quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O PROPÓSITO DA EXPIAÇÃO

A expiação foi destinada a afetar a relação de Deus com o pecador, o estado e a condição de Cristo como o Autor Mediatário da salvação , e o estado e a condição do pecador. 1. SEU EFEITO COM REFERÊNCIA A DEUS. Deve-se salientar primeiramente que a expiação não efetuou mudança alguma no ser interior de Deus, que é imutável. A única mudança que foi produzida foi uma mudança na relação de Deus com os objetos do Seu amor expiatório. Ele se reconciliou com aqueles que eram objetos da Sua ira judicial. Significa que a Sua ira foi desviada pela cobertura sacrificial do pecado deles. A expiação não deve ser descrita como a causa motora do amor de Deus, pois já foi uma expressão do Seu amor. Ela é muitas vezes apresentada como se, na teoria da satisfação, Deus não pudesse amar o pecador enquanto as Suas justas exigências não fossem satisfeitas.Mas, então, omite-se o fato de que Cristo já é a dádiva do amor de Deus, Jo 3.16. Ao mesmo tempo, é mais que certo que a expiação removeu os obstáculos às manifestação do amor redentor de Deus no perdão dos pecadores e em sua santificação, satisfazendo a justiça de Deus e as exigências da lei, tanto em seus aspectos federais como em seus aspectos penais. 2. SEU EFEITO COM RESPEITO A CRISTO. A expiação assegurou a multiforme recompensa para Cristo como o Mediador. Ele foi constituído Espírito vivificante, fonte inexaurível de todas as bênçãos da salvação para os pecadores. Ele recebeu: a. Tudo quanto dizia respeito à Sua glorificação, Sua presente glória messiânica inclusive. Razão pela qual ele orou quando, em Sua oração sacerdotal, por antecipação, já considerava completa a Sua obra: “E agora, glorifica-me, ó pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”, Jo 17.5. b. A plenitude daqueles dons e graças que Ele confere ao Seu povo. Assim lemos em Sl 68.18: “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes, para que Deus habite no meio deles”.* Paulo aplica esta passagem a Cristo em Ef 4.8. c. O dom do Espírito Santo para a formação do Seu corpo místico e para a subjetiva aplicação dos frutos da Sua obra expiatória. Isso é evidenciado pelas palavras de Pedro no dia de Pentecoste: “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do pi a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis”, At 2.33. d. Os confins da terra como Sua possessão e o mundo para o Seu domínio. Esta foi uma das promessas a Ele feitas: “pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por tua possessão”, Sl 2.8. Que esta promessa foi cumprida está patente em Hb 2.6-9. 3. SEU EFEITO NO QUE SE REFERE AO PECADOR. a. A expiação não somente tornou a salvação possível para o homem, mas de fato a garantiu. Sobre este ponto os calvinistas contestam os católicos romanos, os luteranos, os arminianos e todos quantos ensinam uma expiação universal. Estes afirmam que a expiação de Cristo apenas tornou a salvação possível, e incerta, para aqueles a quem é oferecida. Mas o calvinista ensina que a expiação garantiu meritoriamente a aplicação da obra de redenção àqueles para os quais estava destinada e, assim, tornou certa e segura a sua salvação. b. Ela assegurou para aqueles a favor dos quais foi feita: (1) Adequada posição judicial mediante a justificação. Isto inclui o perdão de pecados, a adoção de filhos e o direito a uma herança eterna. (2) a união mística dos crentes com Cristo por meio da regeneração e da satisfação. Isto abrange a gradual mortificação do homem velho, e o gradual revestimento do homem novo, mediante Jesus Cristo. (3) Sua bem-aventurança final, em comunhão com Deus, mediante Jesus Cristo, na glorificação subjetiva e no gozo da vida eterna, numa nova e perfeita criação. Tudo isso deixa ver claramente o porquê da objeção tantas vezes levantada contra a doutrina substitutiva e penal da expiação, a saber. Essa objeção não tem suportes éticos e não oferece base alguma para a vida ética dos redimidos. Até se pode dizer que a doutrina substitutiva e penal da expiação é a única que oferece base segura para uma vida ética verdadeira, uma vida arraigada no coração graças à operação do Espírito Santo. A justificação leva diretamente à santificação. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg389)