quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A IGREJA É UMA COLONIA DOS CEUS NA TERRA

“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,” Fl 3:20 Colônia - Conjunto dos indivíduos da mesma nacionalidade que se estabelecem em país estrangeiro: Ex. Colônia Portuguesa no Brasil O homem foi criado por Deus para o louvor da Sua gloria, mais com a desobediência no Éden ele deixa de ser cidadão de Deus e passa a ser do mundo A Biblia diz: “todos pecaram e destituídos estão da gloria de Deus” Rm 3:23 Más Deus em sua infinita misericórdia e em sua eterna longanimidade utiliza de vários artifícios para aproximar novamente o homem Dele, ao ponto de enviar seu único filho por amor a este homem que se encontrava como cidadão do mundo . Esta ação de Deus está sendo um processo continuo por isso se fez necessário nascer a COLONIA DOS CEUS NA TERRA, e Jesus começa a recrutar os que se haviam perdido e povoando esta colônia criada pelo próprio Deus, então apartir daí nasce uma grande oposição do mundo contra esta colônia, inclusive infiltrando muitos agentes deles nela. É por isso que há perseguições aos que tomam decisão por Jesus Muitas guerras são travadas nesta caminhada para a nossa verdadeira pátria, e nestas guerras acontecem ataques nas áreas que mais temos apreço Finanças – relacionamentos – saúde – emoções etc “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia”. Jo. 15:19 Muitos sabendo desta colônia criada por Deus aqui na terra, preferem depositar mais amor ao mundo, porque o mundo proporciona prazeres que jamais encontrarão na COLONIA DOS CEUS NA TERRA, (estes são os indecisos ou os inconscientes de conveniência) . Outros preferem não acreditar na existência dessa colônia que está sendo preparada para retornar à sua pátria de origem. (Estes estão diante do Senhor em melhores condições [frios], do que os indecisos e ou inconscientes [mornos], mesmo nenhum deles sendo participantes desta seleta colônia. “Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” Mt 6:20 TODO NOSSO INVESTIMENTO TEM QUE SER EM FAVOR DA NOSSA PATRIA Somos cidadãos do céu, vivemos o Reino de Deus aqui na terra, não somos deste mundo. NOSSA PATRIA TEM UM REINO, UM GOVERNO A BIBLIA SAGRADA é a nossa constituição, Jesus é nosso Rei, somos meros peregrinos nesta terra. O reino de Deus é, acima de tudo, o governo e autoridade e soberania de Deus e possui dois aspectos: presente e futuro. Hoje - Já podemos vivenciar e gozar as bênçãos do reino futuro, não exaustivamente, mas verdadeiramente, pois a morte e ressurreição de Cristo tornaram inoperantes a trindade do abismo – Satanás, pecado e morte. Futuro - O reino de Deus em plenitude pertence à era por vir que se inicia com a parúsia e a ressurreição dos mortos. Hoje vivemos na colônia dos Céus na terra para no futuro entrarmos em nossa verdadeira pátria, a Nova Jerusalém, a nossa pátria celestial. Todo nosso futuro vai depender do que fazemos no presente Fonte:http://montesinai2007.blogspot.com.br/2012/09/a-igreja-e-uma-colonia-dos-ceus-na-terra.html

Associação da imagem de líderes à igrejas pentecostais leva à “descaracterização cristã”

Pesquisador afirma que associação da imagem de líderes à igrejas pentecostais leva à “descaracterização cristã” Pesquisadora de movimentos religiosos dos Estados Unidos, Margaret Singer declara que a força de uma organização está em seu fundador. Outros pesquisadores norte-americanos, como Rick A. Ross e Michael Green, são unânimes em associar o crescimento das corporações religiosas ao forte apelo de suas lideranças. Carisma, capacidade de comunicação e persuasão, são algumas das características de um líder de uma seita, apontadas pelos pesquisadores. A comparação – feita por Singer e seguida por Ross e Green – acontece em meio a um país cuja história é marcada pela presença de movimentos religiosos de ambições universais, cujos líderes exercem forte influência sobre seus seguidores. Mitt Romney é um exemplo de associação política – religiosa. Caso eleito, Romney será o primeiro presidente mórmon dos Estados Unidos. No mundo árabe, onde política e religião mesclam-se, religiosos, políticos e mártires são expostos em grandes outdoors, como forma de inspiração e reverência. No universo pentecostal e neopentecostal brasileiro há algo semelhante em desenvolvimento desde fins da década de 70, com o surgimento da Igreja Universal do Reino de Deus. Se bem que em algumas igrejas pentecostais anteriores a década de 70, como, por exemplo, na Igreja Pentecostal Deus é Amor, é com a IURD que a imagem do líder e fundador começa a ser usada como forma de identificação do grupo religioso. Com a presença nos meios de comunicação, começando na extinta TV Tupy, a imagem de Edir Macedo começa a ser associada à IURD, possibilitando o acesso de novos adeptos. Estratégia seguida e adaptada pelos movimentos posteriores à Igreja Universal, como pela Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja Mundial do Poder de Deus, e, mais recentemente, pela Igreja Mundial Renovada. Enquanto na IURD não há uma preocupação em estampar em suas sedes e filiais o nome e imagem do fundador – embora a associação tenha se estabelecido de outras maneiras, como pelo lançamento da recente biografia de Edir Macedo, Nada a Perder -, nas demais igrejas neopentecostais a definição proposta por Singer ganha forma e dimensão. Amparadas nos programas televisivos, a imagem de R. R. Soares, Valdomiro Santiago e Roberto Damásio são reproduzidas nas fachadas e banners de suas denominações. O objetivo, como nos movimentos destrutivos, é a perpetuação da imagem e influência do líder máximo. Outra estratégia é a imitação da entonação da voz, gestos e vestimentas dos fundadores, usada nas filiais pelos representantes hierárquicos. Na Igreja Pentecostal Deus é Amor, Comunidade Cristã Paz e Vida e grupos minoritários há algo semelhante ao que ocorre nas igrejas neopentecostais. Na IPDA, por exemplo, passado o Jubileu de Ouro, as placas das filiais estão sendo substituídas por outras mais modernas, com a imagem de David Miranda e sua coleção particular de cadeira de rodas e muletas – frutos de suas campanhas “milagrosas” na sede mundial e em cruzadas evangelísticas pelo mundo. Na Paz e Vida o Pr. Juanribe Palharim também ocupa posição de destaque como fundador e presidente, e sua imagem é veiculada no site e fachadas das filiais. Outras denominações não alinhadas com os grupos neopentecostais, como a Assembleia de Deus de Belém do Pará traz como principal referência à ideia de que é a “Igreja Mãe”. Nos meios de comunicação e filiais da AD Belém, o Pr. Samuel Câmara também aparece em destaque e o principal motivo é a disputa pelo comando da CGADB. Problemas O principal problema com relação à associação da imagem de um líder com uma igreja que tenha fundado ou exerce autoridade é a perpetuação no poder, ou seja, o coronelismo evangélico. O nepotismo religioso ocorre com mais frequência em grupos cujos líderes exercem poder absoluto sobre os membros, e cuja excessiva veiculação de imagem pode ocasionar a descaracterização cristã da denominação. A mudança na Assembleia de Deus da Penha (RJ) para Assembleia de Deus Vitória em Cristo é um claro exemplo de descaracterização. Ao associar a imagem do fundador do Ministério Vitória em Cristo, o Pr. Silas Malafaia, com a denominação da qual passou a ser o presidente, a AD da Penha perdeu parte de sua identidade. Por Tiago Chagas, para o Gospel+ Fonte:http://montesinai2007.blogspot.com.br/2012/09/pesquisador-afirma-que-associacao-da.html

