segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CONCEITO BÍBLICO DE ESTADO INTERMEDIÁRIO

1. DESCRIÇÃO BÍBLICA DOS CRENTES ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO. A posição usual das igrejas reformadas (calvinistas) é que as almas dos crentes, imediatamente após a morte, ingressam nas glórias do céu. Em resposta à pergunta, “Que consolo te dá a ressurreição do corpo?”, o Catecismo de Heidelberg diz: “Que minha alma, após esta vida, não somente é levada de imediato a Cristo, sua Cabeça, mas também que este meu corpo, ressuscitado pelo poder de Cristo, se unirá de novo à minha alma e virá a ser como o corpo glorioso de Cristo”. A Confissão de Westminster fala com o mesmo espírito quando afirma que, na morte, “As almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas na santidade, são recebidas no mais alto dos céus, onde vêem a face de Deus em luz e glória, esperando a plena redenção dos seus corpos”. De modo similar, a Segunda Confissão Helvética declara: “Cremos que os fiéis, depois da morte física, vão diretamente para Cristo”. Vê-se que este conceito encontra ampla justificação na Escritura, e é bom tomar nota disto, visto que durante o ultimo quarto do século* alguns teólogos reformados (calvinistas) assumiram a posição de que os crentes, ao morrerem, entram num lugar intermediário e ali permanecem até o dia da ressurreição. Todavia, a Bíblia ensina que a alma do crente, quando separada do corpo, entra na presença de Cristo. Diz Paulo, “estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor”, 2 Co 5.8. Aos filipenses ele escreve que o tem “o desejo de partir e estar com Cristo”, Fp 1.23. E Jesus deu ao malfeitor arrependido a jubilosa certeza, “Hoje estarás comigo no paraíso”, Lc 23.43. E estar com Cristo é também estar no céu. À luz de 2 Co 12.3, 4, “paraíso” só pode ser um designativo do céu. Além disso, Paulo afirma que, “se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus”, 2 Co 5.1. E o escritor de Hebreus anima os corações dos seus leitores com este pensamento, entre outros, que eles chegaram “à universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus”, Hb 12.22, 23. Que o estado futuro dos crentes, após a morte, merece muito maior preferência, comparado com o estado presente, vê-se claramente nas asserções de Paulo em 2 Co 5.8 e Fp 1.23, acima citadas. É um estado no qual os crentes estão verdadeiramente vivos e plenamente conscientes, Lc 16.19-31; 1 Ts 5.10; um estado de repouso e felicidade sem fim, Ap 14.13. 2. DESCRIÇÃO BÍBLICA DO ESTADO DOS ÍMPIOS ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO. Diz a Confissão de Westminster que as almas dos ímpios, após a morte, “soa lançadas no inferno, onde ficarão, em tormentos e em trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia final”. Ademais, acrescenta: “Além destes dois lugares (céu e inferno) destinados às almas separadas de seus respectivos corpos, as Escrituras não reconhecem nenhum outro lugar”. E a Segunda Confissão Helvética prossegue, depois da citação acima feita: “De modo semelhante, cremos que os incrédulos são precipitados no inferno, do qual não há retorno aberto para os ímpios, pois coisa alguma que os que vivem façam”. A única passagem que realmente pode ser focalizada aqui é a parábola do rico e Lázaro, em Lucas 16, onde hades denota inferno, o lugar de tormento eterno. O rico achou-se no lugar de tormento; sua condição é descrita como fixa para sempre; e ele estava cônscio da sua condição miserável, procurou lenitivo para a dor que estava sentindo, e mostrou desejo de que os seus irmãos fossem advertidos, para que evitassem semelhante condenação. Em acréscimo a essa prova direta, há também uma prova mediante dedução. Se os justos entram em seu estado eterno imediatamente, a pressuposição é que isso é igualmente verdadeiro quanto aos ímpios também. Deixamos fora de consideração aqui um par de passagens, de interpretação incerta, a saber, 1 Pe 3.19 e 2 Pe 2.9. (Louis Berkhof – Teologia Sistemática Pg684)