terça-feira, 27 de agosto de 2013

A IDÉIA DA PROVIDÊNCIA

Pode-se definir a providência como o permanente exercício a energia divina, pelo qual o Criador preserva todas as Suas criaturas, opera em tudo que se passa no mundo e dirige todas as coisas para o seu determinado fim. Esta definição indica que há três elementos na providência, a saber, a preservação (conservatio, sustentatio), a concorrência ou cooperação (concursus, co-operatio), e o governo (gubernatio). Calvino, o Catecismo de Heidelberg e alguns dos dogmáticos mais recentes (Dabney, os Hodge, Dick, Shedd, McPherson) falam de dois elementos apenas, a saber, da preservação e do governo. Não quer dizer, porém, que eles queiram excluir o elemento da concorrência, mas somente que o consideram incluído nos outros dois, indicando a maneira pela qual Deus preserva e governa e mundo. McPherson parece pensar que só alguns dos grandes teólogos luteranos adotaram a divisão tríplice; mas nisto se engana, pois a referida divisão é muito comum nas obras dos dogmáticos holandeses desde o século dezessete (Mastricht, à Marck, De Moor, Brakel, Francken, Kuyper, Bavinck, Vos, Honig). Eles abandonaram a divisão mais antiga porque desejavam dar maior proeminência ao elemento da concorrência, para proteger-se dos perigos do deísmo e do panteísmo. Mas, conquanto distingamos três elementos na providência, devemos lembrar que estes três nunca estão separados, na obra de Deus. Embora a preservação se refira à existência, a concorrência à atividade e ao governo à direção de todas as coisas, jamais se deve entender isso num sentido exclusivo. Na preservação há também um elemento de governo, no governo um elemento de concurso, e no concurso em elemento de preservação. O panteísmo não distingue entre a criação e a providência, mas o teísmo acentua uma dupla distinção: (a) A criação é o chamamento à existência daquilo que antes não existia, enquanto que a providência continua ou faz continuar aquilo que já foi chamado à existência. (b) na criação não pode haver cooperação da criatura com o Criador, mas na providência concorrem a Causa primeira e causas secundárias. A Escritura sempre distingue ambas. (Teologia Sistemática - louis Berkhof. Pg. 160)