Reforma Protestante e a Igreja de Hoje

POR KENNETH WIESKE Em 31 de outubro de 1517 o monge Martinho Lutero que era Doutor e Professor na Universidade de Witemberg, na Alemanha, afixou uma lista de 95 teses na porta da Igreja com o propósito de serem analisadas e discutidas. Isso trouxe uma grande reação no mundo eclesiástico da época e deflagrou a Reforma Protestante do século XVI. O que foi a Reforma Protestante? O que ela significa? Até os não religiosos têm conhecimento do fato, visto que trouxe grande influência não só na Europa, mas em todo mundo. A Reforma significa que a Igreja passou por uma restauração onde o clímax foi o retorno à Palavra de Deus. Podemos dizer que o ponto alto da Reforma foi o retroceder de uma igreja desviada da Palavra de Deus para os caminhos da verdade. Não foi algo semelhante a uma simples reforma de uma casa. Não foi também uma simples mudança estética ou a introdução de algumas novidades porque a Igreja precisava de coisas mais atuais. Muitos entendem “Igreja reformada, sempre reformando” como a introdução de novidades, inovações, na vida da Igreja. A Reforma foi uma volta à Palavra de Deus. Na essência não somos Luteranos, não temos oficialmente um nome de um homem – Calvinista – apesar da grandeza de Calvino, mas somos Reformados. Por quê? Porque somos a igreja de Cristo, a noiva de Cristo, a Igreja que sempre existiu e existirá. Somos uma Igreja que experimentou o processo de voltar à Palavra de Deus. Somos a Igreja Católica que significa universal, a Igreja de Cristo em todo mundo. É uma Igreja que se livrou das doutrinas e acréscimos dos homens e voltou para a Palavra de Deus. Temos vários nomes: Igrejas Presbiterianas, Igrejas Reformadas... As igrejas Presbiterianas vieram da Escócia e Inglaterra, enquanto que as Reformadas vieram da Europa Continental como Holanda, Suíça, etc. As Igrejas Presbiterianas não têm um nome de um homem, como dissemos acima (por exemplo, “calvinistas”), mas este nome foi tirado do seu sistema de governo e isso é até uma confissão de fé. É Presbiteriana porque não é uma Igreja hierárquica, episcopal, papal, onde existe um papa que manda em tudo. A Igreja Presbiteriana é uma Igreja que voltou para a Palavra de Deus; tem a doutrina Reformada, sua Confissão é Reformada e seu sistema de governo é bíblico. As autoridades locais são os presbíteros que governam e não há forte distinção entre pastores e presbíteros, pois todos são presbíteros: os docentes e os regentes. Esta Igreja enfatiza o governo exercido por presbíteros e não por um “papa”. Mas é vergonhoso existirem Igrejas Presbiterianas que não estão praticando o que o nome diz (Presbiterianismo) e estão colocando novamente um tipo de “papa” (um homem só) que está mandando em toda a Igreja. Hoje existem muitas Igrejas Presbiterianas liberais, que têm se voltado para uma hierarquia episcopal, papal. Não estão respeitando suas raízes. É claro que existem também Confederações de Igrejas Reformadas que estão desviadas da verdade e são liberais. Como era a situação há 500 anos? Era uma situação terrível e triste porque o homem vivia sob o medo; só conseguia ver um Deus irado, enraivecido, que ditava castigos e julgamentos sobre a terra. Já no século XIV houve a peste bubônica que matou dezenas de milhares de pessoas e até o século XVI, milhares de pessoas passaram por muitos sofrimentos, aflições, catástrofes. A igreja se aproveitou disso para ensinar sobre um Deus carrasco que, irado, bradava com o povo exigindo arrependimento. Mas o povo não tinha a Bíblia para entender quem é Deus e como Ele se revela na Sua Palavra. O povo só tinha o que o padre dizia em latim, na missa (um ritual apenas). Isso levou as pessoas a ficarem ignorantes da Palavra e a consequência foi um povo extremamente supersticioso, vivendo numa atmosfera de medo, onde havia muitas referências de ameaças sobre o inferno, purgatório, pecado e a ira grotesca de Deus. As pessoas ficavam tremendo com a visão de um Deus iracundo. Muitas coisas eram vistas como algo demoníaco; viam-se bruxas e vultos em todo lugar. Foi um período de muita superstição e não havia a luz da Palavra de Deus. O Salmo 119 se refere à Palavra como uma luz, e essa luz faltava nessa época. Por isso o povo andava nas trevas, obscurecido, confuso, perdido e triste. Sem essa luz, as pessoas não tinham uma regra de fé e prática; não sabiam como fiscalizar o que os padres nas igrejas estavam dizendo. Os padres, bispos, cardeais e o papa podiam inventar qualquer coisa e afirmar que aquilo era o que Deus dizia. Na época, não era só a Palavra de Deus que era autoridade, mas especialmente a tradição da Igreja (Deus falava através da Igreja). Portanto, qualquer coisa que o Papa imaginasse isso era colocada como doutrina. A igreja se aproveitou da situação para roubar o povo. Aproveitou-se do medo para roubar o povo usando como pretexto ensinos como purgatório, inferno, um Deus enraivecido, e, então, os clérigos conclamavam que dessem dinheiro para a Igreja, para Deus, e Ele receberia estas pessoas caridosas. Dessa forma a Igreja conseguiu construir grandes catedrais e os bispos e cardeais ficavam cada vez mais ricos e o povo mais pobre. Foi nesta época que o padre João Tetzel teve uma missão especial. Ele ia por todos os lugares falado “em nome de Deus e do Papa” dizendo: “Venham comprar este pedaço de papel, um documento que garante perdão a todos os seus pecados e, assim, terão acesso ao céu. Além disso, poderão comprá-lo para toda família e para pessoas que até já morreram. Se você gostava muito de seu avô que já morreu, isso poderá livrá-lo do purgatório”. Primeiro ele pregava sobre o purgatório, o inferno e do irmão de alguém que poderia estar sofrendo muito no fogo. Depois ele oferecia este documento chamado de indulgência e num momento, quando a moeda caísse dentro da caixa, a alma dos mortos pularia do purgatório para o céu. Todos queriam comprar este papel de João Tetzel para ter a garantia de que seus pecados e de seus familiares estavam perdoados, inclusive os que já haviam morrido. Assim, depois de receberem o perdão, poderiam viver de qualquer forma, fazendo o que desejavam, porque já haviam comprado o perdão e a salvação. Lutero, vendo isso ficou irado, pois tudo era completamente contrário à Palavra de Deus. A Igreja estava tratando o arrependimento com um ato e não como um estilo de vida. Essa diferença é importante. A Bíblia na época era escrita em latim e o povo não tinha acesso a ela. É verdade que os pastores e pregadores sempre precisaram saber as línguas originais. Por isso os pastores reformados, em todo mundo, estudam as línguas originais para evitar basearem seus estudos apenas numa tradução. Em Mateus 4:17, lemos: “Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”. A expressão “arrependei-vos”, na versão latina (latim), é: “fazei penitência”. Então, a Igreja, sem olhar com cuidado o que isso significava, entendia que os filhos de Deus deveriam fazer alguma coisa (penitência) para cobrir seus pecados. Assim, o arrependimento tornava-se um ato. Você peca e depois faz penitência. Ora o Pai Nosso, reza a Ave Maria, dá algum dinheiro, faz caridade ou outras coisas semelhantes. Mas, Lutero tomou a Bíblia no grego, uma obra do erudito Erasmus de Roterdã, e viu que não era “fazei penitência” e sim “arrependei-vos ou convertei-vos”. O verbo não significa um ato de fazer alguma coisa, mas “humildemente tenha uma mudança de mente e de coração”. Por isso, em suas 95 teses, Lutero colocou como a primeira tese: “Nosso Senhor e mestre Jesus Cristo, em dizendo, arrependei-vos, afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser um ato de arrependimento”. Então, essa mudança de mente e de coração deve se manifestar numa vida de santificação. Isso tinha consequências importantes e práticas. Vejamos o que Lutero estava denunciando no ponto 45 e 46 das suas teses. “Deve ensinar-se aos cristãos: um homem que vê um irmão em necessidade e passa de lado para dar o seu dinheiro para compra dos perdões, merece não a indulgência do Papa, mas a indignação de Deus” (45). As pessoas pensavam que para tirar o pecado e a culpa tinham de fazer alguma coisa para Deus. Diziam: “Se for assim, eu vou dar dinheiro para Deus e receber um documento que me absolve, uma indulgência. Dessa forma posso adquirir perdão e ser santo.” Mas isso não tem sentido! Não podemos ver irmãos necessitados, famintos, em sofrimento, e fazer vista grossa não assistindo o carente, mas em lugar disso, vamos comprar nosso perdão. Ao invés de fazer o que a Bíblia diz, praticar a verdadeira religião que é cuidar dos necessitados, viúvas, órfãos, vamos “comprar” a graça de Deus. Esta é uma falsa doutrina. “Deve-se ensinar aos cristãos que, a não ser que haja grande abundância de bens, são obrigados a guardar o que é necessário para os seus próprios lares e de modo algum gastar seus bens na compra de perdões” (46). Lutero estava condenando aquele pai que, em lugar de suprir seu lar, esposa e filhos, usava o dinheiro para comprar o perdão como se fosse a vontade de Deus ver seus queridos sofrendo, tirando-lhes o pão e comprar da igreja o seu perdão. Isso era terrível. Era uma falsa doutrina. Não era alguma coisa de pouca importância como se apenas fosse um pequeno ensino diferente da Bíblia sem maiores consequências . Ao contrário, devemos dizer que falsa doutrina é um perigo para a Igreja, pois destrói a vida das pessoas. A falsa doutrina é uma força destrutiva. Lutero vendo tudo isso e comparando com a Palavra de Deus concluiu que não deveria ser assim. Ele leu Romanos 1:16-17, e finalmente entendeu sobre a justiça de Deus que nós precisamos para entrar na Sua presença, para termos comunhão com Ele. O Salmo 15 diz: “Quem pode entrar na presença de Deus?”. “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”. A resposta é: Ninguém —se não for completamente santo e limpo. Então, só o homem justo pode ter comunhão com Deus. Mas como adquirir esta justiça que Deus requer? Como conseguir um nível de santidade e perfeição que permite entrar na presença de Deus e viver com Ele para sempre? Lutero, como a maioria da Igreja da época, pensava que era através de fazer coisas; de fazer boas obras, de fazer por onde merecer o favor de Deus e se esforçar para chegar a este nível. Mas ele chegou a terrível conclusão de que era impossível conseguir a perfeição diante de um Deus santíssimo. Cada vez que tentava, via o quanto era um terrível pecador aos olhos deste Deus Santo. Ao ler Romanos 1:16 e 17, Deus abriu seus olhos para que visse claramente que a justiça de Deus é revelada: “...visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho” (Rm1:17) - “é revelada”. Ou seja, que Ele está revelando na Sua Palavra e dizendo: “Minha justiça, que é meu Filho Jesus Cristo, eu a estou revelando”. Este é o dom de Deus que nos é dado como um presente para termos comunhão com Ele; para todos aqueles que, pela fé, vão a Cristo. Lutero, nesta época entendeu estas coisas e afixou suas noventa e cinco teses na porta do Castelo de Witemberg e provocou uma “explosão” no mundo de então. Numa época em que a Igreja e Estado estavam juntos as coisas que aconteciam na Igreja repercutiam em toda sociedade. Este é mais ou menos um resumo do que estava acontecendo naqueles dias. Semelhança com nossos dias. Dr. Sinclair Ferguson, um Doutor e pastor Reformado da Escócia e Estados Unidos, certa vez advertiu à igreja evangélica de hoje de que uma nova escuridão estava caindo sobre nós, uma escuridão semelhante a da Idade Média, sem a luz da Palavra de Deus. Estas trevas estão caindo novamente sobre a Igreja. Ele cita cinco pontos onde os evangélicos de hoje estão caindo no mesmo “buraco negro” da Idade Média. Devemos ver como a chamada igreja evangélica dos nossos dias é semelhante àquela igreja escravizada na escuridão da Idade Média. 1) O arrependimento era visto como um ato desligado da vida de santidade. Na Idade Média o arrependimento era um ato que alguém fazia para conseguir, por merecimento, o perdão de Deus. O ato de fazer alguma coisa e conseguir perdão era algo separado de uma mudança de coração e mente. Naquela época eu podia entrar no lugar onde Tetzel estava “pregando”, estando o meu coração cheio de pecado, mas com meu dinheiro comprar meu perdão e sair interiormente do mesmo modo como entrei: cheio de pecado, porém, agora, com o perdão. Não tinha nada do arrependimento descrito nas Escrituras. Era um simples ato. Podia-se pecar e simplesmente ir ao padre que recomendava algumas práticas, como rezar várias vezes o Pai Nosso e várias Ave Marias, algumas penitências e tudo estava resolvido. Mas, no coração não havia mudança. Hoje, em nossos dias, vemos a mesma coisa, não somente na Igreja Católica Romana, mas nas igrejas chamadas evangélicas. O grande ato de arrependimento, hoje, não é fazer penitências, ou rezar vários Pai Nossos e Ave Marias, ou comprar alguma indulgência como na Idade Média, mas o grande ato é o “aceitar Jesus” quando algum pregador arminiano faz aquele apelo após alguns minutos de pregação. Porque, se alguém aceita a Jesus está fazendo algo semelhante. Sai da igreja como se tivesse conseguido mérito diante de Deus, mesmo estando em pecado, pois esta pessoa, por seu livre arbítrio, “abriu” seu coração e deixou “Jesus entrar”. É algo meritório, pois “eu deixei” o Deus do Universo entrar em meu coração. Ele estava querendo entrar, mas não podia! Este ato torna a pessoa um “crente” e tira dele sua condição de pecado, mas quando ele cai, novamente fica em problemas. Isso era verdadeiro arrependimento? Não. Mas esse pensamento leva muitas pessoas que caíram, dizerem que um dia voltarão e “aceitarão a Jesus” outra vez fazendo um mesmo “ato de penitência” e quando o pecado sair novamente eles se acharão justos diante de Deus. Isso é exatamente a mesma coisa do que acontecia na Idade Média com a compra de indulgências que era vendida pela Igreja Católica. Devemos fazer uma diferença entre a chamada Igreja Católica Romana, que é uma igreja que tem sua sede numa cidade da Itália (Roma), uma igreja Papal, Igreja Romanista, e a Igreja Católica da qual fazemos parte e que significa Universal, a igreja de Cristo espalhada por todo o mundo. Enfatizamos que não há muita diferença entre aquele ato da Idade Média, onde se fazia alguma coisa para se conseguir perdão e o que vemos na igreja de hoje quando é aceito como um ato de arrependimento o “aceitar a Cristo” num apelo feito pelo pregador que escraviza as consciências dos ouvintes com suas ameaças e promessas. Não é por acaso que hoje em dia a mesma coisa que acontecia na Igreja Católica Romana esteja acontecendo nas chamadas igrejas evangélicas. Pois, a igreja de hoje está roubando os pobres fazendo com que as pessoas deixem suas ofertas na igreja em troca de perdão. Muitos perguntam: “Você não quer deixar Deus entrar em sua vida? Você não tem fé? Abra sua carteira e dê do seu dinheiro como um ato de fé”. Então o pai de família toma seu salário de um mês e dá tudo, com a promessa de que receberá a bênção de Deus porque foi ensinado que fez alguma coisa por Deus, um ato merecedor de “bênçãos”. Isso é a mesma coisa da Idade Média. E mesmo que não seja tão evidente, o ato do apelo por decisão nos conduz de volta à ideia indulgente de arrependimento. Assim, o arrependimento não é um ato de mudança de mente e coração realizado por Deus, mas um ato realizado por mim mesmo, com meu esforço, totalmente desvinculado de uma obra regeneradora do Espírito Santo. 2) A voz do Espírito Santo não só é ouvida quando Deus fala através das Escrituras. As igrejas de hoje estão buscando novas revelações do Espírito. Toda vez que falamos que há uma possibilidade do Espírito de Deus falar além das Escrituras, a Bíblia “perde” todo seu valor. Isso aconteceu também na Idade Média. A Bíblia só tinha um valor supersticioso, pois se era usada, não era para levar instrução sobre a obra de Cristo e Sua salvação. Mas apenas se usava um texto de uma forma mágica para tirar “mau olhado”. Hoje se faz a mesma coisa quando vemos nos carros a figura de uma Bíblia aberta para que Deus evite algum acidente ou de alguma ação demoníaca. O mesmo que acontecia na Idade Média está acontecendo nas igrejas ditas evangélicas de hoje, porque a Bíblia não mais é a voz do Espírito Santo, mas Deus pode falar ao homem à parte das Escrituras através de revelações e através da voz direta de Deus. A igreja de hoje não está usando a Bíblia como a única regra de fé e prática, mas está perdida, confusa, nas trevas. Outra consequência deste ponto é que as pessoas não estão dando o valor nem a atenção devidos ao ensino da Palavra de Deus. Na Idade Média não se dava nenhum valor ao ensino da Palavra, mas procurava-se por milagres. Hoje, quando alguém recebe uma revelação extraordinária, todo mundo quer ouvir. Isso é estar no mesmo “buraco negro” da Idade Média. 