:18). Todas essas bênçãos espirituais nos lugares celestiais se dão por Jesus Cristo (Efésios 1:3; João 3:16). O Espírito de Deus reside no corpo do novo homem (I Coríntios 6:19; II Coríntios 6:17) e faz com que o novo homem seja agradável perante Deus por Jesus Cristo (Hebreus 13:21). O cristão, vivificado espiritualmente, é chamado por novo homem (Efésios 4:24) ou homem interior (Romanos 7:22). Esse novo homem é criado por Deus em verdadeira justiça e santidade (Efésios 4:24; Colossenses 3:10). O novo homem, o cristão, o homem interior, tem prazer na lei de Deus (Romanos 7:22) e anseia ser obediente pois é feito conforme a imagem de Cristo que foi obediente em tudo (Romanos 8:29; João 17:4; Filipenses 2:8). Este novo homem é evidenciado pelos desejos e ações da santidade. O fruto da santidade será visto no crente pelo Espírito Santo, através de Jesus Cristo e é proveniente da nova natureza dada por Deus (Gálatas 5:22,23; Efésios 4:24). O fruto da santidade não se une ao que é imundo (Salmos 97:10; 119:104; Provérbios 8:13) por obediência à Palavra de Deus (Efésios 2:8-10). Existe a adoração verdadeira pela vida separada do mundo e em obediência à Palavra de Deus. A Adoração Verdadeira: Em Espírito - Por causa destas duas naturezas habitarem no crente, há conflitos. Uma natureza deseja os prazeres da carne e batalha contra a outra que vive segundo a justiça e a santidade (Romanos 7:23,24; Gálatas 5:17). As tentações vêm ao crente através da sua carne (I Coríntios 10:13; Tiago 1:13-15). O crente é justificado eternamente por Jesus Cristo (João 3:16; 10:28,29; Hebreus 9:12, "eterna redenção"), mas vive confessando seus pecados para ser purificado em seu viver no mundo (I João 1:9; Provérbios 4:18). A adoração que agrada a Deus não é produto dos esforços do homem natural mas fruto do Espírito Santo que está no novo homem. Isso é o que significa "adorar em espírito". Só o que é produzido por Deus é aceito por Ele, pois o que o homem natural toca, suja. Para podermos adorar a Deus verdadeiramente temos que estar "em espírito", movidos e feito por aquela nova natureza nascida de Deus no crente. Isto seria visto naquele que é separado do mundo e obediente à Palavra de Deus. A adoração movida pelas emoções da carne e pelas maneiras e métodos de culto inventados pelo homem, mesmo que sejam dirigidas a Deus, são vãs e não aceitas por Deus, pois não são dEle. O que Deus aceita é feito por Ele e evidenciado pela santidade, silêncio, temor e por uma crescente obediência (Salmos 97:10; Mateus 7:21; Romanos 8:27; Filipenses 1:6; 2:13). Em Verdade - Mesmo este estudo sobre a adoração verdadeira estando dividido em dois pontos (espírito e verdade) devemos entender que um não existem sem o outro. Importa a Deus que os que O adoram O adorem tanto em espírito quanto em verdade. Se adoramos o Senhor somente em um ponto, estamos adorando incorretamente. Mas, podemos, para maior clareza, os estudar separadamente. A Necessidade da Verdade O homem sempre precisa ter um equilíbrio. Por ele ter as duas naturezas, é preciso ser sempre lembrada a influência que a natureza pecaminosa pode exercer no crente. Por isso há tantos versículos na Bíblia sobre a necessidade do Cristão ser vigilante e sóbrio (I Tessalonicenses 5:6; I Pedro 5:8) despertado do sono (Romanos 13:11-14) e ser espiritual (Mateus 26:41; Gálatas 5:16,17,24-26; Efésios 5:14-21). Também, por ter um inimigo astuto, cheio de ardis (Gênesis 3:1; II Coríntios 2:10,11; Apocalipse 12:9) incansável ( I Pedro 5:8) que arma lutas espirituais contra nós (Efésios 6:11) precisamos de um alicerce forte no qual podemos nos estabelecer. A Palavra de Deus é o equilíbrio que o Cristão precisa. Ela é a verdade (João 17:17), mui firme (II Pedro 1:19) viva e eficaz (Hebreus 4:12) em meio a mentira e o engano sagaz que opera ao nosso redor (Hebreus 12:1). Ela nos aperfeiçoa para a defesa (Efésios 6:13-17) e resistência (I Pedro 5:9) contra as astutas ciladas do diabo e o engano do nosso próprio coração (Salmos 119:130; II Timóteo 3:16,17). São provados os espíritos pela verdade (I João 4:3; I Timóteo 4:1) e não por nossos pensamentos manipuláveis ou emoções enganadoras. De fato, a Bíblia é a única regra de fé e ordem para o crente e isso também vale para a adoração. Tendo a adoração verdadeira - em espírito e em verdade - o Cristão pode adorar durante um dilúvio, peregrinação no deserto, na fornalha, na cova dos leões, em prisões ou exilado em uma ilha. Não é necessário microfones, música talentosa, cerimônia, sorridentes, ambiente agradável, uniformes ou prédios lindos. É necessário estarmos em Cristo e Ele em nós é isso se evidencia em uma vida obediente. A Maior Verdade - Cristo Cristo é a Verdade (João 14:6). O que Deus produz pelo Seu Espírito traz à lembrança o que Cristo ensinou (João 14:26) e testifica de Cristo (João 15:26). A adoração verdadeira nunca pode agir contrariamente aos ensinamentos de Cristo ou exemplificar outra vida se não a de Cristo. Se Cristo é a verdade, tudo que agrada a Deus deve estar em conformidade a Ele pois o Pai se compraz no Filho (Mateus 3:17; 17:5). A Espiritualidade deve ter obediência. Excluir a obediência da Palavra de Deus (Cristo) seria uma abominação para Deus. Quem queremos adorar (Lucas 6:46)? Substituir as Escrituras Sagradas por algo diferente também é uma abominação (Marcos 7:7; Tito 1:14). Há uma multiplicidade de atrativos para afastar o Cristão de uma adoração verdadeira. Há fabulas ou genealogias intermináveis (I Timóteo 1:4; 4:7) ofertas vãs, incenso, observação de luas novas e sábados (Isaías 1:13,14). Mas tudo isso tende a adicionar algo à Palavra de Deus em vez de seguir a sua pureza (Provérbios 30:5). Não devemos tentar melhorar a verdade (Deuteronômio 12:32; Apocalipse 22:18,19), devemos só observá-la. Uma sensível atenção, um estudo constante, uma meditação contínua em conjunto com uma obediência temente à verdade, a Palavra de Deus, é essencial para uma adoração verdadeira. Não podemos separar a adoração espiritual da adoração prática (obediência). O próprio Espírito Santo é chamado Espírito da verdade (João 14:17; 15:26; 16:13) que nos aponta a Cristo que era perfeitamente espiritual e mostrou a Sua espiritualidade pela Sua obediência (Filipenses 2:8; João 14:11). É certo que podemos ser menos espirituais que Cristo mas de nenhum jeito podemos ser tão espirituais para que a obediência à verdade torne-se desnecessária. A Obediência deve ser Espiritual Pode haver obediência sem espiritualidade. Aqueles que crucificaram a Cristo cumpriram a Palavra de Deus completamente mas, mesmo sendo obedientes, não operaram com o desejo de adorar ao Senhor (Atos 2:21-23; 4:27,28). Os demônios crêem na verdade mas tampouco adoram ao Senhor segundo a operação do Espírito Santo (Tiago 2:19). Os Fariseus obedeceram a lei a risca mas não entraram no reino de Deus (Mateus 5:20). Pelo estudo feito podemos entender bem melhor que o que Deus deseja, adoração em espírito e em verdade, é algo que não pode ser produzido pelo homem, mas por Deus. É produzida pelo Espírito de Deus na vida do Cristão que vive segundo à Sua Palavra em amor. Não caia no que parece gostoso à carne, mesmo à carne religiosa. Seja ativo no que agrada Deus e será aceito pelo Mesmo (João 15:1-11).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

