sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Diferentes interpretações da expressão do Credo

(1) A Igreja Católica Romana a entende no sentido de que, após a Sua morte, Cristo foi para o Limbus Patrum (Limbo dos pais), onde os santos do Velho Testamento estavam aguardando a revelação e aplicação da Sua obra redentora, pregou-lhes o Evangelho e os levou para o céu. (2) Os luteranos consideram a descida ao hades como o primeiro estágio da exaltação de Cristo. Cristo foi ao mundo inferior para revelar e consumar a Sua vitória sobre Satanás e sobre os poderes das trevas, e para pronunciar a sentença de condenação deles. Alguns luteranos localizam essa marcha triunfal entre a morte de Cristo e Sua ressurreição; outros, após a ressurreição. (3) A Igreja da Inglaterra sustenta que, enquanto o corpo de Cristo estava no túmulo, a alma foi ao hades, mais particularmente ao paraíso, a habitação das almas dos justos, e lhes fez uma exposição mais completa da verdade. (4) Calvino interpreta a frase metaforicamente, entendendo que se refere aos sofrimentos penais de Cristo na cruz, onde Ele sofreu realmente as angústias do inferno. A interpretação do catecismo de Heidelberg é parecida. Segundo a posição reformada (calvinista) usual, as palavras se referem não somente aos sofrimentos de Cristo na cruz, mas também às agonias do Getsêmani. (5) A Escritura certamente não ensina uma descida literal ao inferno. Além disso, há sérias objeções a esse conceito. Ele não pode ter descido ao inferno quanto ao corpo, pois este se achava no sepulcro. Se Ele desceu realmente ao inferno, só pode ter sido quanto à Sua alma, o que significaria que somente a metade da Sua natureza humana teve participação nesse estágio da Sua humilhação (ou exaltação). Ademais, enquanto Cristo não ressurgisse dos mortos, não teria chegado ainda a ocasião para a marcha triunfal, como os luteranos supõem. E, finalmente, na hora da Sua morte Cristo encomendou Seu espírito ao Seu Pai. Isto parece indicar que Ele esteve passivo, e não ativo, desde a hora da Sua morte até quando saiu do túmulo. De modo geral, parece melhor combinar dois pensamentos: (a) que Cristo sofreu as angústias do inferno antes da Sua morte, no Getsêmani e na cruz; e (b) que Ele adentrou a mais profunda humilhação do estado de morte. QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Como o estado e a condição se relacionavam reciprocamente, no caso de Adão, quando ele caiu? 2. E no caso do verbo fazendo-se carne? 3. Como eles se relacionam, na redenção dos pecadores? 4. O estado e a condição da pessoa sempre se correspondem um ao outro? 5. Como se deve definir o estado de humilhação? 6. O que Kuyper quer dizer quando distingue entre status generis e o status modi (os estados de espécie e de dimensão)? 7. Que estágios ele distingue no estado de humilhação? 8. Há alguma prova bíblica do nascimento virginal, excluindo-se os evangelhos segundo Mateus e Lucas? 9. Quais são os sustentáculos doutrinários desta doutrina? 10. As teorias da origem mítica da idéia do nascimento virginal foram considerados adequadas? 11. Que entendemos pela sujeição de Cristo à lei? 12. Em que relação legal fica Ele como Mediador durante a Sua humilhação? 13. A natureza humana de Cristo era inerentemente sujeita à lei da morte? 14. A morte eterna, no caso de Cristo, inclui todos os elementos que estão incluídos na morte eterna, no caso de Cristo, incluiu todos os elementos que estão incluídos na morte eterna dos pecadores? 15. Como se pode conceber o sepultamento do Salvador, como prova de que Ele realmente morreu? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA:Bavinck, Geref. Dogm.III, p. 455-469; Kuyper, Dict. Dogm., De Christo II, p. 59-108; ibid., De Vleeschowording des Woordes; Hodge, Syst. Theol, II, p. 612-625; Shedd, Dogm. Theol., p. 330-348; McPherson, Chr. Dogm., p. 321-326; Litton, Introd. To Dogm. Theol.,p. 175-191; Pieper, Christl. Dogm.II, p. 358-378; Schimid., Doct. Theol. Of the Ev. Luth.Church., p.383-406; Valentine, Chr. Theol. II, p. 88-95; Heppe, Dogm. Der ev. – ref. Kirche, p. 351-356; Ebrard, Christl. Dogm. II, p. 189-226; Mastricht, Godgeleerdheit II, p. 601-795; Synopsis Purioris, p. 262-272; Turrentino, Opera, Locus XIII, perg. IX-XVI; Marchen, The Virgin Birth of Christ; Orr, The Virgin Birth of Chist; Sweet, The Birth and Infancy of Jesus Christ; Cooke, Did Paul Konow the Virgin Birth? Knowling, The Virgin Birth; Barth, Credo, p. 62-94; Brunner, The Mediator, p. 303-376. (Berkhof, L – Teologia Sistemática pg. 338)