3) A presença de Deus está nas mãos de um líder, de alguém que tem “poder”. O poder de Deus está nas mãos de um líder, alguém especial, uma pessoa “ungida” que pode comunicar o poder do Espírito através de meios físicos. Na Idade Média essa pessoa era o padre com seu poder místico que podia controlar os mistérios de Deus. Quando ele dava a hóstia, ele estava dando Jesus Cristo e o povo não entendia nada, pois o clérigo falava em latim. Mas o povo pensava que ele podia dar um pouco de Cristo quando colocava a hóstia na boca dos “fiéis” e tirar seus pecados e colocar graça. Hoje vemos o mesmo nas igrejas, na TV, nos cultos de igrejas chamadas evangélicas, onde há um grande líder da igreja que Diz: “Espírito de Deus, vem!”. Vemos isso nos movimentos neo pentecostais e carismáticos, onde até se controla o Espírito. Não há muita diferença da Igreja Católica Romana. 4) A adoração a Deus se tornou um evento para expectadores. A congregação está assistindo a um show, a um espetáculo e não é o corpo de Cristo adorando o Seu cabeça, não é o povo de Deus cultuando ao Senhor com reverência em Espírito e em verdade, mas é um grupo de pessoas que chegam para assistir a um espetáculo. Na Idade Média era o padre com todos os seus rituais mágicos em latim, os grandes corais e orquestras e o povo como expectadores admirando e esperando para receber o poder de Deus. Não é diferente hoje. Vemos tantas pessoas juntas que não têm comunhão e nem unidade entre elas. É como em um teatro ou restaurante onde não se têm laços fraternais entre os espectadores e os clientes. É como se fosse um “self service” onde se vai para tirar algo. Todos estão assistindo ao show, assistindo aos corais e peças teatrais. O povo só faz assistir e aplaudir. 5) O sucesso é aferido por grandes multidões e grandes edifícios. Na concepção de hoje, uma igreja bem sucedida é aquela que se reúne em um grande prédio com vários pastores e repleto de pessoas. Por isso surgiram as mega igrejas com milhares de membros, onde você chega com sua criança e recebe um ticket para colocar o bebê no berçário. São mega igrejas onde a cada mês pessoas entram e saem (desistem). Uma membresia que não é fixa; irmãos que não se incorporaram de fato à igreja. A visão de hoje é de uma grande multidão que lota uma igreja. Isso é sinal de sucesso e o oposto é sinal de decadência. O pastor está falando o que agrada ao povo. Isso não é uma coisa nova e diferente da Idade Média. Naquela época os cardeais estavam preocupados em construir grandes catedrais e para eles isso era a igreja; cheia de riquezas, edifícios e shows espetaculares. As pequenas e humildes comunidades não tinham valor. Hoje as pequenas igrejas não são valorizadas e muitos afirmam que o Espírito Santo não está agindo porque se Ele estivesse no meio delas estas igrejas “explodiriam” e muitas pessoas viriam. Eles afirmam: “Não foram três mil pessoas que se converteram no dia de Pentecostes? Mas se as igrejas ficam pequenas e pobres, obviamente o Espírito não está presente.” Nestes cinco pontos podemos ver a similaridade da igreja desviada de hoje, a falsa igreja, com a Igreja Romana da Idade Média. O que muitas pessoas não entendem é que a Reforma não foi uma divisão entre Catolicismo Romano e Protestantismo. Se perguntarmos a alguém: qual foi a divisão na época da Reforma ou quais os dois grupos que surgiram com a reforma? Todos vão dizer que foram os Católicos Romanos e os Protestantes. Mas não é assim. Na Reforma nós tivemos uma tríade: Igreja Universal (Católica) de Cristo; Igreja Católica Romana e Igreja Anabatista. Temos a Igreja Católica (Universal) que é de todos os tempos e lugares, pois Cristo só tem um corpo, só há uma comunhão, uma unidade num só Espírito, uma só fé, um só Pai de todos nós. Esta igreja reformou-se. Antes desta reforma a igreja estava andando mais e mais no caminho das trevas sem conhecer a luz da Palavra de Deus. Mas na Reforma, a Igreja, pela graça de Deus, voltou para o caminho da Escritura e assim continuava como corpo de Cristo. Não era pensamento dos reformadores sair da Igreja Católica Romana e começar uma nova igreja e chamá-la de Igreja Reformada. Não, eles pensavam na Igreja de Cristo! Mas quando realizaram a Reforma, a Igreja Romana e Papal continuou no seu erro, na falsa doutrina e se manteve fora da Igreja de Cristo. Há três caminhos na Reforma e muitas pessoas confundem as igrejas anabatistas como incluídas na Reforma e com as igrejas Protestantes. No entanto os anabatistas rejeitavam a Igreja Católica Romana. Foi um grupo de pessoas que rejeitou qualquer coisa da Igreja Romana; foi uma hiper-reação contra a Igreja Romana. Não foi uma volta para a Palavra de Deus, enquanto a Reforma Protestante de fato foi. Por isso as Igrejas Reformadas não deixaram de respeitar o valor da Santa Ceia como algo importante, não apenas para lembrar Jesus Cristo e Sua obra, mas porque Ele estava presente espiritualmente nesta ordenança. As Igrejas Reformadas não deixaram de batizar as crianças porque isso é bíblico – elas estão na aliança de Deus. Para as Igrejas Reformadas a circuncisão é agora o batismo. Mas os anabatistas fizeram tudo que puderam contra a Igreja Romana e terminaram negando tudo isso. Hoje, infelizmente, muitas pessoas pensam que anabatistas e reformados não são muito diferentes. Mas espero que depois destes cinco pontos possamos ver que as igrejas anabatistas estão muitas vezes mostrando os mesmos erros manifestados na Igreja Romana da Idade Média. Há, portanto, uma divisão tremenda entre Reformados e Anabatistas e entre Reformados e Católicos Romanos. Não há semelhança entre Anabatistas e Reformados quando se considera a Igreja Romana. Infelizmente, no Brasil, o ensino reformado nunca chegou de forma completa. Durante a ocupação Holandesa e Francesa, sim, mas os portugueses, ao expulsarem os invasores, expulsaram os reformados também, apesar de alguns índios terem se tornando reformados e fugiram para o interior, onde ensinaram o catecismo aos índios e seus filhos, as antigas doutrinas da graça. Os padres católicos chegavam e ensinavam que tudo aquilo era errado e que eles deveriam voltar para a Igreja Romana. Os índios diziam: não! Os padres católicos vendo a fé daqueles índios afirmavam que aqui, no interior do Brasil, estava uma verdadeira Genebra. Mas, há muito que o Brasil não está com o testemunho da Reforma. Não quero generalizar, mas hoje são poucas as igrejas Reformadas neste país. O Brasil precisa de uma reforma, à semelhança da Idade Média onde as pessoas eram completamente ignorantes da graça de Deus. Assim, as pessoas nas igrejas que se dizem evangélicas, estão sofrendo por não conhecer a graça de Deus em Cristo Jesus; não conhecem o nível de certeza do perdão nem a remissão dos seus pecados. Pastores estão dizendo que pessoas que pecam perdem sua salvação, perdem a remissão dos seus pecados e provocam assim o medo, a confusão, asuperstição, e levam as pessoas a fazerem “coisas” para comprar de Deus a Sua graça. Mas a graça é algo dado pelo Senhor e não vendido. Nosso querido Brasil precisa de reforma, de uma volta à Palavra de Deus, às doutrinas da graça. Relembrando estes cinco pontos que abordamos podemos ver que as Igrejas Reformadas são diferentes da Igreja da Idade Média. Verdadeiro arrependimento não é fazer alguma coisa para ganhar o perdão de Deus, mas a Palavra de Deus ensina que o verdadeiro arrependimento é concedido por Deus e manifestado numa vida de santificação. Com o verdadeiro arrependimento vem uma mudança de mente e coração, um desejo forte de viver uma vida que cresce no conhecimento do Senhor e na santificação. Por isso, nas igrejas Reformadas as pessoas não se tornam membros da noite para o dia. Isso não é porque somos cruéis e queremos deixar as pessoas de fora da verdade, mas porque os presbíteros, a liderança, não podem ver o que se passa no coração e por isso precisam de: (1) Que a pessoa confesse a sua fé, que saiba o que a Bíblia diz sobre a redenção realizada por Cristo na cruz e que isto é real na sua vida. Que a pessoa creia que já tem o perdão e vida eterna em Cristo Jesus. (2) Que a pessoa deve estar vivendo de forma consequente e aplicando esta fé em sua vida. Como os presbíteros da igreja podem saber disto? Só após um período de ensino a estas pessoas e uma observação acurada da sua vida prática; elas devem dar mostras de viver o que confessam. Às vezes um congregado poderá passar até mais de um ano sendo instruído e tendo oportunidade de mostrar através de seu testemunho de vida que sua fé não é só de palavras, mas é uma fé consequente que revela uma vida de arrependimento e santificação. Somente as Escrituras são a única regra de fé e prática. Se na igreja, o pastor prega alguma coisa errada, um simples membro pode adverti-lo com amor e dizer que ele está ensinando algo errado. Nesse caso, o pastor deverá reconhecer seu erro e mudar. Não são os presbíteros que mandam, não são os pastores que mandam, não é o Presidente do Supremo Concílio que manda, não é o Papa, nem bispo ou cardeal, mas é a Palavra de Deus; é Jesus falando e o Espírito Santo nos lembrando de Suas palavras. Cristo fala à Sua Igreja pela Palavra (única regra de fé e prática) e não é o pastor que vai criar alguma coisa como mandar as pessoas tomarem um copo de água abençoado por ele, ou que um crente não ande de bicicleta ou de bermuda. Temos muitas igrejas que estão sofrendo porque os pastores estão impondo na cabeça das pessoas várias regras. Tudo isso porque a Palavra não é a única regra de fé e prática. Graças a Deus porque onde existir uma verdadeira igreja de Cristo não é o homem que manda, mas sim, a Palavra de Deus. No culto Reformado a pregação da Palavra é o ponto central. Cantamos, oramos e logo abrimos a Palavra e o ensino se torna o ponto central. A Palavra é aberta e pregada porque o Espírito trabalha pela Palavra como uma espada de dois gumes para cortar o coração do pecador e para endurecer o rebelde e lhe deixar mais merecedor do inferno por rejeitá-la; mas também para cortar o coração do pecador a quem Deus derrama misericórdia para mudá-lo, trocando seu coração de pedra por um coração de carne; dá-lhe verdadeiro arrependimento e frutos da fé. A Palavra é o instrumento que Deus usa para tudo isso. Em Romanos 10 vemos Paulo dizendo algo que vivenciamos hoje. No início deste capítulo Paulo diz que Israel estava buscando sua própria justiça: “Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (Romanos 10:3). Diz mais que eles tinham muito “zelo por Deus, porém não com entendimento” (v.2). É o que a Igreja Católica faz ainda hoje. São zelosos, fazem muitas coisas, mas sem entendimento. São operosos, mas sem entender nada. Eles não têm lido Romanos 1:16-17, pois ali Paulo diz que Deus tem uma justiça que Ele próprio nos dá. Continuam ignorantes disso e correm a todo lugar tentando comprar esta justiça, enquanto que Deus está dizendo: “Vem, toma”. Mas eles dizem: “Eu quero comprar”. Isto é zelo sem entendimento, pois a justificação não é possível através da prática da Lei. Paulo diz no v. 8: “Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos”. Paulo fala do que é necessário para recebermos todos os benefícios de Cristo: Confessar Jesus como Senhor (v.9), ter a verdadeira fé (v.10) e como podemos adquirir esta fé salvadora: “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm10:13). Apenas isso e teremos a plena remissão dos nossos pecados. Paulo ainda diz: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram?”. Temos de crer. É impossível invocar o nome de Deus se não cremos. “E como crerão naquele de quem nada ouviram?”. Como posso crer se nunca ouvi nada a respeito dele? “E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! (Rm 10:14-15). Paulo está dizendo aqui que, a pregação é algo muito importante no processo da salvação. Na pregação, Deus se revela aos pecadores e através dela surge a fé que salva o pecador. Mas, a Igreja de hoje não valoriza a pregação da Palavra de Deus e quer dar mais valor ao emocional, ao coral de crianças, às peças teatrais, aos testemunhos, às cantatas, etc, do que à pregação da Palavra. Esta é uma igreja que não merece o nome de igreja. É apenas um grupo religioso, um clube onde pessoas gostam de falar de religião, mas não é a Igreja de Cristo. A verdadeira Igreja prega Cristo sabendo que Sua palavra é eficaz para salvação de pecadores. A verdadeira igreja de Deus ensina que o arrependimento não é apenas um ato, mas uma vida de santificação e só a Palavra faz isso e não a imaginação do homem (João 17:17). A Igreja verdadeira é aquela onde se ensina que a Bíblia é a única regra de fé e prática. A Igreja verdadeira é aquela onde o culto é reverente e dedicado à glória de Deus. Não é um show; o homem não está no centro, mas Deus. Nesta igreja os crentes se preocupam com a honra de Deus e é onde o povo de Deus tem um encontro com Ele. Mas, o culto de hoje é um conjunto de pessoas assistindo outras fazerem apresentações; é alguma coisa horizontal entre pessoas que não têm reverência, que entram e saem porque já ouviram certos testemunhos pessoais por várias vezes. O povo não está na presença de Deus; estão apenas buscando manifestações e sinais. A verdadeira igreja de Cristo adora a Deus em espírito e em verdade e em reverência. O tamanho da igreja não é medido fisicamente, mas espiritualmente. Não medimos o sucesso da igreja pelo seu edifício ou quantas pessoas estão dentro dele. Poderemos prometer muitas coisas ao povo para fazer encher o edifício ou até prometer riquezas. O tamanho do edifício ou do número de membros não é uma manifestação do sucesso da igreja, mas o tamanho espiritual de um povo que vive a Palavra de Deus. As igrejas sempre estão falando do Espírito Santo, mas pouco se fala do fruto do Espírito (Gl 5). Como isso é raro! O fruto do Espírito não são coisas espetaculares, impressionantes, mas é uma vida simples de serviço. Você não pode pular e gritar: “Eu tenho paciência!!”. Mas paciência se manifesta através de uma vida paciente, serena. Você não pode gritar: “Eu tenho amor!!”. Mas amor é algo que se demonstra ao irmão, ao marido, à esposa, aos filhos, aos colegas, aos vizinhos. Isso é difícil de ser visto, de ser manifestado, porém, é mais fácil buscar sinais e maravilhas, os dons extraordinários. Jesus disse que “uma geração perversa é má, busca sinais”. A igreja de Cristo não busca sinais, nem coisas que impressionem, ou prédios cheios de pessoas, mas busca crescimento no Senhor Jesus Cristo; crescimento espiritual e amadurecimento em Cristo. Como podemos crescer assim? Como podemos manifestar o amor de Cristo em nossas vidas? Como podemos testemunhar cada vez mais da obra de Jesus Cristo em nossos corações? Temos uma fonte: A Palavra de Deus. Devemos sempre voltar à Palavra de Deus – Reformado, sempre reformando. Nesta fonte somos fortalecidos na nova vida em Cristo. Nesta fonte somos cada vez mais ensinados pela graça de Deus que nos liberta do pecado; ela nos aperfeiçoa, nos faz mais maduros até que o dia da Sua vinda chegue. Tudo isso é possível se estivermos bebendo desta fonte. Começamos vendo a questão do arrependimento que está na primeira tese de Lutero: “Nosso Senhor e mestre Jesus Cristo, em dizendo, arrependei-vos, afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser um ato de arrependimento”. Lutero chamou a Igreja para voltar ao ensino da Palavra de Deus. A vida cristã é uma vida de santificação onde a Palavra de Deus está agindo cada dia mais nos filhos de Deus Isso é verdade em nossas vidas? Isso está sendo ensinado nas igrejas ditas evangélicas? Creio que não. Vamos trabalhar e orar para que Deus possa agir em nosso país e produzir a reforma que precisamos. Amém. __________________ Mensagem proferida pelo Pr. Kenneth Wieske, das Igrejas Reformada do Brasil (na Congregação Reformada do Ibura – Recife/outubro/2001. Fonte: Projeto Os Puritanos Fonte: http://montesinai2007.blogspot.com.br/2012/09/reforma-protestante-e-igreja-de-hoje.html

