terça-feira, 22 de abril de 2014

Os Nomes de Deus do Velho Testamento e Seu Significado

1. ‘EL, ‘ELOHIM, ‘ELYON. O nome mais simples pelo qual Deus é designado no Velho Testamento é o nome ‘El, possivelmente derivado de ‘ul, quer no sentido de ser primeiro, ser senhor, quer no de ser forte e poderoso. O nome ‘Elohim (sing. ‘Eloah) deriva provavelmente da mesma raiz ou de ‘alahh, estar ferido pelo temor; portanto, mostra Deus como o Ser forte e poderoso, ou como objeto de temor. O nome raramente ocorre no singular, exceto na poesia. O plural deve ser considerado como intensivo e, portanto, serve para indicar plenitude de poder. O nome ‘Elyon é derivado de ‘alah, subir, ser elevado, e designa Deus como alto e exaltado Ser, Gn 14.19,20; Nm 24.16; Is 14.14. Encontra-se especialmente na poesia. Contudo, estes nomes não são nomina propria, no sentido estrito da palavra, pois também são empregados com referência a ídolos, Sl 95.3; 96.5; a homens, Gn 33.10; Êx 7.1; e a governantes, Jz 5.8; Êx 21.6; 22.8-10; Sl 82.1. 2. ‘ADONAI. Este nome relaciona-se com os anteriores, quanto ao seu significado. É derivado de dun (din) ou de ‘adan, ambos os quais significam julgar, governar e , assim, revelam Deus como Governante todo-poderoso, a quem tudo está sujeito e com quem tudo está sujeito e com quem o homem se relaciona como servo. Nos primeiros tempos, era o nome com o qual Israel normalmente se dirigia a Deus. Com o tempo foi suplantado pelo nome Jeová (Yahweh). Todos os nomes mencionados até aqui descrevem Deus como Altíssimo, o Deus transcendente. Os nomes subseqüentes mostram que este Ser exaltado condescendeu em estabelecer relação com as Suas criaturas. 3. SHADDAI e ’EL-SHADDAI. O nome Shaddai é derivado de shadad, ser poderoso, e indica que Deus possui todo o poder no céu e na terra. Segundo outros, porém, é derivado de shad, senhor. Num ponto importante difere de ‘Elohim, o Deus da criação e da natureza, em que Shaddai considera a Deus como sujeitando todos os poderes da natureza e fazendo-os subservientes à obra da graça divina. Embora dê ênfase à grandiosidade de Deus, não apresenta como objeto de temor e terror, mas como fonte de bem-aventurança e consolação. É o nome com o qual Deus apareceu a Abraão, o pai dos que crêem, Êx 6.2. 4. YAHWEH e YAHWEH TSEBHAOTH. É especialmente no nome Yahweh, que gradativamente superou os nomes anteriores, que Deus se revela o Deus da graça. Sempre foi tido como o mais sagrado e o mais distintivo nome de Deus, o nome incomunicável. Os judeus temiam supersticiosamente usá-lo, visto que liam Lv 24.16 como segue: “Aquele que mencionar o nome de Yahweh será morto”. Daí, ao lerem as Escrituras, substituíram-no por ‘Adonai ou por ‘Elohim; e os massoretas, embora deixando as consoantes intactas, ligaram a elas as vogais de um destes nomes, geralmente o de ‘Adonai. A verdadeira derivação do nome, e sua pronúncia e sentido de origem, estão mais ou menos perdidos na obscuridade. O Pentateuco liga o nome ao verbo hebraico hayah, ser, Êx 3.13, 14. Da força dessa passagem podemos supor que, com toda probabilidade, o nome deriva de uma forma arcaica daquele verbo, a saber, Hawah. No que se refere à forma, pode ser considerado como a terceira pessoa do imperfeito de qal ou de hiphil, mais provavelmente de qal. O sentido é explicado em Êx. 3.14, onde se traduz, “Eu sou o que sou” ou “Eu serei o que serei”. Assim interpretado, o nome indica a imutabilidade de Deus. Contudo, não se tem tanto em vista a imutabilidade do Seu Ser essencial, mas mormente a imutabilidade de Sua relação com o Seu povo. O nome contém a segurança de que Deus será para o povo dos dias de Moisés o que foi para os seus pais – Abraão, Isaque e Jacó. Salienta a fidelidade pactual de Deus, é Seu nome próprio par excellence, Êx 15.3; Sl 83.19; Os 12.6; Is 42.8, e, portanto, não é empregado com referência a ninguém mais, senão unicamente com referência ao Deus de Israel. O caráter exclusivo deste nome transparece do fato de que nunca ocorre no plural nem com sufixo. Yah e Yahu são formas abreviadas dele, formas que nunca se acham principalmente em nomes compostos. Muitas vezes o nome Yahweh é fortalecido pelo acréscimo de Tsebhaoth. Orígenes e Jerônimo o consideravam uma aposição, porque Yahweh não admite condição de construto. Mas esta interpretação não tem suficiente suporte e dificilmente propicia um sentido inteligível. É deveras difícil determinar a que se refere o vocábulo tsebhaoth. Há três opiniões principais: a. Os exércitos de Israel. Pode-se muito bem pôr em dúvida o acerto desta maneira de ver. A maior parte das passagens citadas em apoio desta idéia não prova o ponto; somente três delas contém um indício de prova, a saber, 1 Sm 4.4; 17.45; 2 Sm 6.2, ao passo que uma delas, 2 Rs 19.31, é muito desfavorável a este ponto de vista. Enquanto o plural tsebhaoth é empregado para designar os exércitos do povo de Israel, o exército é normalmente indicado pelo singular. Isto milita contra a noção, inerente a esta teoria, de que, no nome em consideração, o termo se refere ao exército de Israel. Além disso, é evidente que, pelo menos nos Profetas, o nome “Senhor dos Exércitos” não se refere ao Senhor como Deus de guerra. E se o sentido do nome mudou, o que foi que ocasionou a mudança? b. As estrelas. Mas, ao falar do exército dos céus, as Escrituras sempre empregam o singular, e nunca o plural. Além do mais, as estrelas são chamadas o exército do céu, mas nunca o exército de Deus. c. Os anjos. Esta interpretação merece preferência. O nome Yahweh Tsebhaoth acha-se muitas vezes em contextos em que os anjos são mencionados: 1 Sm 4.4; 2 Sm 6.2; Is 37.16; Os 12.4, 5; Sl 80.1, 4, 7, 14, 19; 89.6, 8. Os anjos são repetidamente descritos como um exército que circunda o trono de Deus, Gn 28.12; 32.2; Js 5.14; 1 Rs 22.19; Sl 68.17; 103.21; 148.2; Is 6.2. É verdade que neste caso o singular é também usado no geral, mas esta objeção não é grave, pois a Bíblia indica também a existência de várias divisões de anjos, Gn 32.2; Dt 33.2; Sl 68.17. Ademais, esta interpretação está em harmonia com o significado do nome, que não tem matiz marcial, mas expressa a glória de Deus como Rei, Dt 33.2; 1 Rs 22.19; Sl 24.10; Is 6.3; 24.23; Zc 14.16. Então, o Senhor dos Exércitos é Deus como o Rei da glória, cercado de hostes angelicais, governa o céu e aterra no interesse do Seu povo e recebe glória de todas as Suas criaturas. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 42)