quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A TEORIA DO ARREPENDIMENTO VICÁRIO

Esta teoria de McLeod Campbell é também chamada teoria da simpatia* e identificação. Parte da suposição gratuita de que um arrependimento perfeito teria valido como suficiente expiação pelo pecado, se tão somente o homem fosse capaz de experimentar um verdadeiro arrependimento, o que ele não era. Pois bem, Cristo ofereceu a Deus, pelo bem da humanidade, o requerido arrependimento e, ao fazê-lo, preencheu as condições para o perdão. Sua obra consistiu realmente na vicária confissão do pecado, para beneficio do homem. Surge naturalmente a questão sobre como a morte de Cristo se relaciona com este arrependimento e esta confissão vicários., E a resposta é que Cristo, por Seu sofrimento e morte, entrou simpaticamente na condenação que o Pai aplicou ao pecado, o que foi visto pelo Pai como uma perfeita confissão dos nossos pecados. Esta condenação do pecado também é planejada para produzir no homem aquela santidade que Deus exige da humanidade pecadora. Esta teoria labora sob as seguintes dificuldades. 1. Pode-se compreender prontamente que Cristo, como homem, entrou simpaticamente em nossas aflições e tentações, e na percepção das nossas fraquezas: mas não se vê claramente como é que a encarnação O habilitou a entrar num co-sentimento conosco no que diz respeito aos nossos pecados. Ele era sem pecado, totalmente estranho ao pecado entendido como forca corruptora em Sua vida, e, portanto, dificilmente poderia identificar-se num sentido moral com os pecadores. 2. Embora se possa admitir que, segundo a Escritura, Cristo simpatizou com os pecadores que Ele veio salvar, esta simpatia certamente não é apresentada como sendo a totalidade ou mesmo a parte mais importante da Sua obra redentora. Toda a ênfase recai no fato de que Ele sofreu vicariamente as penas devidas aos pecadores e satisfez as exigências da lei numa vida de obediência. Não obstante, esta teoria, apesar de reconhecer a justiça retributiva de Deus e o demérito do pecado, nega a necessidade e a possibilidade da substituição penal, e assevera que a obra de Cristo a favor dos pecadores consistiu, não em Seu sofrimento por eles, mas na confissão vicária dos pecados deles. 3. A teoria segue princípios errôneos, a saber, que o pecado não torna necessariamente os homens passíveis de punição; que a justiça e a santidade de Deus não requerem, como coisa lógica ou natural, uma expiação objetiva; e que a única necessidade de auxilio redentor é resultante do fato de que o homem é incapaz de arrepender-se da maneira certa. 4. Finalmente, uma confissão vicária, como a que esta teoria encerra, é realmente uma contradição de termos. A confissão é uma coisa totalmente subjetiva e, para ser valida, tem que ser pessoal. É o resultado de uma consciência pessoal de pecado, e também é pessoal em seus efeitos. É difícil ver como esse arrependimento vicário pode libertar os outros da obrigação de arrepender-se. Além disso, esta teoria não tem fundamento bíblico. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg387)