Misticismo na igreja brasileira é falso evangelho

“Misticismo na igreja brasileira é falso evangelho”, diz Hernandes Dias Lopes O reverendo Hernandes Dias Lopes, da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória (ES) escreveu em seu Facebook sobre o misticismo presente na igreja brasileira. Segundo o líder religioso, algumas igrejas trocam o evangelho da graça por rituais estranhos às Escrituras. “O misticismo de algumas igrejas brasileiras beira ao ridículo”, afirma. De acordo com Lopes, algumas igrejas têm entre seus líderes obreiros inescrupulosos que, em nome de Deus, “torcem a Palavra de Deus, e conduzem o povo pelos atalhos sinuosos do engano para auferir vantagens pessoais”. Entre os elementos que associa ao misticismo, ele cita a rosa ungida, água benzida, sal grosso, toalhas suadas, que, ao seu ver, distanciam as pessoas da “pureza e simplicidade do evangelho”. Muitos desses elementos são distribuídos e até vendidos em igrejas neopentecostais. Esse segmento da igreja evangélica estão entre os que mais crescem em número de fiéis no Brasil. O teólogo Wemerson Marinho, em sua análise “Pontos Discutíveis do Movimento Neopentecostal” citado pelo jornalista Johhny Bernardo diz que nas igrejas neopentecostais existe a falta de uma liturgia eclesiástica e a pouca atenção dada às Escrituras Sagradas como a única regra de fé e conduta. Não somente isso, mas também a falta de estudo e discipulado consistente fazem com que os indivíduos que recorrem aos templos neopentecostais permaneçam adeptos de crendices e continuem a praticá-las. Marinho explica que os místicos são induzidos a prescindir da Bíblia e a se basear apenas em suas experiências. “Este é um dos grandes problemas dos neopentecostais, pois eles colocam suas experiências acima da Bíblia e dão a ela uma interpretação particular fora dos recursos hermenêuticos”, diz. Segundo Hernandes Dias Lopes, expedientes como os objetos e práticas místicas “atraem multidões, mas não levam o povo à fonte da salvação”. “Precisamos erguer nossa voz e dizer que esse misticismo é um outro evangelho, um falso evangelho”, conclui Lopes. Por Jussara Teixeira para o Gospel+

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A Ressurreição dos Mortos

A discussão do segundo advento de Cristo leva naturalmente a uma consideração dos seus concomitantes. O primeiro deles é a ressurreição dos mortos, ou, como às vezes se lhe chama, “a ressurreição da carne”. A. A Doutrina da Ressurreição na História. No tempo de Jesus havia uma diferença de opiniões entre os judeus, a respeito da ressurreição. Enquanto que os fariseus criam nela, os saduceus não criam, Mt 22.23; At 23.8. Quando Paulo falou a seu respeito em Atenas, enfrentou zombaria, At 17.32. Alguns dos coríntios a negavam, 1 Co 15, e Himeneu e Fileto, considerando-a como algo puramente espiritual, asseveravam que ela já era coisa pertencente à história, 2 Tm 2.18. Celso, um dos mais antigos opositores do cristianismo, fazia especialmente desta doutrina objeto de escárnio; e os gnósticos, que consideravam a matéria como inerentemente má, naturalmente a rejeitavam. Orígenes defendeu a doutrina contra os gnósticos e contra Celso, mas todavia, não acreditava que é o corpo depositado no túmulo que ressuscita. Ele descrevia o corpo ressureto como um corpo, purificado e espiritualizado. Embora alguns dos chamados pais cristãos primitivos compartilhassem o seu conceito, a maioria deles acentuava a identidade do corpo atual com o da ressurreição. Já na sua Confissão Apostólica, a igreja expressou a sua crença na ressurreição da carne (sarkos). Agostinho a princípio estava inclinado a concordar com Orígenes, mas posteriormente adotou o conceito predominante, embora não julgasse necessário crer que as atuais diferenças de forma e estatura continuarão na vida por vir. Jerônimo insistia vigorosamente na identidade do corpo atual com o futuro. O Oriente, representado por homens como os dois Gregórios, Crisóstomo e João de Damasco, manifestava a tendência de adotar um conceito mais espiritual da ressurreição do que o Ocidente. Os que acreditavam num milênio futuro falavam de uma dupla ressurreição, a dos justos no princípio do reino milenar, e a dos ímpios no fim dele. Durante a Idade Média, os escolásticos especulavam muito sobre o corpo ressureto, mas as suas especulações são sumamente fantasiosas e de pequeno valor. Principalmente Tomaz de Aquino parecia especialmente informado sobre a natureza do corpo ressureto, e sobre a ordem e o modo da ressurreição. Os teólogos do período da Reforma geralmente estavam de acordo em que o corpo da ressurreição será idêntico ao atual. Todas as grandes confissões da igreja apresentam a ressurreição geral como simultânea com a segunda vinda de Cristo, o juízo final e o fim do mundo. Elas não fazem separação entre quaisquer desses eventos, tais como entre a ressurreição dos justos e a dos ímpios, e entre a vinda de Cristo e o fim do mundo, com um período de mil anos. Por outro lado, os premilenistas insistem em tal separação. Sob a influência do racionalismo e com o avanço das ciências físicas, acentuaram-se algumas das dificuldades que pesavam sobre a doutrina da ressurreição, e, como resultado, o “liberalismo” religioso moderno nega a ressurreição da carne e explica as descrições que dela faz a Escritura como sendo uma representação figurada da idéia de que a personalidade humana completa continuará a existir após a morte. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

PROVAS BÍBLICAS DA RESSURREIÇÃO

1. NO VELHO TESTAMENTO. Às vezes se diz que o Velho Testamento nada sabe da ressurreição dos mortos, ou só mostra algum conhecimento dela nos seus últimos livros. É deveras comum a opinião de que Israel tomou por empréstimo dos persas a sua crença na ressurreição. Diz Mackintosh: “Forte evidência existe em favor da hipótese de que a idéia da ressurreição entrou na mente hebraica vinda da Pérsia”. Brown fala em tom algo similar: “A doutrina da ressurreição individual aparece pela primeira vez em Israel depois do cativeiro, e pode ser que se deva à influência persa”. Salmond também menciona essa idéia, mas afirma que ela não é justificada suficientemente. Diz ele: “A doutrina veterotestamentária de Deus é, de si mesma, suficiente para explicar toda a história da concepção veterotestamentária de uma vida futura”. De Bondt chega à conclusão de que não há um só povo, dentre aqueles com os quais Israel teve contato, que tivesse uma doutrina da ressurreição que pudesse servir de modelo para a apresentação dela que era corrente entre os israelitas; e de que a fé na ressurreição que acha expressão na religião do Velho Testamento não se baseia nas religiões dos gentios, mas, sim, na revelação do Deus de Israel. É verdade que não encontramos declarações claras a respeito da ressurreição dos mortos antes do tempo dos profetas, embora Jesus fosse de parecer que já estava implícita em Ex 3.6; cf. Mt 22.29-32, e o escritor de Hebreus dá a entender que até mesmo os patriarcas anelavam à ressurreição dos mortos, Hb 11.10, 13-16, 19. O certo é que não faltam provas de que havia uma crença na ressurreição muito antes do cativeiro. Essa crença está implícita nas passagens que falam numa libertação do sheol, Sl 49.15; 73.24, 25; Pv 23.14. Ela encontra expressão na declaração de Jó 19.25-27. Sobretudo a vemos ensinada claramente em Is 26.19 (passagem tardia, segundo os críticos), e em Dn 12.2, e provavelmente está implícita igualmente em Ez 37.1-14. 2. NO NOVO TESTAMENTO. Como se podia esperar, o Novo Testamento tem mais que dizer sobre a ressurreição dos mortos do que o Velho Testamento, porque coloca o clímax da revelação de Deus sobre este ponto na ressurreição de Jesus Cristo. Contra a negação dos saduceus, Jesus argumenta em favor da ressurreição dos mortos com base no Velho Testamento, Mt 22.23-33 e paralelas; cf. Ex 3.6. Além disso, Ele ensina essa grande verdade com muita clareza em Jo 5.25-29; 6.39, 30, 44, 54; 11.24, 25; 14.3; 17.24. A passagem clássica do Novo testamento para a doutrina da ressurreição é 1 Co 15. Outras passagens importantes são: 1 Ts 4.13-16; 2 Co 5.1-10; Ap 20.4-6 (de interpretação dúbia), e 20.13. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

