sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

PROVAS BÍBLICAS DA EXPIAÇÃO VICÁRIA DE CRISTO

A Bíblia certamente ensina que os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários, e vicários no sentido estrito da palavra, que Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles Lhe foi imputada e a punição que mereciam foi transferida para Ele. Não é nada disso que Bushnell quer dizer quando fala do “sacrifício vicário” de Cristo. Para ele, isto significa apenas que Cristo levou sobre Si os nossos pecados “em Seu sentimento”, inseriu-se no mau destino dos pecadores por Sua simpatia, como amigo, e até mesmo se dedicou, e dedicou Sua vida, a um esforço pela restauração da misericórdia; numa palavra, que Ele levou sobre Si os nossos pecados no mesmo sentido em que levou sobre Si as nossas enfermidades”. Os sofrimentos de Cristo não foram tão somente os sofrimentos que um amigo padece por simpatia, mas, sim, foram os sofrimentos substitutivos do Cordeiro de Deus pelos pecados do mundo. As provas escriturísticas disto podem ser classificadas como segue: (1) O Velho Testamento nos ensina a considerar como vicários os sacrifícios que eram apresentados sobre o altar. Quando o israelita apresentava um sacrifício ao Senhor, tinha que pôr a mão sobre a cabeça do sacrifício e confessar o seu pecado. Este ato simbolizava a transferência do pecado para a oferta e a tornava apta para expiar o pecado do ofertante, Lv 1.4. Cave e outros consideram esse ato apenas como um símbolo de dedicação. Mas isto não explica a razão pela qual a imposição das mãos habilitava o sacrifício a fazer expiação pelo pecado. Tampouco está em harmonia com o que aprendemos a respeito do significado da imposição das mãos no caso do bode expiatório em Lv 16.20-22. Após a imposição das mãos, a morte era infligida vicariamente ao animal oferecido em sacrifício. A significação disto é claramente indicada na passagem clássica que se acha em Lv 17.11: “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida”. Diz o dr. Vos: “O animal sacrificial toma, em sua morte, o lugar da morte que cabia ao ofertante. É pena por pena”. Os sacrifícios assim apresentados eram prefigurações do grande e único sacrifício de Jesus Cristo. (2) Há várias passagens na Escritura que falam dos nossos pecados sendo lançados sobre Cristo e de Cristo levando sobre Si o pecado ou a iniqüidade, Is 53.6, 12; Jo 1.29; 2 Co 5.21; Gl 3.13; Hb 9.28; 1 Pe 2.24. Com base na Escritura podemos, pois, dizer que os nossos pecados são imputados a Cristo. Não significa que a nossa pecaminosidade foi transferida para Ele – coisa em si mesma completamente impossível – mas, sim, que a culpa do nosso pecado Lhe foi imputada. Diz o dr. A. A. Hodge: “Pode-se considerar o pecado (1) em sua natureza formal, como transgressão da lei, 1 Jo 3.4; ou (2) como qualidade moral inerente ao agente (macula, Mácula), Rm 6.11-13; ou (3) com respeito à sua obrigação legal para com a punição (reatus, condição de réu, culpabilidade). Somente neste último sentido sempre se diz que o pecado de u é lançado sobre ou é por este levado sobre si”. Estritamente falando, então, a culpa do pecado, como coisa passível de punição, foi imputada a Cristo; e esta só pôde ser transferida porque não era inerente à pessoa do pecador, mas era uma coisa objetiva. (3) Finalmente, há diversas passagens em que as preposições peri, hyper e anti são empregadas em conexão com a obra realizada por Cristo em favor dos pecadores. A idéia de substituição é menos expressa pela primeira, e mais pela última preposição. Mas, mesmo para a interpretação de hyper e anti, temos que depender grandemente do contexto, pois, embora a primeira signifique realmente “a favor de”, “no interesse de”, pode expressar, e nalguns casos expressa, a idéia de substituição, e embora a última possa significar “em lugar de”, nem sempre tem esse sentido. É muito interessante notar que, de acordo com Deismann, encontraram-se nas inscrições vários exemplos do uso de hyper significando “como representante de”. Vemos um emprego parecido desta preposição em Filemom 13. Em passagens como Rm 5.6-8; 8.32; Gl 2.20; Hb 2.9, provavelmente significa “em lugar de”, embora também possa ser traduzida por “em favor de”; mas em Gl 13.13; Jo 11.50; 2 Co 5.15, certamente significa “em lugar de”. Diz Robertson que só a violência ao texto poderá evitar esse sentido ali. A preposição anti significa claramente “em lugar de” em Mt 2.22; 5.38; 20.28; Mc 10.45. Segundo Robertson, qualquer outro sentido do termo está fora de questão nessas passagens. A mesma idéia é expressa em 1 Tm 2.6. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.373)