sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

OBJEÇÕES À DOUTRINA DA ABSOLUTA NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO

Há especialmente duas objeções muitas vezes levantadas contra a idéia de que Deus tinha que exigir satisfação para poder perdoar o pecado e, porque não havia outro meio, constituiu Seu unigênito Filho um sacrifício pelo pecado do mundo. 1. ISSO TORNA DEUS INFERIOR AO HOMEM. O homem pode perdoar gratuitamente os que o ofendem, e muitas vezes o faz, mas, de acordo com o conceito que está sendo considerado, Deus não pode perdoar enquanto na recebe satisfação. Quer dizer que ele é menos bom e menos caridoso que os homens pecadores. Mas os que levantam esta objeção deixam de observar que Deus não pode ser simplesmente comparado com um indivíduo particular que, sem cometer injustiça, pode esquecer as ofensas pessoais por ele sofridas. Deus é o juiz de toda a terra e, nesta capacidade, deve manter a lei e exercer estrita justiça. Um juiz pode ser muito bondoso e generoso, e pode perdoar particularmente, como indivíduo, mas em sua capacidade oficial ele deve cuidar que a lei siga o seu curso . Além disso, esta objeção ignora completamente o fato de que Deus não estava sob a orientação de abrir um caminho de redenção para o homem desobediente e decaído, mas, com perfeita justiça, podia ter deixado o homem na perdição por ele escolhida. A base da Sua determinação de redimir bom número de membros da raça humana e, nestes, a própria raça, só se pode achar em Seu beneplácito. O amor aos pecadores assim revelado não foi despertado por alguma consideração da satisfação exigida, mas foi inteiramente soberano e livre. O próprio Mediador foi uma dádiva que, naturalmente , não podia depender da expiação. E finalmente, não devemos esquecer que Deus mesmo forjou a expiação. Ele teve que fazer um tremendo sacrifício, o sacrifício do Seu único e bem-amado Filho, para salvar os Seus inimigos. 2. A objeção que acabamos de examinar muitas vezes vai de mãos dadas com outra, qual seja, que este conceito da absoluta necessidade da expiação pressupõe uma cisão na visa trinitária de Deus, e esta é uma idéia deveras monstruosa. Diz David Smith, o auto de In the Days of His Flesh (Nos Dias da Sua Carne): “Ela (a teoria penal da satisfação) coloca um abismo entre Deus e Cristo, representando Deus como Juiz severo que insistia na execução da justiça, e Cristo como o compassivo Salvador que se interpôs e satisfez a Sua exigência legal e apaziguou a Sua justa ira. Eles não estão unidos, nem em Suas atitudes para com os pecadores, nem nas funções que desempenham. Deus é propiciado, Cristo propicia; Deus exige a punição, Cristo a sofre; Deus cobra o débito, Cristo o paga”. Esta objeção também se baseia num mal entendido do qual, pelo menos em parte, têm culpa aqueles cristãos que falam e cantam como se Cristo, e não o Deus triúno, fosse exclusivamente ao autor da salvação deles. A Bíblia nos ensina que o Deus triúno providenciou livremente a salvação dos pecadores. Não havia alguma que O constrangesse. O pai fez o sacrifício do Seu filho, e o filho ofereceu-se voluntariamente. Não houvesse cisão, mas, sim, a mais bela harmonia entre o pai e o Filho. Cf. Sl 40. 6-8; Lc 1.47-50, 78; Ef 1.3-14; 2. 4-10; 1 Pe 1.2. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.367)