quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Os Atributos Incomunicáveis

(Deus como o Ser Absoluto) É muito comum, na teologia, falar de Deus como o Ser absoluto. Ao mesmo tempo, o termo “absoluto” é mais característico da filosofia que da teologia. Na metafísica a expressão “o Absoluto” é um designativo do fundamento último de toda a existência; e, uma vez que o teísta fala também de Deus como o fundamento último de toda existência, às vezes se pensa que o Absoluto da filosofia e o Deus do teísmo são um só e o mesmo Ser. Não necessariamente, porém. De fato, a concepção usual do Absoluto impossibilita igualá-la ao Deus da Bíblia e da teologia cristã. O termo “Absoluto” é derivado do termo latino absolutus, composto de ab (preposição de, indicando procedência) e solvere (soltar) e, assim, significa livre quanto à condição, ou livre de limitação ou restrição. Esta idéia fundamental foi formulada da vários modos, de sorte que o Absoluto foi considerado como aquilo que é livre de todas as condições (ou Incondicionado ou Auto-existente), de todas as relações (o Irrelacionado), de todas as imperfeições (o perfeito), ou livre de todas as diferenças ou distinções fenomenológicas, como matéria e espírito, ser e atributos, sujeito e objeto, aparência e realidade (o Real, a Realidade última). A resposta à questão, se o Absoluto da filosofia pode ser identificado com o Deus da teologia, depende do conceito que se tenha do Absoluto. Se Spinoza concebe o Absoluto como único Ser Auto-subsistente, do qual todas as coisas particulares são apenas modos transitórios, identificando assim Deus e o mundo, não podemos compartir sua idéia de que este Absoluto é Deus. Quando Hegel vê o Absoluto é Deus. Quando Hegel vê o Absoluto como a unidade do pensamento e do ser, como totalidade de todas as coisas, que inclui todas as relações, e em que todas as discordâncias do presente se resolvem em perfeita unidade, de novo achamos impossível segui-lo na consideração deste Absoluto como Deus. E quando Bradley declara que o seu Absoluto não se relaciona com nada, e que não pode existir nenhuma relação prática entre ele e a vontade finita, concordamos com ele que o seu Absoluto não pode ser o Deus da religião cristã, pois este Deus entra em relação com criaturas finitas. Bradley não consegue conceber o Deus da religião senão como um Deus finito. Mas quando o Absoluto é definido como a Causa Primeira de todas as coisas existentes, ou como o fundamento último de toda realidade, ou como o único Ser auto-existente, pode ser considerado idêntico ao Deus da teologia. Ele é auto-suficiente, mas ao mesmo tempo pode entrar livremente em várias relações com Sua criação como um todo e com Suas criaturas. Enquanto os atributos incomunicáveis salientam o Ser Absoluto de Deus, os atributos comunicáveis acentuam o fato de que ele entra em várias relações com as Suas criaturas. No presente capítulo serão consideradas as Seguintes perfeições de Deus: (Teologia Sistemática - Louis Berkhof. Pg. 50)