A Natureza da Ressurreição

1. É OBRA DO DEUS TRIÚNO. A ressurreição é obra realizada pelo Deus triúno. Nalguns casos se nos diz simplesmente que Deus ressuscita os mortos, sem se especificar pessoa alguma, Mt 22.29; 2 Co 1.9. Mais particularmente, porém, a obra da ressurreição é atribuída ao Filho, Jo 5.21, 25, 28, 29; 6.38-40, 44, 54; 1 Ts 4.16. Indiretamente, também é apontada como obra realizada pelo Espírito Santo, Rm 8.11. 2. É RESSURREIÇÃO FÍSICA, OU CORPORAL. Nos dias de Paulo havia alguns que consideravam a ressurreição como espiritual, 2 Tm 2.18. E nos dias atuais há muitos que só acreditam numa ressurreição espiritual. Mas a Bíblia é muito explicita ao ensinar a ressurreição do corpo. Cristo é chamado “primícias” da ressurreição, 1 Co 15.20, 23 e “o primogênito de entre os mortos”. Cl 1.18; Ap 1.5. Isto implica que a ressurreição do povo de Deus será semelhante à do seu celestial Senhor. Sua ressurreição foi corporal, e a dos Seus será da mesma natureza. Além disso, também se diz que a ressurreição realizada por Cristo inclui o corpo, Rm 8.23; 1 Co 6.13-20. Em Rm 8.11 se nos diz explicitamente que Deus, por Seu Espírito, ressuscitará nossos corpos mortais. E evidentemente é o corpo que está proeminentemente na mente do apóstolo em 1 Co 15; cf. especialmente os versículos 35-49. Segundo a Escritura, haverá uma ressurreição do corpo, isto é, não uma criação inteiramente nova, mas um corpo que será, num sentido fundamental, idêntico ao corpo atual. Deus não vai criar um novo corpo para cada ser humano, mas vai ressuscitar o próprio corpo que foi depositado na terra. Sito se pode inferir apenas do termo “ressurreição”, mas é declarado expressamente em Rm 8.11 e 1 Co 15.53, e ademais está implícito na figura da semente semeada no solo, figura que o apostolo emprega em 1 Co 15.36-68. Além disso, Cristo, as primícias da ressurreição, prova conclusivamente a identidade do Seu corpo aos Seus discípulos. Ao mesmo tempo, a Escritura deixa perfeitamente evidente que o corpo passará por grande mudança. O corpo de Cristo ainda não fora plenamente glorificado durante o período de transição entre a ressurreição e a ascensão; contudo, já sofrera notável transformação. Paulo se refere à transformação que terá lugar, quando diz que ao semearmos a semente, não semeamos o corpo que virá a existir; não tencionamos retirar a mesma semente da terra. Todavia, esperamos colher uma coisa que, no sentido fundamental, é idêntica à semente depositada no solo. Conquanto haja uma certa identidade entre a semente semeada e as sementes que dela se desenvolvem, todavia há também uma diferença notável. Nós seremos transformados, diz o apóstolo, “porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade”. Também diz: “Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual”. Transformação não é incoerente com retenção da identidade. É-nos dito que, mesmo agora, cada partícula dos nossos corpos muda a cada sete anos, mas, ao passar por isso tudo, o corpo conserva a sua identidade. Haverá certa conexão física entre o corpo antigo e o novo, mas não nos é revelada a natureza dessa conexão. Alguns teólogos falam num germe remanescente do qual se desenvolve o novo corpo; outros dizem que o princípio organizador do corpo permanece. Orígenes tinha algo dessa espécie em mente; a mesma coisa Kuyper e Milligan. Se tivermos tudo isso em mente, a antiga objeção contra a doutrina da ressurreição, a saber, que é impossível que um corpo ressuscite com as mesmas partículas que o constituíam na ocasião de sua morte, visto que essas partículas passam para outras formas de existência, e talvez para centenas de outros corpos, perde completamente a sua força. 3. É RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E DOS ÍMPIOS. De acordo com Josefo, os fariseus negavam a ressurreição dos ímpios. A doutrina do extincionismo e a da imortalidade condicional, ambas as quais, ao menos nalgumas de suas formas, negam a ressurreição dos ímpios e ensinam a sua aniquilação, doutrina abraçada por muitos teólogos, também encontrou guarida em seitas como o adventismo e a “aurora do milênio”. Acreditam na extinção total dos ímpios. Às vezes se faz a asserção de que a Escritura não ensina a ressurreição dos ímpios, mas isso é patentemente errôneo, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15; Ap 20.13-15. Ao mesmo tempo, deve-se admitir que a ressurreição deles não ocupa lugar proeminente na Escritura. Claramente se vê que o aspecto soteriológico da ressurreição está em primeiro plano, e esta pertence unicamente aos justos. Estes, em contraste com os ímpios, são os únicos que tirarão proveito da ressurreição. 4. É RESSURREIÇÃO DE IMPORTÂNCIA DESIGUAL PARA OS JUSTOS E PARA OS INJUSTOS. Breckenridge cita 1 Co 15.22 para provar que a ressurreição de santos e de pecadores foi adquirida por Cristo. Mas, dificilmente se pode negar que o segundo “todos” nessa passagem só é geral no sentido de “todos os que estão em Cristo”. A ressurreição é ali descrita como resultante de uma união vital com Cristo. Mas, certamente, só os crentes estão nessa relação viva com Ele. A ressurreição dos ímpios não pode ser considerada como uma bênção merecida pela obra mediatária de Cristo, embora esteja relacionada indiretamente com ela. É um resultado necessário da posposição da execução da sentença de morte dada ao homem, o que tornou possível a obra de redenção. A posposição resultou na relativa separação entre a morte temporal e a morte eterna, e na existência de um estado intermediário. Sob estas circunstâncias, é necessário ressuscitar os ímpios dos mortos, a fim de que a morte, em sua máxima extensão e com todo o seu peso, lhes possa ser imposta. Sua ressurreição não é um ato de redenção, mas, sim, de soberana justiça, da parte de Deus. A ressurreição dos justos e dos injustos tem isto em comum – que em ambos os casos os corpos e as almas são reunidas. Mas, no caso daqueles, isso resulta na vida perfeita, ao passo que no caso destes, redunda na extrema penalidade da morte, Jo 5.28, 29. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

A OCASIÃO DA RESSURREIÇÃO

1. O CONCEITO PREMILENISTA CONCERNENTE À OCASIÃO DA RESSURREIÇÃO. É opinião comum entre os premilenistas que a ressurreição dos santos estará separada da dos ímpios por um período de mil anos. Ao que parece, quase consideram como verdade axiomática que essas duas classes não têm a mínima possibilidade de ressurgir ao mesmo tempo. E não somente isso, mas o tipo de premilenismo dominante hoje em dia, com a sua teoria de uma dupla segunda vinda de Cristo, sente necessidade de admitir uma terceira ressurreição. Todos os santos das dispensações anteriores e da atual dispensação serão ressuscitados na paurosia, ou seja, na vinda do Senhor. Os que ainda viverem nesse tempo serão transformados num instante, num piscar de olhos. Mas nos sete anos que se seguirão à paurosia, muitos outros santos morrerão, especialmente na grande tribulação. Estes também deverão ressuscitar, e a sua ressurreição ocorrerá quando se der a revelação do dia do Senhor, sete anos após a parousia. Mas, nem neste ponto os premilenistas podem parar. Desde que a ressurreição que se dará no fim do mundo está reservada para os ímpios, terá que haver outra ressurreição dos santos que morreram durante o milênio, a qual precederá a dos ímpios, pois, segundo eles, santos e ímpios não podem ressuscitar ao mesmo tempo. 2. INDICAÇÕES ESCRITURÍSTICAS QUANTO À OCASIÃO DA RESSURREIÇÃO. Segundo a Escritura, a ressurreição dos mortos coincidirá com a paurosia, com a revelação do dia do Senhor e com o fim do mundo, e precederá imediatamente o juízo geral e final. A Bíblia certamente não favorece as distinções premilenistas a respeito desta doutrina. Em diversos lugares ela apresenta a ressurreição dos justos e a dos ímpios como contemporâneas, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15; Ap 20.13-15. Todas essas passagens falam da ressurreição como um único evento, e não contêm a mais ligeira indicação de que a ressurreição dos justos e a dos ímpios estarão separadas por um período de mil anos. Mas isto não é tudo que se pode dizer em favor da idéia de que ambas coincidem. Em Jo 5.21-29 Jesus combina o pensamento sobre a ressurreição, incluindo a ressurreição dos justos, com o pensamento sobre o juízo, incluindo o juízo dos ímpios. Alem disso, 2 Ts 1.7-10 apresenta claramente a paurosia (versículo 10), a revelação (vers. 7) e o juízo dos ímpios (vers. 8 e 9) como coincidentes. Se não for este caso, a língua terá perdido o seu sentido. Ademais, a ressurreição dos crentes está ligada diretamente à segunda vinda do Senhor em 1 Co 15.23; Fp 3.20, 21 e 1 Ts 4.16, mas também é apresentada como ocorrendo no fim do mundo, Jo 6.39, 40, 44, 54, ou no último dia. Quer dizer que os crentes serão ressuscitados no ultimo dia, e que o ultimo dia é também o dia da vinda do Senhor. Sua ressurreição não precederá o fim por um período de mil anos. Felizmente, há vários premilenistas que não aceitam a teoria de três ressurreições, mas que, não obstante, apegam-se à doutrina de duas ressurreições. 3. CONSIDERAÇÃO DOS ARGUMENTOS A FAVOR DE DUAS RESSURREIÇÕES. a. Grande ênfase é dada ao fato de que a Escritura, apesar de geralmente falar da ressurreição ton nekron, isto é, “dos mortos”, repetidamente se refere à ressurreição dos crentes como uma ressurreição ek nekron, isto é, “saída dos mortos”. Os premilenistas traduzem esta expressão por “dentre os mortos”, de modo que implica que muitos mortos ainda permaneceriam no túmulo. Lightfoot também afirma que esta expressão se refere à ressurreição dos crentes, mas Kennedy diz: “Não há absolutamente nenhuma prova a favor desta asserção definida”. Também é esta a conclusão a que chega o doutor Vos, depois de um cuidadoso estudo das passagens pertinentes. Em geral se pode dizer que a suposição de que a expressão he anastasis ek nekron deve ser vertida para “a ressurreição dentre os mortos” é inteiramente gratuita. Os léxicos clássicos desconhecem essa versão; e Kremer-Koegel interpreta a expressão dando-lhe este sentido: “do estado dos mortos”, e esta parece ser a interpretação mais natural. Deve-se notar que Paulo emprega as expressões uma pela outra em 1 Co 15. Apesar de estar falando somente da ressurreição dos crentes, é vidente que ele não procura salientar o fato de que esta é de caráter específico, pois emprega a expressão mais geral repetidas vezes, 1 Co 15.12, 13, 21, 42. b. Os premilenistas recorrem também a certas expressões específicas, tais como “superior ressurreição”, Hb 11.35, “ressurreição da vida”, Jo 5.29, “ressurreição dos justos”, Lc 14.14, e “e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”, 1 Ts 4.16 – todas as quais se referem unicamente à ressurreição dos crentes. Essas expressões parecem colocar essa ressurreição à parte, como algo diferente. Mas essas passagens provam apenas que a Bíblia distingue entre a ressurreição dos justos e a dos ímpios, e não fornecem nenhuma prova de que haverá duas ressurreições, separadas uma da outra por um período de mil anos. A ressurreição do povo de Deus difere da dos incrédulos em seu princípio motriz, em sua natureza essencial e em seu desfecho final, e, portanto, pode muito bem ser apresentada como uma coisa distinta e como uma experiência muitíssimo mais desejável do que a ressurreição dos ímpios. Aquela liberta os homens do poder da morte; esta não. A despeito da sua ressurreição, os incrédulos permanecerão no estado de morte. c. Um dos principais textos-prova dos premilenistas, a favor de duas ressurreições, acha-se em 1 Co 15.22-24: “Porque assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem. Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na sua vinda. E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai...”. Nesta passagem eles vêem três estágios da ressurreição indicados, quais sejam, (1) a ressurreição de Cristo; (2) a ressurreição dos crentes; e (3) o fim (como eles o interpretam) da ressurreição, isto é, a ressurreição dos ímpios. Silver faz uma colocação pitoresca: “Na ressurreição, Cristo e muitos santos que ressurgiram em Jerusalém e ao redor dela aparecem como o primeiro grupo. Mais de 1900 anos depois, ‘os que são de Cristo, na sua vinda’ aparecerão como o segundo grupo. ‘E então’ (mas não imediatamente), ‘virá o fim’ (vers. 24), o derradeiro e grande bloco de gente, com um grupo de criaturas esquecidas, completando o cortejo”. É de se notar que a idéia “não imediatamente” é introduzida no texto. O argumento é que, uma vez que epeita (depois) do versículo 23 se refere a um tempo ao menos 1900 anos mais tarde, a palavra eita (então) do versículo 24 se refere a um tempo 1000 anos mais tarde. Mas isto é mera suposição, destituída de qualquer prova. As palavras epeita e eita significam de fato a mesma coisa, mas nenhuma delas implica necessariamente a idéia de um longo período intermediário. Observe-se o emprego de epeita em Lc 16.7 e Tg 4.14, e o de eita em Mc 8.25; Jo 13.5; 19.27; 20.27. Ambas as palavras podem ser utilizadas para indicar algo que ocorrerá imediatamente, e para algo que só ocorrerá depois de algum tempo, de maneira que é pura suposição pensar que a ressurreição dos crentes estará separada do fim por um longo período de tempo. Outra suposição gratuita é a de que “o fim” significa “o fim da ressurreição”. De acordo com a analogia da escritura, aquela expressão aponta para o fim do mundo, a consumação, o tempo em que Cristo entregará o Reino ao pai e porá todos os inimigos debaixo dos Seus pés. Este é o conceito adotado por comentadores como Alford, Godet, Hodge, Bachmann, Findley, Robertson & Plummer, e Edwards. d. Outra passagem a que os premilenistas recorrem é 1 Ts 4.16, “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos ressuscitarão primeiro”. Disto eles inferem que aqueles que não morrem em Cristo ressuscitarão em data posterior. Mas é mais que evidente que não é essa a antítese que o apostolo tem em mente. A declaração subseqüente não é, “depois os mortos que não estão em Cristo ressuscitarão”, mas “depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, pra o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor”. Biederwolf admite isso francamente. Tanto nesta passagem como na anterior Paulo está falando somente da ressurreição dos crentes; a dos ímpios não está em seu escopo, de modo nenhum. e. A passagem mais importante a que se referem os premilenistas é Ap 20.4-6: “... e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição”. Aqui os versículos 5 e 6 fazem menção de uma primeira ressurreição, e isto, é o que se diz, implica que haverá uma segunda. Mas a suposição de que o escritor está falando de uma ressurreição corporal é extremamente duvidosa. Evidentemente o cenário dos versículos 4 a 6 está no céu, e não na terra. E os termos não sugerem uma ressurreição corporal. O vidente não fala de pessoas ou corpos que foram ressuscitados, mas de almas que “viveram” e “reinaram”. E ele denomina esse viver e reinar com Cristo “a primeira ressurreição”. O doutor Vos opina que as palavras, “Esta (enfática) é a primeira ressurreição”, podem até ser “uma assinalada desaprovação de uma interpretação mais realista (quiliástica) da mesma frase”. Com toda a probabilidade, a expressão se refere à entrada das almas dos santos na gloriosa condição de vida com Cristo na morte. A ausência da idéia de uma dupla ressurreição bem pode fazer-nos hesitar em afirmar a sua presença nesta passagem de um livro tão cheio de simbolismos, como o Apocalipse de João. Onde quer que a Bíblia mencione juntas a ressurreição dos justos e a dos ímpios, como em Dn 12.2; Jo 5.28, 29; At 24.15, inexiste a mais ligeira insinuação de que ambas estarão separadas uma da outra por um período de mil anos. Por outro lado, ela ensina que a ressurreição terá lugar no último dia, e imediatamente será seguida pelo juízo final, Mt 25.31, 32; Jo 5.27-29; 6.39,40, 44, 54; 11.24; Ap 20.11-15. QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. a Confissão Apostólica fala da ressurreição do corpo, ou da ressurreição da carne? 2. Como explicar a mudança de uma para a outra? 3. Os premilenistas não têm que acrescentar outra ressurreição dos justos às que ocorrerão na paurosia e na revelação, segundo eles? 4. Como os premilenistas elaboram um argumento em favor de uma dupla ressurreição utilizando até Dn 12.2? 5. Como encontram eles um argumento para isso em Fp 3.11? 6. Qual é o principal argumento dos “liberais” modernos contra a doutrina de uma ressurreição física? 7. Que quer dizer Paulo quando fala, em 1 Co 15.44, do corpo ressureto como um soma pneumatikon? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. IV, p. 755-758,770-777; Kuyper, Dict. Dogm., De Consummatione Saeculi, p. 262-279; Vos, Geref. Dogm. V, Eschatologie, p. 14-22; id., Pauline Eschatology, p136-225;Hodge, Syst., Theol. III, p. 837-844; Dabney, Syst. and Polem. Theol., p. 829-841; Shedd, Dogm. Theol., p. 641-658; Valentine, Chr. Theol. II, p. 414-420;Dahle, Life After Death, p. 358-418; Hovey, Eschatology, p23-78; Mackintosh, Immortality and the Future, p. 164-179; Snowden, The Coming of the Lord, p. 172-191; Salmond, Chr. Doct. Of Immortality, p. 262-272, 437-459; Kennedy, St. Paul’s Conceptions of the Last Things, p. 222-281; Kliefoth, Eschatologie, p. 248-275; Brown, The Chr. Hope, p. 89-108; Milligan, The Ressurrection of the Dead, p. 61-77. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

