segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Deus como Trindade em Unidade

A palavra “Trindade” não é tão expressiva como a palavra holandesa “Drieenheid”, pois pode simplesmente denotar o estado tríplice (ser três), sem qualquer implicação quanto à unidade dos três. Geralmente se entende, porém, que, como, termo técnico na teologia, inclui essa idéia. Mesmo porque, quando falamos da Trindade de Deus, nos referimos a uma trindade em unidade, e a uma unidade que é trina. 1. A PERSONALIDADE DE DEUS E A TRINDADE. Como acima foi exposto, os atributos comunicáveis de Deus salientam a Sua personalidade, desde que O revelam como um Ser moral bem como racional. Sua vida se nos apresenta claramente na Escritura como uma vida pessoal; e naturalmente, é da maior importância sustentar a verdade da personalidade de Deus, pois, sem ela não pode haver religião no real sentido da palavra: nem oração, nem comunhão pessoal, nem entrega confiante, nem confiante esperança. Visto que o homem foi criado à imagem de Deus, podemos compreender algo da vida pessoal de deus pela observação da personalidade como a conhecemos no homem. Contudo, precisamos ter o cuidado de não estabelecer a personalidade humana como padrão pelo qual avaliar a personalidade de Deus.A forma original da personalidade não está no homem, mas Deus; Sua personalidade é arquetípica, ao passo que a do homem é ectípica. Esta não é idêntica àquela, mas contém tênues traços de similaridade com ela. Não devemos dizer que o homem é pessoal e Deus é superpesssoal (expressão deveras infeliz), pois o que é superpessoal não é pessoal; ao invés disso, devemos dizer que, aquilo que aparece como imperfeito no homem, existe com infinita perfeição em Deus. A grande diferença entre ambos é que o homem é unipessoal, enquanto que Deus é tripessoal. E esta existência tripessoal é uma necessidade do Ser Divino, e em nenhum sentido resulta de uma escolha feita por Deus, Ele não poderia existir em nenhuma outra forma que não a forma tripessoal. Esta verdade tem sido defendida de várias maneiras. Uma argumentação muito comum em seu favor provém da própria idéia de personalidade. Shedd baseia o seu argumento na auto consciência geral do Deus triúno, como distinta da autoconsciência individual e particular de cada uma das Pessoas da Divindade, pois na autoconsciência o sujeito tem que se conhecer a si mesmo como objeto, e também percebe que o faz. Isso é possível em Deus em razão de Sua existência trina. Argumenta Shedd que Deus não poderia contemplar-se a Si mesmo, conhecer-se e comunicar-se Consigo mesmo, se não fosse trino em sua constituição. Bartlett apresenta de maneira interessante várias considerações para provar que Deus é necessariamente tripessoal. A argumentação que parte da personalidade, para provar ao menos que há pluralidade em Deus, pode ser expressa de forma semelhante a esta: Entre os homens o ego só se desperta para a consciência por meio do contato com o não-ego. A personalidade não se desenvolve nem existe na isolação, mas somente associada a outras pessoas. Daí, não é possível conceituar a personalidade de Deus independentemente de uma associação de pessoas iguais nele. Seu contato com Suas criaturas não se explica a Sua personalidade, do mesmo modo como o contato do homem com os animais não explica a sua personalidade. Em virtude da existência tripessoal de Deus, há uma infinita plenitude da vida divina nele. Paulo fala desta pleroma (plenitude) da Divindade em Ef 3.19 e Cl 1.9; 2.9. Em vista do fato de que há três pessoas em Deus dizer que Deus é pessoal é melhor do que falar dele como uma Pessoa. (Teologia Sistemática – Loius Berkhof. Pg. 78)