OS OFÍCIOS DE CRISTO

A. Observações Introdutórias Sobre os Ofícios em Geral. 1. A IDÉIA DOS OFÍCIOS NA NATUREZA. É costume falar de três ofícios com relação à obra de Cristo, a saber, os ofícios profético, sacerdotal e real. Embora alguns dos chamados pais primitivos da igreja já falassem dos diferentes ofícios de Cristo, Calvino foi o primeiro a reconhecer a importância de distinguir os três ofícios d Mediador e chamar a atenção para isto num capítulo específico das suas Institutas. Entre os luteranos , Gerhard foi o primeiro a desenvolver a doutrina dos três ofícios, e Quenstedt considerava a distinção tríplice como deveras não essencial e chamou a atenção para o fato de que alguns teólogos luteranos distinguiam somente dois ofícios, juntando o profético ao sacerdotal. Desde os dias da |Reforma, a distinção foi aceita em geral como um dos lugares comuns da teologia, embora não houvesse acordo geral quanto à importância relativa dos ofícios, nem quanto à sua interrelação. Uns colocavam em primeira plano o oficio profético, outros o sacerdotal, e ainda outros o real. Houve quem lhes aplicasse a idéia de sucessão cronológica, entendendo que Cristo agiu como profeta durante o Seu ministério público aqui na terra, como sacerdote em Seus sofrimentos finais e em sua morte na cruz, e como rei age agora, que está assentado à mão direita de Deus. Outros, porém, salientavam acertadamente o fato de que se deve entender que Ele agiu e age em Sua tríplice capacidade em Seu estado de humilhação e em Seu estado de exaltação. Os socinianos, na verdade, reconheciam só dois ofícios: Cristo agiu como profeta na terra, e age como rei no céu. Apesar de falarem também de Cristo como sacerdote, incluíam subordinadamente a Sal obra sacerdotal em Sua obra real e, portanto, não reconheciam o Seu sacerdócio terreno. Surgiu na Igreja Luterana considerável oposição à doutrina dos três ofícios de Cristo. Ernesti dá um sumário das objeções que apareceram Segundo ele, a divisão dos ofícios é puramente artificial; os termos profeta, sacerdote e rei não são empregados na Escritura no sentido presente nessa divisão; é impossível discriminar com clareza uma função em relação ass outras, na obra realizada por Cristo; e os termos, como utilizados na Escritura, só são aplicados num sentido figurado e, portanto, não devem ter significados precisos a eles afixados, designando partes particulares da obra de Cristo. Em resposta a isso, pode-se dizer que há pouca força na crítica ao uso dos termos, visto que são utilizados em todo o Velho Testamento como designativos daqueles que, nos ofícios de profeta, sacerdote e rei, tipificavam Cristo. A única critica realmente significativa se deve ao fato de que em Cristo os três ofícios estão agrupados numa pessoa. O resultado é que não podemos discriminar agudamente entre as diferentes funções constitutivas da obra oficial de Cristo. A obra mediatária é sempre realizada pela pessoa completa; nem uma só obra pode ser limitada a qualquer dos ofícios. Dos teólogos luteranos mais recentes, Reinhard, Doederlein, Storr e Bretschneider rejeitaram a distinção. Ritschl também lhe fez objeção, e afirmou que o termo “vocação” deveria tomar o lugar da palavra “oficio”, que se presta a mal entendidos. Disso, ele considerava a função ou atividade real de Cristo como primordial, e as funções profética e sacerdotal como secundárias e subordinadas, esta indicando a relação do homem com o mundo, e aquela, a sua relação com Deus. Ademais, ele acentuava o fato de que se deve afirmar o exercício da realeza profética e sacerdotal igualmente nos estados de humilhação e de exaltação. Haering segue a Titchl em sua negação dos três ofícios e em sua ênfase à vocação. A teologia modernista é avessa à idéia toda, em parte porque não gosta da terminologia das escolas, e em parte porque se nega a pensar em Cristo como uma personalidade oficial. Ela tem tanta apreciação por Cristo como o “Homem” ideal, o Ajudador amoroso e o Irmão Mais Velho, tão verdadeiramente humano, que teme considerá-lo como um funcionário mediatário formal, desde que isto seria capaz de desumanizá-lo. 2. A IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO. A distinção dos três ofícios de Cristo é valiosa e deve ser conservada, a despeito do fato de que a sua coerente aplicação aos dois estados de Cristo nem sempre é fácil e nem sempre tem sido igualmente feliz. Explica-se o fato de Cristo ter sido ungido para um tríplice ofício com o fato de que o homem foi originariamente destinado ao exercício desse tríplice ofício e respectiva obra. Como criado pro Deus, ele foi profeta, sacerdote e rei e, nestas qualidades, foi adotado de conhecimento e entendimento, de justiça e santidade, e de domínio sobre a criação inferior. O pecado afetou a vida toda do homem e se manifestou, não somente como ignorância e cegueira, erro e falsidade, mas também como injustiça, culpa e corrupção moral; e, em acréscimo, como enfermidade, morte e destruição. Daí, foi necessário que Cristo, como o nosso mediador, fosse profeta, sacerdote e rei. Como profeta, Ele representa Deus para com o homem; como Sacerdote, ele representa o homem na presença de Deus; e como Rei, ele exerce domínio e restabelece o domínio original do homem. O racionalismo só reconhece o Seu ofício profético; o misticismo, somente o Seu ofício sacerdotal; e o quiliasma* dá ênfase unilateral ao Seu oficio real futuro. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.352)