sábado, 22 de setembro de 2012

A DOUTRINA DO JUÍZO FINAL NA HISTÓRIA

Desde os mais primitivos tempos da era cristã, a doutrina de um juízo geral e final esteve ligada à da ressurreição dos mortos. A opinião geral era que os mortos ressuscitariam para serem julgados segundo as obras praticadas enquanto no corpo. Como solene advertência, dava-se ênfase à certeza desse juízo. Esta doutrina já´fazia parte do conteúdo da Confissão Apostólica: “Donde virá para julgar os vivos e os mortos”. A idéia predominante era que esse juízo seria acompanhado pela destruição do mundo. De modo geral, os chamados pais primitivos da igreja não especulavam muito acerca da natureza do juízo final, embora Tertuliano constitua uma exceção. Agostinho procurou interpretar algumas das declarações figuradas da Escritura a respeito do juízo. Na Idade Média, os escolásticos discutiram o assunto com maiores minúcias. Eles também acreditavam que a ressurreição dos mortos seria seguida imediatamente pelo juízo geral, e que este marcaria o fim dos tempos para o homem. O juízo será geral no sentido de que todas as criaturas racionais comparecerão nele, e de que trará uma revelação geral dos feitos de cada um, tanto dos bons como dos maus. Cristo será o Juiz, embora outros estejam associados a Ele no julgamento; não, porém, como juizes no sentido estrito da palavra. Imediatamente após o juízo, haverá uma conflagração universal. Deixamos de mencionar algumas outras particularidades aqui. Os Reformadores compartiam essa idéia, em geral, mas pouco ou nada acrescentaram ao conceito predominante. O mesmo conceito se acha em todas as confissões protestantes, as quais afirmam explicitamente que haverá um dia de juízo no fim do mundo, mas não entram em detalhes. Tem sido esse o conceito oficial das igrejas até os dias atuais. Isto não significa que não houve outros conceitos que achassem expressão. Kant inferiu do imperativo categórico a existência de um Juiz supremo que aplicaria a justiça a todos os erros numa vida futura. Schelling, com o seu famoso dito, “A história do mundo é o julgamento do mundo”, evidentemente considerava o juízo apenas como um processo imanente atual. Alguns não estavam inclinados a admitir a constituição moral do universo, não acreditavam que a história se move rumo a uma terminação moral, e, assim, negavam o juízo futuro. A esta idéia foi dada uma formulação filosófica por Von Hartmann. Na teologia “liberal” moderna, com sua ênfase ao fato de que Deus é imanente em todos os processos da história, é forte a tendência para considerar o juízo primária, senão exclusivamente, como um processo imanente atual. Diz Beckwith: “Em Seu procedimento (de Deus) para com os homens, nada se susta, não há suspensão de nenhum atributo do Seu ser. O juízo não é, pois, mais verdadeiramente futuro do que presente. Na medida em que Deus é o seu autor, é tão constante e perpétuo como a Sua ação na vida humana. Pospor o juízo para uma hora publica e futura é ter um falso conceito da justiça, como se esta estivesse dormente ou suspensa, totalmente presa a condições externas. Ao contrário, a esfera da justiça deve ser procurada, não fora, primeiro, mas dentro, na vida interior, no mundo da consciência”. Os dispensacionalistas crêem de todo o coração no juízo futuro, mas falam em juízos, no plural. Segundo eles, haverá um juízo na parousia, outro na revelação de Cristo, e ainda outro no fim do mundo. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

NATUREZA DO JUÍZO FINAL

O juízo final do qual a Bíblia fala não pode ser considerado como um processo espiritual invisível e infindável, idêntico à providência de Deus na história. Isto não equivale a negar o fato de que há um julgamento providencial de Deus nas vicissitudes de indivíduos e nações, embora nem sempre se reconheçam como tais. A Bíblia nos ensina claramente que, ainda na presente vida, Deus visita o mal com castigos e recompensa o bem com bênçãos, e que estes castigos e recompensas são positivos nalguns casos, mas noutros aparecem como resultados providenciais naturais do mal cometido ou do bem praticado, Dt 9.5; Sl 9.16; 37.28; 59.13; Pv 11.5; 14.11; Is 32.16,17; Lm 5.7. A consciência humana também atesta este fato. Mas também é manifesto na Escritura que os juízos de Deus no presente não são finais. Às vezes o mal prossegue sem a devida punição, e o bem nem sempre sé recompensado nesta existência com as bênçãos prometidas. Os ímpios dos dias de Malaquias tiveram a coragem de gritar: “Onde está o Deus do juízo?”, Ml 2.17. A queixa que se ouvia naqueles dias era; “Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos? Ora, pois, nós reputamos por felizes os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e escapam”, Ml 3.14, 15. Jó e seus amigos lutaram com o problema dos sofrimentos dos justos, e a mesma coisa fez Asafe no Salmo 73. A Bíblia nos ensina a ter os olhos postos no futuro, no juízo final, vendo neste a resposta decisiva de Deus para todas essas interrogações, a solução de todos esses problemas e a remoção de todas as discrepâncias aparentes da era atual, Mt 25.31-46; Jo 5.27-29; At 25.24; Rm 2.5-11; Hb 9.27; 10.27; 2 Pe 3.7; Ap 20.11-15. Estas passagens não se referem a um processo, mas, sim a um evento bem definido do fim dos tempos. Ele é descrito como acompanhado por outros eventos históricos, tais como a vinda de Jesus Cristo, a ressurreição dos mortos e a renovação de céus e terra. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

CONCEITOS ERRÔNEOS A RESPEITO DO JULGAMENTO

1. JUÍZO PURAMENTE METAFÓRICO. De acordo com Schleiermacher e muitos outros eruditos alemães, as descrições bíblicas do juízo final devem ser entendidas como indicações simbólicas do fato de que o mundo e a igreja finalmente se separarão. Esta explicação serve para fazer evaporar toda a idéia de um julgamento forense quanto à determinação pública do estado final do homem. É uma explicação que certamente não faz justiça às vigorosas afirmações da escritura a respeito do juízo final, de que será uma declaração formal, publica e final. 2. JUÍZO EXCLUSIVAMENTE IMANENTE. A máxima de Schelling, de que “a história do mundo é o julgamento do mundo”, sem dúvida contém um elemento de verdade. Como acima foi assinalado, há manifestações da justiça retributiva de Deus na história das nações e dos indivíduos. As recompensas e os castigos podem ser de caráter positivo, ou podem ser o resultado do bem ou do mal praticado. Mas quando muitos eruditos “liberais” afirmam que o julgamento divino é totalmente imanente e é inteiramente determinado pela ordem moral do mundo, certamente não fazem justiça às apresentações da Escritura. A idéia que eles têm do juízo como “agindo por si mesmo” faz de Deus um ser ocioso, que apenas vê e aprova a distribuição de recompensas e castigos. Destrói completamente a idéia do juízo como um evento externo e visível a ocorrer nalgum tempo definido do futuro. Além disso, esse conceito não pode satisfazer os anseios do coração humano pela justiça perfeita. Os juízos históricos são sempre e somente parciais, e às vezes são aos homens a impressão de serem disfarces da justiça. Sempre houve e ainda há ocasião para a perplexidade de Jó e de Asafe. 3. O JUÍZO NÃO SERÁ UM SÓ EVENTO. Os premilenistas dos nossos dias falam de três diferentes juízos futuros. Eles distinguem: (a) Um juízo para os santos ressurretos e para os santos vivos, quando da parousia ou da vinda do Senhor, para vindicação pública dos santos, para dar recompensa a cada um segundo as suas obras e para determinar os seus respectivos lugares no reino milenar vindouro. (b) Um juízo por ocasião da revelação de Cristo (no dia do senhor), imediatamente após a grande tribulação, no qual, conforme o conceito predominante, as nações gentílicas serão julgadas como nações, de acordo com a atitude que elas assumiram para com o evangelizante remanescente de Israel (os irmãos menores do Senhor). A entrada dessas nações no reino dependerá do resultado do julgamento. Este é o juízo mencionado em Mt 25.31-46. estará separado do anterior por um período de sete anos. (c) Um julgamento dos ímpios mortos, perante o grande trono branco descrito em Ap 20.11-15. Os mortos serão julgados segundo as suas obras, e estas determinarão o grau da punição que eles receberão. Este juízo ocorrerá mais de mil anos depois do juízo das nações. Devemos notar, porém, que a Bíblia sempre fala do juízo futuro com um só evento. Ela nos ensina a aguardar, não dias, mas o dia do juízo, Jo 5.28, 29; At 17.31; 2 Pe 3.7, também chamado “aquele dia”, Mt 7.22; 2 Tm 4.8, e “o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus”, Rm 2.5. Os premilenistas sentem a força deste argumento, pois replicam que esse pode ser um dia de mil anos. Além disso, há passagens da escritura que evidenciam abundantemente que os justos e os ímpios comparecerão juntos no juízo para uma separação final, Mt 7.22, 23; 25.31-46; Rm 2.5-7; Ap 11.18; 20.11-15. Ademais, deve-se notar que o julgamento dos ímpios é descrito como um concomitante da parousia e também da revelação, 2 Ts 1.7-10; 2 Pe 3.4-7. E, finalmente, deve-se ter em mente que Deus não julga as nações como nações quando estão em jogo questões eternas, mas somente indivíduos; e que uma separação final dos justos e dos ímpios não tem a menor possibilidade de ser feita antes do fim do mundo. É difícil ver como alguém pode fazer uma interpretação tolerável e coerente de Mt 25.31-46, a não ser partindo do pressuposto de que o juízo a que o texto se refere é o juízo universal de todos os homens, e de que estes serão julgados, não como nações, mas como indivíduos. Até Meyer e Alford, eles próprios premilenistas, consideram que esta é a única explanação sustentável. 4. O JUÍZO FINAL É DESNECESSÁRIO. Alguns consideram inteiramente desnecessário o juízo final, porque o destino de cada ser humano é determinado na hora da sua morte. Se um homem dormir firmado em Jesus, estará salvo; se morrer em seus pecados, estará perdido. Desde que a questão está resolvida, não é necessário fazer-se mais um inquérito judicial, e, portanto, um juízo final é completamente supérfluo. Mas a certeza do juízo futuro não depende da nossa concepção de sua necessidade. Deus nos ensina claramente em Sua palavra que haverá um juízo final, e isto põe fim à questão para todos os que reconhecem a Bíblia como o padrão final da fé. Além disso, o pressuposto subjacente, do qual procede o argumento, a saber, que o juízo final tem o propósito de definir qual seria o estado futuro do homem, é inteiramente errôneo. Seu propósito é, antes, expor diante de todas as criaturas racionais a glória declarativa de Deus num ato formal e forense que, por um lado, engrandecerá a Sua santidade e justiça, e, por outro lado, engrandecerá a Sua graça e misericórdia. Ademais, devemos ter em mente que o juízo do ultimo dia será diferente daquele que ocorre na morte de cada indivíduo em mais de um aspecto. Não será secreto, mas público; não terá referência a um só individuo, mas a todos os homens. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

