sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

PROVAS DA NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO

As provas da necessidade da expiação são mais de caráter inferencial, mas, não obstante, são de considerável importância. 1. Pelo que se vê, é claro ensino da Escritura que Deus, em virtude da Sua retidão e santidade divina, não pode simplesmente passar por alto o desafio feito a Sua majestade infinita, mas necessariamente deve visitar com punição o pecado. Diz-nos repetidamente a Bíblia que de modo algum Ele absorverá o culpado, Ex 34.7; Nm 14.18; Na 1.3. Ele odeia o pecado com ódio divino; todo o Seu Ser reage contra ele, Sl 5.4-6; na 1.2; Rm 1.18. Paulo argumenta, em Rm 3.25,26, que era necessário que Cristo fosse oferecido como sacrifício expiatório pelo pecado, a fim de que Deus pudesse ser justo ao justificar o pecador. O importante era que a justiça de Deus fosse mantida. Isto mostra claramente o fato de que a necessidade da expiação decorre da natureza divina. 2. Isto leva diretamente ao segundo argumento. A majestade e a imutabilidade da lei divina inerente à própria natureza de Deus fez-lhe necessário exigir satisfação do pecador. A transgressão da lei traz inevitavelmente consigo a penalidade.Ela é inviolável precisamente porque está baseada na própria natureza de Deus e não é, como queria Socino, um produto da Sua vontade livre, Mt 5.18. O princípio geral da lei se expressa com estas palavras: “maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo”, Dt 27.26. E se Deus queria salvar o pecador, a despeito do fato de que este não podia satisfazer as exigências da lei, tinha que fazer provisão para uma satisfação vicária como base para a justificação do pecador. 3. A necessidade da expiação também se infere da veracidade de Deus, que é o Deus da verdade e não pode mentir. “Deus não é o homem, para que minta: nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou tendo falado, não o cumprirá?”, Nm 23.19. “Seja Deus verdadeiro”, afirma Paulo, “e mentiroso todo homem”, Rm 3.4. Quando Deus entrou em aliança de obras com o homem, decretou que a morte seria a penalidade da desobediência. Esse princípio tem expressão em muitas outras palavras da escritura, como Ez 18.4; Rm 6.23. A veracidade de Deus exigia que a penalidade fosse executada, e se é que os pecadores devia ser salvos, a pena teria que ser executada na vida de substituto. 4. Pode-se tirar a mesma conclusão da natureza do pecado como culpa. Se o pecado fosse apenas uma fraqueza moral, um resíduo de um estado pré-humano que gradativamente foi sujeitando a natureza superior do homem, não se requeria expiação. Mas, segundo a Escritura, o pecado é uma coisa muito mais odiosa que aquilo. Negativamente, é anomia, vidas em lei, e positivamente, transgressão da lei e, portanto, culpa, 1 Jo 3.4; Rm 2.25, 27, e a culpa torna a pessoa devedora à lei e requer, ou uma expiação pessoal, ou uma expiação vicária. 5. A maravilhosa grandeza do sacrifício que Deus providenciou implica a necessidade da expiação. Deus deu o Seu unigênito Filho para que Este se sujeitasse a terríveis sofrimentos e a uma morte vergonhosa. Ora, não se concebe que Deus o fizesse desnecessariamente. Diz acertadamente o dr. A. A. Hodge: “Este sacrifício seria sumamente irrelevante se fosse algo menos que absolutamente necessário, em relação ao fim destinado a ser atingido – isto é, a menos que fosse realmente o único meio possível de salvação do pecador. Certamente Deus não teria feito do Seu Filho um sacrifício de brinquedo, para satisfazer um capricho da vontade”. Também é digno de nota que Paulo argumenta em Gl 3.21 que Cristo não teria sido sacrificado, se a lei pudesse dar vida. A Escritura fala explicitamente que os sofrimentos de Cristo são necessários, em Lc 24.26; Hb 2.10; 8.3; 9.22, 23. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.366)