INTRODUÇÃO: O OFÍCIO PROFÉTICO

A. Observações Introdutórias Sobre os Ofícios em Geral. 1. A IDÉIA DOS OFÍCIOS NA NATUREZA. É costume falar de três ofícios com relação à obra de Cristo, a saber, os ofícios profético, sacerdotal e real. Embora alguns dos chamados pais primitivos da igreja já falassem dos diferentes ofícios de Cristo, Calvino foi o primeiro a reconhecer a importância de distinguir os três ofícios d Mediador e chamar a atenção para isto num capítulo específico das suas Institutas. Entre os luteranos , Gerhard foi o primeiro a desenvolver a doutrina dos três ofícios, e Quenstedt considerava a distinção tríplice como deveras não essencial e chamou a atenção para o fato de que alguns teólogos luteranos distinguiam somente dois ofícios, juntando o profético ao sacerdotal. Desde os dias da |Reforma, a distinção foi aceita em geral como um dos lugares comuns da teologia, embora não houvesse acordo geral quanto à importância relativa dos ofícios, nem quanto à sua interrelação. Uns colocavam em primeira plano o oficio profético, outros o sacerdotal, e ainda outros o real. Houve quem lhes aplicasse a idéia de sucessão cronológica, entendendo que Cristo agiu como profeta durante o Seu ministério público aqui na terra, como sacerdote em Seus sofrimentos finais e em sua morte na cruz, e como rei age agora, que está assentado à mão direita de Deus. Outros, porém, salientavam acertadamente o fato de que se deve entender que Ele agiu e age em Sua tríplice capacidade em Seu estado de humilhação e em Seu estado de exaltação. Os socinianos, na verdade, reconheciam só dois ofícios: Cristo agiu como profeta na terra, e age como rei no céu. Apesar de falarem também de Cristo como sacerdote, incluíam subordinadamente a Sal obra sacerdotal em Sua obra real e, portanto, não reconheciam o Seu sacerdócio terreno. Surgiu na Igreja Luterana considerável oposição à doutrina dos três ofícios de Cristo. Ernesti dá um sumário das objeções que apareceram Segundo ele, a divisão dos ofícios é puramente artificial; os termos profeta, sacerdote e rei não são empregados na Escritura no sentido presente nessa divisão; é impossível discriminar com clareza uma função em relação ass outras, na obra realizada por Cristo; e os termos, como utilizados na Escritura, só são aplicados num sentido figurado e, portanto, não devem ter significados precisos a eles afixados, designando partes particulares da obra de Cristo. Em resposta a isso, pode-se dizer que há pouca força na crítica ao uso dos termos, visto que são utilizados em todo o Velho Testamento como designativos daqueles que, nos ofícios de profeta, sacerdote e rei, tipificavam Cristo. A única critica realmente significativa se deve ao fato de que em Cristo os três ofícios estão agrupados numa pessoa. O resultado é que não podemos discriminar agudamente entre as diferentes funções constitutivas da obra oficial de Cristo. A obra mediatária é sempre realizada pela pessoa completa; nem uma só obra pode ser limitada a qualquer dos ofícios. Dos teólogos luteranos mais recentes, Reinhard, Doederlein, Storr e Bretschneider rejeitaram a distinção. Ritschl também lhe fez objeção, e afirmou que o termo “vocação” deveria tomar o lugar da palavra “oficio”, que se presta a mal entendidos. Disso, ele considerava a função ou atividade real de Cristo como primordial, e as funções profética e sacerdotal como secundárias e subordinadas, esta indicando a relação do homem com o mundo, e aquela, a sua relação com Deus. Ademais, ele acentuava o fato de que se deve afirmar o exercício da realeza profética e sacerdotal igualmente nos estados de humilhação e de exaltação. Haering segue a Titchl em sua negação dos três ofícios e em sua ênfase à vocação. A teologia modernista é avessa à idéia toda, em parte porque não gosta da terminologia das escolas, e em parte porque se nega a pensar em Cristo como uma personalidade oficial. Ela tem tanta apreciação por Cristo como o “Homem” ideal, o Ajudador amoroso e o Irmão Mais Velho, tão verdadeiramente humano, que teme considerá-lo como um funcionário mediatário formal, desde que isto seria capaz de desumanizá-lo. 2. A IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO. A distinção dos três ofícios de Cristo é valiosa e deve ser conservada, a despeito do fato de que a sua coerente aplicação aos dois estados de Cristo nem sempre é fácil e nem sempre tem sido igualmente feliz. Explica-se o fato de Cristo ter sido ungido para um tríplice ofício com o fato de que o homem foi originariamente destinado ao exercício desse tríplice ofício e respectiva obra. Como criado pro Deus, ele foi profeta, sacerdote e rei e, nestas qualidades, foi adotado de conhecimento e entendimento, de justiça e santidade, e de domínio sobre a criação inferior. O pecado afetou a vida toda do homem e se manifestou, não somente como ignorância e cegueira, erro e falsidade, mas também como injustiça, culpa e corrupção moral; e, em acréscimo, como enfermidade, morte e destruição. Daí, foi necessário que Cristo, como o nosso mediador, fosse profeta, sacerdote e rei. Como profeta, Ele representa Deus para com o homem; como Sacerdote, ele representa o homem na presença de Deus; e como Rei, ele exerce domínio e restabelece o domínio original do homem. O racionalismo só reconhece o Seu ofício profético; o misticismo, somente o Seu ofício sacerdotal; e o quiliasma* dá ênfase unilateral ao Seu oficio real futuro. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.352)

O OFÍCIO PROFÉTICO

1. A IDÉIA ESCRITURÍSTICA DE PROFETA. a. Os termos empregados na Escritura. O velho Testamento emprega três palavras para designar um profeta, a saber, nabhi, ro’eh e chozeh. O sentido radical da palavra nobhi é incerto, mas, por passagens como Ex. 7.1 e Dt 18.18, fica evidente que a palavra designa alguém que vem com mensagem da parte de Deus para o povo. As palavras ro’eh e chozeh acentuam o fato de que o profeta é alguém que recebe revelações da parte de Deus, particularmente na forma de visões. Estas palavras são usadas uma pela outra. Outros designativos são “homem de Deus”, “mensageiro do Senhor” e “vigia”. Estes apelativos indicam que os profetas estão prestando serviço especial ao Senhor e velam pelos interesses espirituais do povo. No Novo Testamento usa-se a palavra porphetes, composta de pro e phemi. A preposição não é temporal, neste caso. Conseqüentemente, a palavra prophemi não significa “falar de antemão”, mas “proferir”. O profeta é alguém que fala da parte de Deus. Desses nomes, tomados em conjunto, podemos deduzir que o profeta é alguém que vê coisas, isto é, que recebe revelações, que está a serviço de Deus, particularmente como mensageiro, e que fala em Seu nome. b. Os dois elementos reunidos na idéia. As passagens clássicas de Êx 7.1 e Dt 18.18, indicam a presença de dois elementos na função profética, um passivo e outro ativo, um receptivo e o outro produtivo. O profeta recebe revelações divinas em sonhos,visões ou comunicações verbais; e as transmite ao povo, quer oralmente, quer visivelmente, nas ações proféticas, Nm 12.6-8; Is 6; Jr 1.4-10; Ez 3.1-4, 17. Destes dois elementos, o passivo é o mais importante, porquanto ele governa o elemento ativo. Sem receber, o profeta não pode dar, e ele não pode dar mais do que recebe. Mas o elemento ativo, também é parte integrante. Para receber uma revelação não é preciso não é preciso ser profeta. Pensamos em Abimeleque, Faraó e Nabucodonosor, todos os quais receberam revelações. O que faz de alguém um profeta é a vocação divina, a ordem para comunicar a outros a revelação divina. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.353)

O DEVER DOS PROFETAS

Era dever dos profetas revelar a vontade de Deus ao povo. Isto podia ser feito na forma de instrução, admoestação e exortação, promessas gloriosas ou censuras severas. Eles eram os monitores ministeriais do povo, os intérpretes da lei, especialmente nos seus aspectos morais e espirituais. Era seu dever protestar contra o mero formalismo, acentuar o dever moral, fazer ver a necessidade do serviço espiritual e promover os interesses da verdade e da justiça. Se o povo se afastava das veredas do dever, eles tinham que chamá-lo de volta à lei e ao testemunho, e anunciar o iminente terror do Senhor sobre os ímpios. Mas a sua obra também estava intimamente relacionada com as promessas da graça de Deus para o futuro. Era seu privilégio descrever as coisas gloriosas que Deus tinha em depósito para o Seu povo. Também fica evidente pela escritura que os verdadeiros profetas de Israel tipificavam o grande profeta que havia de vir no futuro, Dt 18.15, cf. At 3.22-24, e que já estava agindo por meio deles nos dias do velho testamento, 1 Pe 1.11. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.353)