O JUIZ E OS SEUS ASSISTENTES

Naturalmente, o juízo final, como todas as opera ad extra (obras externas) de Deus, é obra realizada pelo trino Deus, mas a Escritura a atribui particularmente a Cristo. Cristo, em Sua capacidade mediatária, será o futuro Juiz, Mt 25.31, 32; Jo 5.27; At 10.42; 17.31; Fp 2.10; 2 Tm 4.1. Passagens como Mt 28.18; Jo 5.27; Fp 2.9, 10, tornam mais que evidente que a honra de julgar os vivos e os mortos foi conferida a Cristo como Mediador como recompensa por Sua obra expiatória e como parte de Sua exaltação. Esta pode ser considerada como uma das honras culminantes da Sua realeza. Também em Sua capacidade de Juiz, Cristo está salvando o Seu povo de forma suprema: Completará a redenção deles, justificá-los-á publicamente, e removerá as últimas conseqüências do pecado. De passagens como Mt 13.41, 42; 24.31; 25.31, pode-se inferir que os anjos O assistirão nesta grande obra. Evidentemente, os santos, nalgum sentido, vão assentar-se e julgar com Cristo, Sl 149.5-9; 1 Co 6.2, 3; Ap 20.4. É difícil dizer o que isto envolve. Tem-se interpretado no sentido de que os santos condenarão por sua fé o mundo, assim como os ninivitas teriam condenado as cidades incrédulas dos dias de Jesus. Ou que eles meramente estarão presentes ao julgamento presidido por Cristo. Mas o argumento de Paulo em 1 Co 6.2, 3 parece exigir mais do que isso, pois nenhuma das duas interpretações sugeridas provariam que os coríntios eram capazes de julgar as questões surgidas na igreja. Embora não se possa esperar que os santos conheçam todos os que haverão de comparecer no juízo e distribuam as penas impostas, todavia, terão alguma parte ativa no juízo de Cristo, embora seja impossível dizer precisamente o que será isso. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

AS PARTES QUE SERÃO JULGADAS

A Escritura contém claras indicações de pelo menos duas partes serão julgadas. É mais evidente que os anjos decaídos comparecerão perante o tribunal de Deus, Mt 8.29; 1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd 6. Satanás e seus demônios verão sua ruína final no dia do juízo. Também se vê com toda a clareza que todos os indivíduos da raça humana terão que comparecer às barras da justiça, Sl 50.4-6; Ec 12.14; Mt 12.36, 37; 25.32; Rm 14.10; 2 Co 5.10; Ap 20.12. Estas passagens certamente não dão lugar ao conceito dos pelagianos e dos que seguem sua esteira, de que o juízo final se limitará aos que gozam os privilégios do Evangelho. Tampouco favorecem a idéia daqueles sectários que afirmam que os justos não serão chamados a juízo. Quando Jesus diz, em Jo 5.24, “Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”, claramente quer dizer, como se vê do contexto, que o crente não entrará em juízo condenatório. Às vezes, porém, se objeta que os pecados dos crentes, pecados perdoados, certamente não serão trazidos a público naquele dia; mas a Escritura nos leva à certeza de que o serão, embora, naturalmente, sejam revelados como pecados perdoados. Os homens serão julgados por “toda palavra frívola”, Mt 12.36, e pelos “segredos dos homens”, Rm 2.16; 1 Co 4.5, e não há a mínima indicação de isto se restringirá aos ímpios. Além disso, passagens como Mt 13.30, 40-43, 49; 25.14-23, 34-40, 46 evidenciam que os justos comparecerão ao tribunal de Cristo. Mais difícil é decidir se os anjos bons serão submetidos ao juízo final em algum sentido. O doutor Bavinck mostra-se inclinado a inferir de 1 Co 6.3 que serão; mas esta passagem não prova o ponto. Poderia fazê-lo se a palavra angelous fosse precedida pelo artigo, o que não acontece. Lemos simplesmente: “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos...?” (no original grego, sem artigo). Dada a incerteza ligada a esta questão, é melhor silenciar a respeito. Mais ainda quando nos lembramos de que os anjos sé são apresentados como ministros de Cristo em conexão com a obra de julgamento, Mt 13.30, 41; 25.31; 2 Ts 1.7, 8. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

A OCASIÃO DO JUÍZO

Conquanto não se possa determinar em termos absolutos a ocasião do juízo futuro, pode ser fixada relativamente, isto é, com relação a outros eventos escatológicos. É evidente que será no fim do presente mundo, pois será um julgamento sobre toda a vida de todos os homens, Mt 13.40-43; 2 Pe 3.7. Além disso, será concomitante com a vinda (parousia) de Jesus Cristo, Mt 25.19-46; 2 Ts 1.7-10; 2 Pe 3.9, 10, e se seguirá imediatamente à ressurreição dos mortos, Dn 12.2; Jo 5.28, 29; Ap 20.12, 13. A questão sobre se o juízo precederá imediatamente a renovação de céus e terra, ou se será coincidente com ela, ou se será imediatamente após, não pode ser resolvida conclusivamente com base na Escritura. Ap 20.11 parece indicar que a transformação do universo se dará ao iniciar-se o juízo; 2 Pe 3.7, que ambos ocorrerão sincronicamente; e Ap 21.1, que a renovação dos céus e da terra será em seguida ai juízo. Só podemos falar deles, de maneira geral, como concomitantes. É igualmente impossível determinar a exata duração do juízo: A Escritura fala em “o dia do juízo”, Mt 7.22; 2 Ts 1.10; 2 Tm 1.12, e “o dia da ira”, Rm 2.5; Ap 11.8. Não precisamos inferir destas passagens e doutras semelhantes que será precisamente um dia de vinte e quatro horas, dado que a palavra “dia” também é empregada num sentido mais indefinido na Escritura. Por outro lado, porém, a interpretação feita por alguns premilenistas, de que se trata de um designativo de todo o período milenar, não pode ser considerada plausível. Quando a palavra “dia” é empregada para denotar um período, denota em geral um período totalmente caracterizado por alguma peculiaridade extraordinária, normalmente indicada pelo genitivo que acompanha a palavra. Assim, “o dia da aflição” é o período totalmente caracterizado por aflições, e “o dia da salvação” é o período em sua inteireza notório por sua proeminente manifestação do favor ou graça de Deus. E certamente não se pode dizer que o período milenar dos premilenistas, embora acabando num juízo, é totalmente um período de julgamento. É, antes, um período de alegria, retidão e paz. A característica proeminente desse período, certamente não é de julgamento. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

O PADRÃO DO JUÍZO

O padrão pelo qual os santos e os pecadores serão julgados, evidentemente será a vontade revelada de Deus. Esta não é a mesma para todos. Alguns têm sido mais privilegiados que outros, e isto naturalmente aumenta a sua responsabilidade, Mt 11.21-24; Rm 2.12-16. Isto não significa que haverá diferentes condições de salvação para diferentes classes de gente. Para todos os que comparecerão ao juízo, a entrada no céu, ou a exclusão dele, dependerá da questão se estão revestidos da justiça de Jesus Cristo. Mas haverá diferentes graus, tanto de ventura no céu como de castigo no inferno. E esses graus serão determinados pelo que é feito enquanto na carne, Mt 11.22, 24; Lc 12.47, 48; 20.47; Dn 12.3; 2 Co 9.6. Os gentios serão julgados segundo a lei da natureza, escrita nos seus corações, os israelitas da antiga dispensação segundo a revelação do Velho testamento, e somente segundo esta, e os que gozaram a luz do Evangelho, além da luz da natureza e da revelação do velho Testamento, serão julgados de conformidade com a maior luz que receberam. Deus dará a cada um o que lhe é devido. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

AS DIFERENTES PARTES DO JUÍZO

Aqui devemos distinguir: 1. A COGNITIO CAUSAE (O CONHECIMENTO DA CAUSA). Deus tomará conhecimento do estado de coisas, da vida passada completa do homem, incluindo-se até os pensamentos e os intentos secretos do coração. Isso é descrito simbolicamente na Escritura como a abertura dos livros, Dn 7.10; Ap 20.12. Os fiéis dos dias de Malaquias falavam de um memorial escrito diante do senhor, Ml 3.16. É uma descrição figurada acrescentada para completar a idéia do juízo. Geralmente o juiz tem o livro da lei e o registro daqueles que compareceram perante ele. Com toda a probabilidade, a figura neste caso se refere simplesmente à onisciência de Deus. Alguns falam do livro da Palavra de deus como do livro dos estatutos, e do memorial como o livro da predestinação, o registro privado de Deus. Mas é muito duvidoso que devamos particularizar os pontos dessa maneira. 2. A SENTENTIAE PROMULGATIO (A PROMULGAÇÃO DA SENTENÇA). Haverá promulgação da sentença. O dia do juízo é o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, Rm 2.5. Tudo terá que ser revelado ante o tribunal do Juiz supremo, 2 Co 5.10. O senso de justiça exige isto. A sentença pronunciada sobre cada pessoa não será secreta, não será conhecida apenas pela pessoa, mas será proclamada publicamente, de maneira que pelo menos aqueles que de algum modo estão envolvidos a conhecerão. Assim, a justiça e a graça de Deus refulgirão em todo o seu esplendor. 3. A SENTENTIAE EXECUTIO (A EXECUÇÃO DA SENTENÇA). A sentença dos justos comunicará bem-aventurança eterna, e a dos ímpios, miséria eterna. O Juiz dividirá a humanidade em duas partes, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas, Mt 25.32 e segtes. Em vista do que se dirá sobre o seu estado final no próximo capítulo, não é preciso acrescentar nada mais aqui. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

O ESTADO FINAL DOS ÍMPIOS

Há especialmente três pontos que requerem consideração aqui: 1. O LUGAR PARA O QUAL OS ÍMPIOS SERÃO ENVIADOS. Na teologia dos dias atuais há uma evidente tendência, nalguns círculos, de eliminar a idéia de punição eterna. Os extincionistas, que ainda estão representados em seitas como o adventismo e a “aurora do milênio”, e os defensores da imortalidade condicional, negam a existência perpétua dos ímpios e, com isso, tornam desnecessário um lugar de punição eterna. Na teologia “liberal” moderna, a palavra “inferno” é geralmente considerada como um designativo figurado de uma condição puramente subjetiva, na qual os homens podem achar-se mesmo enquanto na terra, e a qual pode tornar-se permanente no futuro. Mas essas interpretações certamente não fazem justiça aos dados da escritura. Não pode haver dúvida razoável quanto ao fato de que a Bíblia ensina a existência permanente dos ímpios, Mt 24.5; 25.30, 46; Lc 16.19-31. Além disso, em conexão com o tema do “inferno”, a Bíblia emprega expressões indicativas de lugar o tempo todo. Ela dá ao lugar de tormento o nome de geena, nome derivado do hebraico ge (terra, ou vale) e hinnom ou beney hinnom, isto é, Hinnom ou filhos de Hinnom. Este nome foi aplicado originariamente a um vale sito a sudoeste de Jerusalém. Era o lugar em que os ímpios idólatras sacrificavam seus filhos a Moloque, fazendo-os passar pelo fogo. Daí era considerado impuro e, em tempos mais recentes, era denominado “vale de tophet” (escarro), como uma região completamente desprezada. Fogueiras ardiam ali constantemente, para consumir o lixo de Jerusalém. Como resultado, veio a ser um símbolo do lugar de tormento eterno. Mt 18.9 fala de tem geenan tou pyros, a geena de fogo, e esta expressão forte é empregada como um sinônimo de to pyr to aionion, o fogo eterno, que aparece no versículo anterior. A Bíblia fala também de uma “fornalha acesa”, Mt 13.42, e de um “lago de fogo” (ou “do fogo”), Ap 20.14, 15, que se contrasta com o “mar de vidro, semelhante ao cristal”, Ap 4.6. Os termos “prisão”, 1 Pe 3.19, “abismo”, Lc 8.31 e “tártaro”, 2 Pe 2.4 (margem), também são empregados. A Escritura se refere aos excluídos do céu dizendo que estão fora (nas trevas exteriores) e que são lançados no inferno. A descrição registrada em Lc 16.19-31 é, por certo, inteiramente descritiva de lugar. 2. O ESTADO NO QUAL CONTINUARÃO SUA EXISTÊNCIA. É impossível determinar precisamente o que constituirá a punição eterna dos ímpios, e nos convém falar mui cautelosamente sobre o assunto. Positivamente se pode dizer que consistirá em (a) ausência total do favor de deus; (b) uma interminável perturbação da vida, resultante do domínio completo do pecado; (c) dores e sofrimentos positivos no corpo e na alma; e (d) castigos subjetivos, como agonias da consciência, angústia, desespero, choro e ranger de dentes, Mt 8.12; 13.50; Mc 9.43, 44, 47, 48; Lc 16.23, 28; Ap 14.10; 21.8. Evidentemente, haverá graus na punição dos ímpios. Isto se deduz de passagens como Mt 11.22, 24; Lc 12.47, 48; 20.17. Sua punição será proporcional ao seu pecado contra a luz que receberam. Mas, não obstante, será punição eterna para todos eles. Esta verdade é exposta claramente na Escritura, Mt 18.8; 2 Ts 1.9; Ap 14.11; 20.10. Alguns negam que haverá fogo literal, porque este não poderia afetar espíritos como satanás e seus demônios. Mas, como podemos sabe-lo? Nosso corpo certamente age em nossa alma de algum modo misterioso. Haverá alguma punição positiva correspondente aos nossos corpos. É indubitavelmente certo, porém, que uma grande parte da linguagem referente ao céu e ao inferno deve ser entendida figuradamente. 3. DURAÇÃO DA SUA PUNIÇÃO. Contudo, a questão da eternidade da punição futura mercê consideração mais especial, por ser freqüentemente negada. Dizem que as palavras empregadas na escritura para “sempiterno” e “eterno” podem denotar simplesmente uma “era” ou uma “dispensação”, ou algum outro longo período de tempo. Ora, não se pode negar que são empregadas desse modo nalgumas passagens, mas isto não prova que sempre tenham este sentido limitado. Não é este o sentido literal desses termos. Sempre que são empregados assim, o são empregados figuradamente, e, nesses casos, o seu uso figurado é geralmente esclarecido pelo contexto. Além disso, há razões positivas para se pensar que essas palavras não têm aquele sentido limitado nas passagens a que nos referimos. (a) Em Mt 25.46 a mesma palavra descreve a duração, tanto da bem-aventurança dos santos como da penalidade dos ímpios. Se esta não for, propriamente falando, interminável, tampouco o será aquela; e, todavia, muitos dos que duvidam da punição eterna, não duvidam da felicidade eterna. (b) São empregadas outras expressões que não podem ser postas de lado pela consideração mencionada acima. O fogo do inferno é chamado “fogo inextinguível”, Mc 9.43; e dos ímpios se diz que “não lhes morre o verme”, Mc 9.48. Além disso, o abismo que separará santos e pecadores no futuro é descrito como fixo e intransponível, Lc 16.26. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