DISTINÇÕES APLICADAS À OBRA DE CRISTO

Cristo age como profeta de várias maneiras: a. Tanto antes como depois da encarnação. Os socinianos erraram ao limitar a obra profética de Cristo ao tempo do Seu ministério público. Ele agiu como profeta mesmo na antiga dispensação, como nas revelações especiais do Anjo do Senhor, nos ensinos dos profetas, nos quais agiu como o espírito de revelação (1 Pe 1.11), e na iluminação espiritual dos crentes. Aparece em Provérbios 8 como a sabedoria personificada, ensinando os filhos dos homens. Depois da encarnação Ele prosseguiu em Sua obra profética com os Seus ensinos e milagres, com a pregação dos apóstolos e dos ministros da palavra, e também com a iluminação e instrução dos crentes como o espírito que neles habita. Ele continua a Sua atividade profética desde os céus, mediante a operação do Espírito Santo. Seus ensinos são verbais e fatuais, isto é, Ele não só ensina por meio de comunicações verbais, mas também pelos fatos da revelação, como encarnação, a Sua morte expiatória, a ressurreição e a ascensão; e até durante o período do Velho Testamento, mediante tipos e cerimônias, mediante os milagres da história da redenção e mediante a direção providencial do povo de Israel. b. Tanto imediata como mediatamente. Ele exerceu o Seu ofício profético imediatamente, como o Anjo do Senhor do período do velho Testamento, e como o Senhor encarnado, por meio dos Seus ensinos e também do Seu exemplo, Jo 13.15; Fp 2.5; 1 Pe 2.22. E o exerceu mediatamente, através da operação do Espírito Santo, por meio dos ensinos dos profetas do Velho Testamento e dos apóstolos do Novo, e o exerce agora mesmo, pelo Espírito que habita nos crentes, como também pela instrumentalidade dos ministros do Evangelho. Isto significa também que ele dá continuidade à Sua obra profética objetiva e externamente, e subjetiva e internamente mediante o Espírito, que é descrito como o Espírito de Cristo. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.354)

PROVAS BÍBLICAS DO OFÍCIO PROFÉTICO DE CRISTO

A Escritura atesta de várias maneiras o oficio profético de Cristo. Ele é prenunciado como profeta em Dt 18.15, passagem aplicada a Cristo em At 3.22, 23. Ele fala de Si como profeta em Lc 13.33. Além disso, alega que traz uma mensagem do Pai, Jo 8.26-28; 12.49, 50; 14.10, 24; 15.15; 17.8, 20; prediz coisas futuras, Mt 24.3-35; Lc 19.41-44, e fala com singular autoridade, Mt 7.29. Suas poderosas obras serviam para autenticar a Sua mensagem. Em vista disso tudo, não admira que o povo O tenha reconhecido como profeta, Mt 21.11, 46; Lc 7.16; 24.19; Jo 3.2; 4.19; 6.14; 7.40; 9.17. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.354)

O OFÍCIO PROFÉTICO

1. A IDÉIA ESCRITURÍSTICA DE PROFETA. a. Os termos empregados na Escritura. O velho Testamento emprega três palavras para designar um profeta, a saber, nabhi, ro’eh e chozeh. O sentido radical da palavra nobhi é incerto, mas, por passagens como Ex. 7.1 e Dt 18.18, fica evidente que a palavra designa alguém que vem com mensagem da parte de Deus para o povo. As palavras ro’eh e chozeh acentuam o fato de que o profeta é alguém que recebe revelações da parte de Deus, particularmente na forma de visões. Estas palavras são usadas uma pela outra. Outros designativos são “homem de Deus”, “mensageiro do Senhor” e “vigia”. Estes apelativos indicam que os profetas estão prestando serviço especial ao Senhor e velam pelos interesses espirituais do povo. No Novo Testamento usa-se a palavra porphetes, composta de pro e phemi. A preposição não é temporal, neste caso. Conseqüentemente, a palavra prophemi não significa “falar de antemão”, mas “proferir”. O profeta é alguém que fala da parte de Deus. Desses nomes, tomados em conjunto, podemos deduzir que o profeta é alguém que vê coisas, isto é, que recebe revelações, que está a serviço de Deus, particularmente como mensageiro, e que fala em Seu nome. b. Os dois elementos reunidos na idéia. As passagens clássicas de Êx 7.1 e Dt 18.18, indicam a presença de dois elementos na função profética, um passivo e outro ativo, um receptivo e o outro produtivo. O profeta recebe revelações divinas em sonhos,visões ou comunicações verbais; e as transmite ao povo, quer oralmente, quer visivelmente, nas ações proféticas, Nm 12.6-8; Is 6; Jr 1.4-10; Ez 3.1-4, 17. Destes dois elementos, o passivo é o mais importante, porquanto ele governa o elemento ativo. Sem receber, o profeta não pode dar, e ele não pode dar mais do que recebe. Mas o elemento ativo, também é parte integrante. Para receber uma revelação não é preciso não é preciso ser profeta. Pensamos em Abimeleque, Faraó e Nabucodonosor, todos os quais receberam revelações. O que faz de alguém um profeta é a vocação divina, a ordem para comunicar a outros a revelação divina. c. O dever dos profetas. Era dever dos profetas revelar a vontade de Deus ao povo. Isto podia ser feito na forma de instrução, admoestação e exortação, promessas gloriosas ou censuras severas. Eles eram os monitores ministeriais do povo, os intérpretes da lei, especialmente nos seus aspectos morais e espirituais. Era seu dever protestar contra o mero formalismo, acentuar o dever moral, fazer ver a necessidade do serviço espiritual e promover os interesses da verdade e da justiça. Se o povo se afastava das veredas do dever, eles tinham que chamá-lo de volta à lei e ao testemunho, e anunciar o iminente terror do Senhor sobre os ímpios. Mas a sua obra também estava intimamente relacionada com as promessas da graça de Deus para o futuro. Era seu privilégio descrever as coisas gloriosas que Deus tinha em depósito para o Seu povo. Também fica evidente pela escritura que os verdadeiros profetas de Israel tipificavam o grande profeta que havia de vir no futuro, Dt 18.15, cf. At 3.22-24, e que já estava agindo por meio deles nos dias do velho testamento, 1 Pe 1.11. 2. DISTINÇÕES APLICADAS À OBRA DE CRISTO. Cristo age como profeta de várias maneiras: a. Tanto antes como depois da encarnação. Os socinianos erraram ao limitar a obra profética de Cristo ao tempo do Seu ministério público. Ele agiu como profeta mesmo na antiga dispensação, como nas revelações especiais do Anjo do Senhor, nos ensinos dos profetas, nos quais agiu como o espírito de revelação (1 Pe 1.11), e na iluminação espiritual dos crentes. Aparece em Provérbios 8 como a sabedoria personificada, ensinando os filhos dos homens. Depois da encarnação Ele prosseguiu em Sua obra profética com os Seus ensinos e milagres, com a pregação dos apóstolos e dos ministros da palavra, e também com a iluminação e instrução dos crentes como o espírito que neles habita. Ele continua a Sua atividade profética desde os céus, mediante a operação do Espírito Santo. Seus ensinos são verbais e fatuais, isto é, Ele não só ensina por meio de comunicações verbais, mas também pelos fatos da revelação, como encarnação, a Sua morte expiatória, a ressurreição e a ascensão; e até durante o período do Velho Testamento, mediante tipos e cerimônias, mediante os milagres da história da redenção e mediante a direção providencial do povo de Israel. b. Tanto imediata como mediatamente. Ele exerceu o Seu ofício profético imediatamente, como o Anjo do Senhor do período do velho Testamento, e como o Senhor encarnado, por meio dos Seus ensinos e também do Seu exemplo, Jo 13.15; Fp 2.5; 1 Pe 2.22. E o exerceu mediatamente, através da operação do Espírito Santo, por meio dos ensinos dos profetas do Velho Testamento e dos apóstolos do Novo, e o exerce agora mesmo, pelo Espírito que habita nos crentes, como também pela instrumentalidade dos ministros do Evangelho. Isto significa também que ele dá continuidade à Sua obra profética objetiva e externamente, e subjetiva e internamente mediante o Espírito, que é descrito como o Espírito de Cristo. 3. PROVAS BÍBLICAS DO OFÍCIO PROFÉTICO DE CRISTO. A Escritura atesta de várias maneiras o oficio profético de Cristo. Ele é prenunciado como profeta em Dt 18.15, passagem aplicada a Cristo em At 3.22, 23. Ele fala de Si como profeta em Lc 13.33. Além disso, alega que traz uma mensagem do Pai, Jo 8.26-28; 12.49, 50; 14.10, 24; 15.15; 17.8, 20; prediz coisas futuras, Mt 24.3-35; Lc 19.41-44, e fala com singular autoridade, Mt 7.29. Suas poderosas obras serviam para autenticar a Sua mensagem. Em vista disso tudo, não admira que o povo O tenha reconhecido como profeta, Mt 21.11, 46; Lc 7.16; 24.19; Jo 3.2; 4.19; 6.14; 7.40; 9.17. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.354)

ÊNFASE MODERNISTA AO OFICIO PROFÉTICO DE CRISTO

Uma das principais características da escola liberal, assim chamada, tanto do liberalismo mais antigo, representado por Renan, Strauss e Keim, como do liberalismo mais recente, representado por vultos como Pfleiderer, Weinel, Wernle, Juelicher, Harneck, Bouset e outros, consiste em dar a maior ênfase a Jesus como mestre. A Sua importância como tal é salientada, com a exclusão dos outros aspectos da Sua pessoa e da Sua obra. Há, porém, marcante diferença entre esses dois ramos do liberalismo. Segundo o liberalismo mais antigo, a importância de Jesus decorre dos Seus ensinos, mas, de acordo com o liberalismo mais recente, é a personalidade única de Jesus que proporciona peso aos Seus ensinos. Isto, indubitavelmente, é um avanço bem vindo, mas o ganho não é tão grande como pode parecer. Nas palavras de La Touche: “De fato, o seu reconhecimento da rela importância da Sua personalidade, e não do Seu ensino, é pouco mais que uma exaltação da pedagogia pelo exemplo sobre a pedagogia pelo preceito”.Depois de tudo, Cristo é apenas um grande mestre. O modernismo atual está inteiramente sob o domínio desta escola liberal. Mesmo na teologia bartiana há uma ênfase que aparentemente se aproxima bastante da teologia modernista. Walter Lowrie diz acertadamente: “É característico da teologia bartiana pensar no mediador predominantemente como Revelador”. Barth e Brunner nos dizem repetidamente que a revelação é a reconciliação, e, às vezes, parece que eles consideram já a própria encarnação como a reconciliação. Também neste caso a reconciliação é representada como revelação. Num simpósio sobre a Revelação diz Barth: “Jesus Cristo é a revelação porque, em Sua existência, Ele é a reconciliação. ...A existência de Jesus Cristo é a reconciliação e, portanto, é a ponte estendida sobre o abismo que aqui se abriu”. Às vezes, a cruz é definida como a revelação da contradição absoluta, o conflito final entre este mundo e o outro. Em conseqüência disso, Zerbe diz que a morte de Cristo, segundo Barth, não é exatamente uma expiação da segunda pessoa da Divindade pelo pecado do mundo, mas “uma mensagem de Deus para o homem, na verdade a mensagem final; a negação fundamental; o julgamento de todas as possibilidades humanas, especialmente a religiosa”. Mas, embora seja verdade que na teologia bartiana o Mediador é primariamente o Revelador, não significa que ela não faz justiça à Sua obra sacrificial e expiatória. Em sua Doutrina da Obra de Cristo (The Doctrine of the Work of Christ), Sydney cave chega a dizer: “para Barth, a cruz é central na mensagem cristã. ‘Tudo resplandece à luz da Sua morte, e por esta é iluminado’”. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.355)

O OFÍCIO SACERDOTAL

A. A Idéia Bíblica de Um Sacerdote. 1. OS TERMOS EMPREGADOS NA ESCRITURA. A palavra veterotestamentária para sacerdote é quase sem exceção kohen. As únicas exceções acham-se em passagens que se referem a sacerdotes idólatras, 2 Rs 23.5; Os 10.5; Sf 1.4, onde se encontra a palavra chemarim. O significado original de kohen é incerto. Não é impossível que nos primeiros tempos indicasse um funcionário civil bem como um servidor eclesiástico, cf. 1 Rs 4.5; 2 Sm 8.18; 20.26. É evidente que a palavra sempre indicava alguém que ocupava posição honrosa e de responsabilidade, e que estava revestido de autoridade sobre outros; e ainda que, quase sem exceção, serve para designar um oficial eclesiástico. A palavra neotestamentária para sacerdote é hiereus, que, ao que parece, indicava originariamente “um ser poderoso” e, mais tarde, “uma pessoa sagrada”, “uma pessoa dedicada a Deus”. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.356)

A DISTINÇÃO ENTRE UM PROFETA E UM SACERDOTE

A Bíblia faz ampla, mas importante, distinção entre profeta e sacerdote. Ambos receberam de Deus o seu encargo, Dt 18.18, 19; Hb 5.4. mas o profeta foi nomeado para ser representante de Deus junto ao povo, para ser Seu mensageiro e para interpretar a Sua vontade. Era primeiramente um mestre religiosos. Por outro lado, o sacerdote era representante do homem junto a Deus. Tinha o especial privilégio de aproximar-se de Deus, e de falar e agir em favor do povo. É verdade que, na antiga dispensação, os sacerdotes também eram mestres, mas o seu ensino diferia do ensino dos profetas. Ao passo que estes acentuavam os deveres, responsabilidades e privilégios morais e espirituais, aqueles salientavam as observâncias rituais envolvidas num adequado acesso a Deus. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.356)