O ESTADO FINAL DOS ÍMPIOS

Há especialmente três pontos que requerem consideração aqui: 1. O LUGAR PARA O QUAL OS ÍMPIOS SERÃO ENVIADOS. Na teologia dos dias atuais há uma evidente tendência, nalguns círculos, de eliminar a idéia de punição eterna. Os extincionistas, que ainda estão representados em seitas como o adventismo e a “aurora do milênio”, e os defensores da imortalidade condicional, negam a existência perpétua dos ímpios e, com isso, tornam desnecessário um lugar de punição eterna. Na teologia “liberal” moderna, a palavra “inferno” é geralmente considerada como um designativo figurado de uma condição puramente subjetiva, na qual os homens podem achar-se mesmo enquanto na terra, e a qual pode tornar-se permanente no futuro. Mas essas interpretações certamente não fazem justiça aos dados da escritura. Não pode haver dúvida razoável quanto ao fato de que a Bíblia ensina a existência permanente dos ímpios, Mt 24.5; 25.30, 46; Lc 16.19-31. Além disso, em conexão com o tema do “inferno”, a Bíblia emprega expressões indicativas de lugar o tempo todo. Ela dá ao lugar de tormento o nome de geena, nome derivado do hebraico ge (terra, ou vale) e hinnom ou beney hinnom, isto é, Hinnom ou filhos de Hinnom. Este nome foi aplicado originariamente a um vale sito a sudoeste de Jerusalém. Era o lugar em que os ímpios idólatras sacrificavam seus filhos a Moloque, fazendo-os passar pelo fogo. Daí era considerado impuro e, em tempos mais recentes, era denominado “vale de tophet” (escarro), como uma região completamente desprezada. Fogueiras ardiam ali constantemente, para consumir o lixo de Jerusalém. Como resultado, veio a ser um símbolo do lugar de tormento eterno. Mt 18.9 fala de tem geenan tou pyros, a geena de fogo, e esta expressão forte é empregada como um sinônimo de to pyr to aionion, o fogo eterno, que aparece no versículo anterior. A Bíblia fala também de uma “fornalha acesa”, Mt 13.42, e de um “lago de fogo” (ou “do fogo”), Ap 20.14, 15, que se contrasta com o “mar de vidro, semelhante ao cristal”, Ap 4.6. Os termos “prisão”, 1 Pe 3.19, “abismo”, Lc 8.31 e “tártaro”, 2 Pe 2.4 (margem), também são empregados. A Escritura se refere aos excluídos do céu dizendo que estão fora (nas trevas exteriores) e que são lançados no inferno. A descrição registrada em Lc 16.19-31 é, por certo, inteiramente descritiva de lugar. 2. O ESTADO NO QUAL CONTINUARÃO SUA EXISTÊNCIA. É impossível determinar precisamente o que constituirá a punição eterna dos ímpios, e nos convém falar mui cautelosamente sobre o assunto. Positivamente se pode dizer que consistirá em (a) ausência total do favor de deus; (b) uma interminável perturbação da vida, resultante do domínio completo do pecado; (c) dores e sofrimentos positivos no corpo e na alma; e (d) castigos subjetivos, como agonias da consciência, angústia, desespero, choro e ranger de dentes, Mt 8.12; 13.50; Mc 9.43, 44, 47, 48; Lc 16.23, 28; Ap 14.10; 21.8. Evidentemente, haverá graus na punição dos ímpios. Isto se deduz de passagens como Mt 11.22, 24; Lc 12.47, 48; 20.17. Sua punição será proporcional ao seu pecado contra a luz que receberam. Mas, não obstante, será punição eterna para todos eles. Esta verdade é exposta claramente na Escritura, Mt 18.8; 2 Ts 1.9; Ap 14.11; 20.10. Alguns negam que haverá fogo literal, porque este não poderia afetar espíritos como satanás e seus demônios. Mas, como podemos sabe-lo? Nosso corpo certamente age em nossa alma de algum modo misterioso. Haverá alguma punição positiva correspondente aos nossos corpos. É indubitavelmente certo, porém, que uma grande parte da linguagem referente ao céu e ao inferno deve ser entendida figuradamente. 3. DURAÇÃO DA SUA PUNIÇÃO. Contudo, a questão da eternidade da punição futura mercê consideração mais especial, por ser freqüentemente negada. Dizem que as palavras empregadas na escritura para “sempiterno” e “eterno” podem denotar simplesmente uma “era” ou uma “dispensação”, ou algum outro longo período de tempo. Ora, não se pode negar que são empregadas desse modo nalgumas passagens, mas isto não prova que sempre tenham este sentido limitado. Não é este o sentido literal desses termos. Sempre que são empregados assim, o são empregados figuradamente, e, nesses casos, o seu uso figurado é geralmente esclarecido pelo contexto. Além disso, há razões positivas para se pensar que essas palavras não têm aquele sentido limitado nas passagens a que nos referimos. (a) Em Mt 25.46 a mesma palavra descreve a duração, tanto da bem-aventurança dos santos como da penalidade dos ímpios. Se esta não for, propriamente falando, interminável, tampouco o será aquela; e, todavia, muitos dos que duvidam da punição eterna, não duvidam da felicidade eterna. (b) São empregadas outras expressões que não podem ser postas de lado pela consideração mencionada acima. O fogo do inferno é chamado “fogo inextinguível”, Mc 9.43; e dos ímpios se diz que “não lhes morre o verme”, Mc 9.48. Além disso, o abismo que separará santos e pecadores no futuro é descrito como fixo e intransponível, Lc 16.26. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)

O ESTADO FINAL DOS JUSTOS

1. A NOVA CRIAÇÃO. O estado final dos crentes será precedido pelo passamento do presente mundo e pelo surgimento de uma nova criação. Mt 19.28 fala da “regeneração” e At 3.21, da “restauração de todas as cousas”. Em Hb 12.27 lemos: “Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas, significa a remoção dessas cousas abaladas (céus e terra), como tinham sido feitas, para que as cousas que não são abaladas (o reino de Deus) permaneçam”. Diz Pedro: “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”, 2 Pe 3.13, cf. vers. 12; e João teve uma visão dessa nova criação, Ap 21.1. Somente depois que a nova criação estiver estabelecida é que a nova Jerusalém descerá dos céus, da parte de Deus, o tabernáculo de Deus será montado entre os homens e os justos adentrarão o seu gozo eterno. Muitas vezes é levantada a questão sobre se essa criação será inteiramente nova ou se será uma renovação da presente criação. Os teólogos luteranos apóiam fortemente a primeira posição acima, recorrendo a 2 Pe 3.7-13; Ap 20.11 e 21.1, ao passo que os teólogos reformados (calvinistas) preferem a segunda idéia, para a qual encontram apoio em Sl 102.26,27 (Hb 1.10-12) e Hb 12.26-28. 2. A HABITAÇÃO ETERNA DOS JUSTOS. Muitos concebem também o céu como uma condição subjetiva, que os homens podem desfrutar no presente e que, seguindo a justiça, naturalmente se tornará permanente no futuro. Mas aqui também se deve dizer que a Escritura apresenta o céu como um lugar. Cristo ascendeu ao céu, o que só pode significar que ele foi de um lugar para outro. O céu descrito como a casa de nosso Pai, onde há muitas mansões, Jo 14.1, e esta descrição dificilmente seria válida para uma condição. Além disso, diz a Escritura que os crentes estão dentro, enquanto que os incrédulos estão fora, Mt 22.12, 13; 25.10-12. A Escritura nos dá motivos para acreditarmos que os justos herdarão, não somente o céu, mas a nova criação inteira, Mt 5.5; Ap 21.1-3. 3. A NATUREZA DA SUA RECOMPENSA. A recompensa dos justos é descrita como vida eterna, sito é, não apenas uma vida sem fim, mas a vida em toda a sua plenitude, sem nenhuma das imperfeições e dos distúrbios da presente vida, Mt 25.46; Rm 2.7. A plenitude dessa vida é desfrutada na comunhão com Deus, o que é realmente a essência da vida eterna, Ap 21.3. Eles verão a Deus em Jesus Cristo face a face, encontrarão plena satisfação nele, alegrar-se-ão nele e O glorificarão. Contudo, não devemos pensar que as alegrias do céu são exclusivamente espirituais. Haverá alguma coisa correspondente ao corpo. Haverá reconhecimento e relações sociais num plano elevado. Também é evidente na Escritura que haverá graus na bem-aventurança do céu, Dn 12.3; 2 Co 9.6. Nossas boas obras serão a medida da recompensa que receberemos pela graça, embora elas não a mereçam. Apesar disso, porém, a alegria de cada indivíduo será perfeita e completa. QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Por que o senso moral da humanidade exige um juízo futuro? 2. A quais precursores históricos do juízo final a Escritura se refere? 3. Onde se realizará o juízo final? 4. Que encorajamento há para os crentes no fato de que Cristo será o Juiz? 5. A expressão segundo a qual aquele que crê no Filho “não entrará em condenação” (ou “não entra em juízo”), Jo 5.24, não prova que os crentes não serão julgados? 6. Segundo a Escritura, que obras entrarão em consideração no juízo final? 7. Se todos os crentes herdam a vida eterna, em que sentido a sua recompensa será determinada por suas obras? 8. O propósito do juízo é dar a Deus um melhor conhecimento dos homens? 9. Qual o seu propósito? 10. Os homens se perderão definitivamente só pelo pecado de rejeitar conscientemente a Cristo? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. IV, p. 777-815; Kuyper, Dict. Dogm., De Consummatione Saeculi, p. 280-327; Vos, Geref. Dogm. V, Eschatologie, p. 32-50; Hodge, Syst., Theol. III, p. 844- 880; Shedd, Dogm. Theol., p. 659-754; ibid., Doctrine of Endless Punishment; Dabney, Syst. and Polem. Theol., p. 842-862; Litton, Introd. To Dogm. Theol., p. 581-595; Beckwith, Realities of Chr. Theol., p. 361-382; Drummond, Studies in Chr. Doct., p. 504-514; Macintosh, Theol. as an Empirical Science, p. 205-215; Dahle, Life After Death, p. 418-455; Mackintosh, Immortality and the Future, p. 180-194; King, Future Retribution; Hovey, Biblical Eschatology, p. 145-175; Von Huegel, Eternal Life; Alger, History of the Doctrine of a Future Life, p. 394-449, 508-549, 567-724; Schilder, Wat is de Hemel; Vos, The Pauline Eschatology, p. 261-316; Kliefoth, Eschatologie, p. 275-351. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)