A DISTINÇÃO ENTRE UM PROFETA E UM SACERDOTE

A Bíblia faz ampla, mas importante, distinção entre profeta e sacerdote. Ambos receberam de Deus o seu encargo, Dt 18.18, 19; Hb 5.4. mas o profeta foi nomeado para ser representante de Deus junto ao povo, para ser Seu mensageiro e para interpretar a Sua vontade. Era primeiramente um mestre religiosos. Por outro lado, o sacerdote era representante do homem junto a Deus. Tinha o especial privilégio de aproximar-se de Deus, e de falar e agir em favor do povo. É verdade que, na antiga dispensação, os sacerdotes também eram mestres, mas o seu ensino diferia do ensino dos profetas. Ao passo que estes acentuavam os deveres, responsabilidades e privilégios morais e espirituais, aqueles salientavam as observâncias rituais envolvidas num adequado acesso a Deus. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.356)

AS FUNÇÕES DO SACERDOTE, NOS TERMOS INDICADOS NA ESCRITURA

A passagem clássica na qual são dadas as verdadeiras características do sacerdote e na qual sua obra é em parte designada, é Hb 5.1. Estão indicados ali os seguintes elementos: (a) o sacerdote é tomado dentre os homens para ser o seu representante; (b) é constituído por Deus, cf. o versículo 4; (c) age no interesse dos homens nas coisas pertencentes a Deus, isto é, nas coisas religiosas; (d) sua obra especial consiste em oferecer dádivas e sacrifícios pelos pecados. Mas a obra do sacerdote incluía ainda mais que isso. Ele também fazia intercessão pelo povo (Hb 7.25) e os abençoava em nome de Deus, Lv 9.22. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.356)

PROVAS BÍBLICAS DO OFICIO SACERDOTAL DE CRISTO

O Velho testamento prediz e prefigura o sacerdócio do redentor vindouro. Há claras referencias a isto em Sl 110.4 e Zc 6.13. Além disso, o sacerdócio do Velho Testamento, e particularmente o sumo sacerdote, claramente prefiguram um Messias sacerdotal. No Novo Testamento há somente um único livro em que ele é chamado sacerdote, qual seja, a Epistola aos Hebreus, mas ali o nome é repetidamente aplicado a Ele, 3.1; 4.14; 5.5; 6.20; 7.26; 8.1. Ao mesmo tempo, muitos outros livros do Novo Testamento se referem à obra sacerdotal de Cristo, como veremos na discussão deste assunto. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.357)

A OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO

A obra sacrificial de Cristo foi dupla, de acordo com a escritura. Sua tarefa máxima foi a de oferecer um sacrifício todo-suficiente pelo pecado do mundo. Era próprio do oficio de sacerdote apresentar oferendas e oferecer sacrifícios pelo pecado. 1. A IDÉIA SACRIFICIAL NA ESCRITURA. A idéia sacrificial ocupa lugar muito importante na Escritura. Foram sugeridas várias teorias quanto à origem e desenvolvimento desta idéia. As mais importantes são as seguintes: a. A teoria do presente, que sustenta que, originariamente, os sacrifícios eram dádivas à divindade, dadas com a intenção de estabelecer boas relações e de garantir favores. Isto se baseia numa concepção extremamente grosseira de Deus, em completa desarmonia com a descrição escriturística de Deus. Ademais, não explica por que a dádiva sempre devia ser apresentada na forma de um animal imolado. A Bíblia fala de dons ou presentes oferecidos a Deus (Hb 5.1), mas unicamente como expressões de gratidão, e não com o propósito de pedir o favor de Deus. b. A teoria da comunhão sacramental, baseada na idéia totêmica de reverenciar um animal que supostamente compartilhava a natureza divina. Em ocasiões solenes, um animal assim considerado era morto para servir de comida para o homem, que, deste modo, comia literalmente o seu Deus e assimilava as qualidades divinas. Todavia, não há absolutamente nada no Livro de Gênesis que insinue uma idéia tão completamente anti-espiritual e tão crassamente material. Difere totalmente da exposição global da Bíblia. Não significativa, é certo, que alguns pagãos não possam ter defendido essa idéia mais tarde, mas significa, sim, que não existe base nenhuma para considerar isso como sendo a idéia original. c. A teoria da homenagem, segundo a qual os sacrifícios eram originalmente expressões de homenagem e dependência. O homem foi instigado a procurar mais íntima comunhão com Deus, não por um senso de culpa, mas por um sentimento de dependência e por um desejo de prestar homenagem a Deus. Esta teoria não faz justiça aos fatos, no caso de sacrifícios primitivos como os de Noé e Jó; nem tampouco explica por que esta homenagem devia se prestada imolando-se um animal. d. A teoria do símbolo, que considera as ofertas como símbolos da restaurada comunhão com Deus. A morte do animal tinha lugar somente para garantir a obtenção de sangue que, como símbolo da vida, era apresentado sobre o altar, significando comunhão de vida com Deus (Keil). Esta teoria certamente não se enquadra nos fatos, no caso dos sacrifícios de Noé e Jó, nem nos fatos relacionados com o sacrifício de Abraão, quando colocou Isaque sobre o altar. Tampouco explica por que, em épocas mais recentes, tanta importância foi dada à imolação do animal. e. A teoria piacular,* que considera os sacrifícios como sendo originariamente expiatórios ou reparatórios. Nesta teoria, a idéia fundamental presente na imolação do animal era a expiação vicária pelos pecados do ofertante. À luz da Escritura, esta teoria merece preferência. A idéia de que, sejam quais forem os outros elementos presentes, como uma expressão de gratidão a Deus ou de comunhão com Ele, o elemento piacular também estava presente, sendo mesmo o elemento mais proeminente, é favorecida pelas seguintes considerações: (a) O efeito das ofertas queimadas de Noé foi expiatório, Gn 8.21. (b) O que deu ocasião ao sacrifício oferecido por Jó foram os pecados dos seus filhos, Jó 1.5. (c) Esta teoria explica o fato de que os sacrifícios eram normalmente apresentados na forma de animais imolados, e de que os sacrifícios eram cruentos, envolvendo o sofrimento e a morte da vítima. (d) está em plena harmonia com o fato de que os sacrifícios que prevaleciam entre as nações pagãs em geral, certamente eram considerados como expiatórios. (e) Ademais, está em perfeito acordo com a indubitável presença, no período pré-mosaico, de várias promessas do redentor por vir. Devem ter isto em mente os que consideram a idéia piacular dos sacrifícios como demasiadamente avançada para aquela época. (f) Finalmente, ela também se ajusta bem ao fato de que, quando foi introduzido o ritual sacrificial mosaico, no qual o elemento expiatório era por certo o mais proeminente, de maneira nenhuma este elemento foi apresentado como uma coisa inteiramente nova. Entre os que acreditam que o elemento piacular estava presente mesmo nos sacrifícios pré-mosaicos, há diferença de opinião quanto à origem deste tipo de sacrifício. Alguns são de opinião que Deus os instituiu por uma ordem direta, enquanto outros afirmam que eles foram apresentados em obediência a um impulso natural do homem, aliado à reflexão. A Bíblia não registra nenhuma declaração especial no sentido de que Deus tivesse ordenado ao homem que O servisse com sacrifícios naqueles dias primitivos. E não é impossível que o homem expressasse a sua gratidão e a sua devoção com sacrifícios, mesmo antes da Queda, levado por estímulos internos da sua própria natureza. Mas a impressão que se tem é que os sacrifícios expiatórios após a Queda só podem ter-se originado de uma determinação divina. Há considerável fora nos argumentos do dr. A. A. Hodge. Diz ele: “(1) É inconcebível que a propriedade ou a provável utilidade de apresentar presentes materiais ao Deus invisível, e especialmente de tentar fazer propiciação a Deus pela matança de Suas criaturas irracionais, ocorresse alguma vez à mente humana com uma inspiração espontânea. Todos os sentimentos instintivos e todas as pressuposições da razão teriam que aparecer, em primeira instância, para excluí-las. (2) Na hipótese de que Deus quisesse salvar os homens, é inconcebível que Ele os deixasse sem instruções sobre uma questão de tão vital importância como a que se refere aos meios pelos quais eles poderiam chegar à Sua presença e granjear o Seu favor. (3) É característico de todas as auto-revelações de Deus, em qualquer dispensação, que Ele se manifesta zeloso quanto a qualquer uso que o homem faça de métodos não autorizados de culto ou serviço. Ele insiste uniformente neste exato ponto do Seu soberano direito de ditar métodos de culto e serviço, bem como os termos de sua aceitação. (4) De fato, o primeiro exemplo registrado de culto aceitável, na família de Adão, apresenta-nos sacrifícios cruentos e os sela com a aprovação divina. Eles aparecem no primeiro ato de culto, Gn 4.3, 4. São enfaticamente aprovados por Deus, tão logo aparecem”. Os sacrifícios mosaicos foram claramente determinados por Deus. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.359)

A OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO SIMBOLIZADA E TIPIFICADA

A obra sacrificial de Cristo foi simbolizada e tipificada pelos sacrifícios mosaicos. Em conexão com estes sacrifícios, os seguintes pontos merecem atenção: a. Sua natureza expiatória e vicária. Várias interpretações foram dadas aos sacrifícios do Velho Testamento: (1) que eram presentes para agradar a Deus, para expressar gratidão a Ele, ou para aplacar a Sua ira; (2) que eram refeições essencialmente sacrifíciais, simbolizando a comunhão do homem com Deus; (3) que eram meios determinados por Deus pelos quais se confessava a odiosidade do pecado; ou (4) que, na medida em que incorporavam a idéia de substituição, eram apenas expressões simbólicas do fato de que Deus aceita o pecador, em lugar da obediência fatual, no sacrifício que expressa o seu desejo de obedecer e a sua anelante esperança de salvação. Contudo, a Escritura testifica o fato de que todos os sacrifícios de animais em Israel foram piaculares, embora esta qualidade não seja igualmente proeminente em todos eles. Era mais proeminente nas ofertas pelo pecado e pelas transgressões, menos proeminente nas ofertas queimadas, e ainda menos evidente nas ofertas pacíficas. A presença desse elemento naqueles sacrifícios transparece (1) nas claras afirmações de Lv 1.4; 4.29, 31, 35; 5.10; 16.7; 17.11. (2) na imposição das mãos que, apesar da asserção de Cave em contrário, certamente servia para simbolizar a transferência do pecado e da culpa, Lv 1.4; 16.21, 22; (3) na aspersão do sangue no altar e no assento da misericórdia (propiciatório) como uma cobertura para o pecado, Lv 16.27; e (4) no efeito repetidamente registrado dos sacrifícios, qual seja, o perdão dos pecados do ofertante, Lv 4.26, 31, 35. Seria fácil acrescentar provas do Novo Testamento, mas estas bastam. b. Sua natureza típico-profética. Os sacrifícios não tinham apenas significação cerimonial e simbólica, mas também espiritual e típica. Eram de caráter profético, e representavam o Evangelho na Lei. Foram destinados a prefigurar os sofrimentos vicários de Jesus Cristo e sua morte expiatória. A conexão entre eles e Cristo já vem indicada no Velho Testamento. No Salmo 40.6-8 o Messias é apresentado como a dizer: “Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado, não os requeres. Então eu disse: Eis aqui estou eu, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei”. Nestas palavras, o Messias substitui os sacrifícios do Velho Testamento pelo Seu grande sacrifício. Vão-se as sombras quando chega a realidade que elas fracamente projetam, Hb 10.5-9. No Novo Testamento há numerosas indicações de que os sacrifícios mosaicos eram típicos do superior sacrifício de Jesus Cristo. Há claras indicações, e até afirmações expressas, no sentido de que os sacrifícios do Velho Testamento prefiguravam Cristo e Sua obra, Cl 2.17, onde é evidente que o apostolo tem em mente todo o sistema mosaico; Hb 9.23, 24; 10.1; 13.11, 12. Varias passagens ensinam que Cristo realizou pelos pecadores, num sentido mais elevado, o que se dizia que os sacrifícios do Velho Testamento efetuavam por aqueles que os ofereciam, e que Ele o fez de maneira semelhante, 2 Co 5.21; Gl 3.13; 1 Jo 1.7. Ele é chamado “o Cordeiro de Deus”, Jo 1.29, evidentemente em vista de Is 53 e do cordeiro pascal, “Cordeiro sem defeito e sem macula”, 1 Pe 1.19, e mesmo “nossa Pascual”, ou “nossos Cordeiro pascal”, que foi imolado por nós, 1 Co 5.7. E por que os sacrifícios mosaicos eram típicos, naturalmente lançam alguma luz sobre a natureza do grande sacrifício expiatório de Jesus Cristo. Muitíssimos estudiosos, sob a influencia da escola de Graf-Wellhausen, negam o caráter penal e substitutivo dos sacrifícios do Velho Testamento, embora alguns deles estejam dispostos a admitir que esse caráter às vezes lhes era atribuído durante o período do Velho Testamento, se bem que em data relativamente tardia e sem suficiente comprovação. c. Seu propósito. Em vista do precedente, pode-se dizer que os sacrifícios do Velho Testamento tinham duplo propósito. No que interessava à relação teocrática, pactual, eles foram ordenados como meios pelos quais o ofensor podia ser restaurado à posição e aos privilégios externos, desfrutados em sua condição de membro da teocracia, a que ele tinha perdido o direito por negligencia e transgressão. Como tais, eles cumpriam o seu propósito, independentemente da disposição e do espírito com que foram apresentados. Contudo, em si mesmo não eram eficazes para expiar transgressões morais. Não constituíam o sacrifício real que poderia expiar a culpa moral e remover a corrupção moral, mas eram somente sombras da realidade por vir. Falando do tabernáculo, diz o escritos de Hebreus: “É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem assim dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto”, Hb 9.9.No capitulo seguinte, ele mostra que aqueles sacrifícios não podem tornar perfeitos os ofertantes, 10.1, e não podem remover pecados, 10.4. Do ponto de vista espiritual, eles eram tipos dos sofrimentos e morte vicários de Cristo,e só obtinham perdão e aceitação de Deus quando eram oferecidos com verdadeiro arrependimento, e com fé no método de salvação usado por Deus. Só tinham significação salvadora na medida em que levaram a atenção do israelita a fixar-se no Redentor vindouro e na redenção prometida. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.360)

PROVAS BÍBLICAS DA OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO

O notável nas descrições bíblicas da obra sacerdotal de Cristo é que Cristo aparece nelas como sacerdote e como sacrifício. Acha-se isto em perfeita harmonia com a realidade que vemos em Cristo. No Velho Testamento os dois estavam necessariamente separados, dado que esses tipos eram imperfeitos. A obra sacerdotal de Cristo é exposta com maior clareza na Epístola aos hebreus, onde o mediador é descrito como o nosso único verdadeiro, eterno e perfeito sumo sacerdote, constituído por Deus, que assume vicariamente o nosso lugar e, pelo sacrifício de Si mesmo, obtém uma real e perfeita redenção, Hb 5.1-10; 7.1-28; 9.11-15, 24-28; 10.11-14, 19-22; 12.24, particularmente os seguintes versículos: 5.5; 7.26; 9.14. Esta epístola é a única em que Cristo é chamado sacerdote, mas a Sua obra sacerdotal também é claramente apresentada nas epistolas de Paulo, Rm 3.24, 25; 5.6-8; 1 Co 5.7; 15.3; Ef 5.2. A mesma apresentação se vê nos escritos de João, Jo 1.29; 3.14, 15; 1 Jo 2.2; 4.10. O símbolo da serpente de bronze é significativo. Como a serpente de bronze mesma não era venenosa, mas, contudo, representava a encarnação do pecado, assim Cristo, Aquele que é sem pecado, foi feito pecado por nós. Como o levantamento s da serpente significou a remoção da praga, assim o levantamento de Cristo na cruz efetuou a remoção do pecado. E como o olhar do crente para a serpente trazia a cura, assim a fé em Cristo cura e salva a alma. A apresentação que Pedro, 1 Pe 2.24; 3.18, e o próprio Cristo fazem, Mc 10.45, corresponde ao acima exposto. O Senhor nos diz com toda a clareza que os Seus sofrimentos foram vicários. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.361)

A OBRA SACERDOTAL DE CRISTO SEGUNDO A TEOLOGIA MODERNISTA

Como foi dito no capítulo anterior, a doutrina dos ofícios de Cristo não encontra muito apoio na teologia dos nossos dias. Na verdade, é geralmente notável por sua ausência. Dificilmente se pode negar que a Bíblia fala de Cristo como profeta, sacerdote e rei, mas comumente se afirma que esses termos, no sentido em que são aplicados a Cristo, são apenas outras tantas descrições figuradas dos diferentes aspectos da obra realizada por Cristo. Cristo não é tido como verdadeiro sacerdote e verdadeiro rei. E se se faz sobressair algum dos aspectos da obra de Cristo, como sendo o preeminente, é o aspecto profético, e não o sacerdotal. O espírito modernista é completamente avesso ao Cristo oficial e, conquanto possa morrer de amores pelo Jesus que se nega a Si mesmo e que se sacrifica recusa-se peremptoriamente a reconhecer o Seu sacerdócio oficial. Em vista disso, deve-se salientar desde o inicio que, de acordo com a escritura, Jesus é um verdadeiro sacerdote. Contrariamente aos sacerdotes do velho Testamento, que não passavam de sombras e tipos, ele pode ser chamado o único sacerdote verdadeiro. Foi revelado entre os homens como a verdade, isto é, como a realidade de todas as sombras do Velho Testamento, e, portanto, também do sacerdócio do Velho testamento. O capítulo sete da Epistola aos Hebreus acentua o fato de que o Seu sacerdócio é imensamente superior ao de Arão. Conseqüentemente, é um triste engano supor que Ele só é sacerdote num sentido figurado, no sentido em que se devotam à literatura e à arte às vezes são chamados sacerdotes. Alem disso, é fazer uso incerto da palavra “sacerdote”, uso inteiramente alheio à escritura. Quando Jeová jurou, “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”, fez do Messias um verdadeiro sacerdote. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.361)

CAUSA E NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO

A grande e central parte da obra sacerdotal de Cristo jaz na expiação, mas esta, naturalmente, não é completa sem a intercessão. Sua obra sacrificial na terra requer o Seu serviço na santuário celestial. Ambas são partes complementares da tarefa sacerdotal do Salvador. Este capítulo e os três subseqüentes serão dedicados à discussão da doutrina da expiação, às vezes chamada “coração do Evangelho”. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.362)

A CAUSA MOTORA DA EXPIAÇÃO

Ela se acha: 1. NO BENEPLÁCITO DE DEUS. Às vezes ela é descrita como se a causa motora da expiação estivesse no amor compassivo de Cristo pelos pecadores. Ele era tão bondoso e tão cheio de amor que a simples idéia de que os pecadores poderiam perder-se para sempre Lhe causava aversão. Daí, Ele se ofereceu como vitima no lugar deles, cumpriu a pena dando a Sua vida pelos transgressores e assim, pacificou um Deus irado. Nalguns casos, este conceito incita os homens a elogiarem Cristo por Seu sacrifício supremo, mas, ao mesmo tempo, a censurar a Deus por exigir e aceitar tal preço. Noutros casos, simplesmente leva os homens a deixar Deus de lado e a entoar louvores a Cristo em termos imoderados. Certamente que tal descrição está completamente errada, e com freqüência dá aos oponentes da doutrina da expiação pessoal e substitutiva ocasião para dizerem que esta doutrina pressupõe uma cisão na vida trinitária de Deus. Segundo este conceito, aparentemente Cristo recebe o que Lhe é devido, mas Deus fica privado da honra que Lhe cabe. De acordo com a escritura, a causa motora da expiação se acha no beneplácito, desta boa vontade de Deus. Foi predito que Ele viria ao mundo para cumprir a vontade de Deus, “... e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos”, Is 53.10. Por ocasião do Seu nascimento, os anjos cantaram: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”, Lc 2.14. A gloriosa mensagem de Jo 3.16 é que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Diz Paulo que Cristo “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai”, Gl 1.4. E ainda, “aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude, e que, havendo feito a paz pelo seu sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra, quer nos céus”, Cl 1.19, 20. Não seria difícil acrescentar outras passagens similares. 2. NÃO NA VONTADE ARBITRÁRIA DE DEUS. Pode-se levantar a questão sobre se este beneplácito, esta boa vontade, deve ser considerado como uma vontade arbitrária, ou como uma vontade arraigada na própria natureza de Deus e em completa harmonia coma perfeições divinas. Duns Scotus a descreveu como se ela fosse apenas uma expressão arbitrária da soberania de Deus. Mas está em maior harmonia coma Escritura dizer que a boa vontade de Deus, de salvar os pecadores com uma expiação substitutiva, estava alicerçada no amor e na justiça de Deus. Foi o amor de Deus que providenciou um meio de livramento para os pecadores perdidos, Jo 3.16. E foi a justiça de Deus que exigiu que esse meio fosse de tal natureza que satisfizesse as exigências da lei, para que Deus fosse “justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”, Rm 3.26. Em Rm 3.24, 25 encontramos os dois elementos juntos: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus; a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. Esta descrição nos livra da idéia de uma vontade arbitrária. 3. NO AMOR E NA JUSTIÇA COMBINADOS. É necessário evitar toda a qualquer unilateralidade nesta questão. Se dissermos que a expiação se funda somente na retidão e na justiça de Deus como causa motora da expiação, e daremos pretexto àqueles inimigos da teoria a satisfação, quanto à expiação, que gostam de descrevê-la como se implicasse que Deus é um ser vingativo, interessado unicamente em Sua honra. Se, por outro lado, consideráramos a expiação como pura expressão do amor de Deus, não faremos justiça à retidão e à veracidade de Deus, e reduziremos os sofrimentos e a morte de Cristo a um enigma inexplicável. O fato de que Deus entregou o Seu Filho unigênito a amargos sofrimentos e a uma morte ignominiosa não pode ser explicado somente com base no princípio do Seu amor. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.363)
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