quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O REINADO DE CRISTO SOBRE O UNIVERSO

1. A NATUREZA DESTE REINADO. Com a expressão regnum potentiae nos referimos ao domínio do Deus e homem Jesus Cristo sobre o universo, Sua administração providencial e judicial de todas as coisas, no interesse da igreja. Como rei do universo, o Mediador guia de tal maneira os destinos dos indivíduos, dos grupos sociais e das nações, que promove o crescimento, a purificação gradual e a perfeição final do povo que Ele remiu com o Seu sangue. Nessa capacidade, Ele também protege os Seus dos perigos a que são expostos no mundo, e vindica a Sua justiça com a sujeição e destruição de todos os Seus inimigos. Neste reinado de Cristo vemos o restabelecimento inicial do reinado original do homem. A idéia de que Cristo governa agora os destinos dos indivíduos e das nações no interesse da Sua igreja, que Lhe custou o Seu sangue, é muito mais consoladora que a noção de que agora Ele é “um refugiado no trono do céu”. 2. A RELAÇÃO DO REGNUM POTENTIAE COM O REGNUM GRATIAE. O reinado de Cristo sobre o universo é subserviente ao Seu reinado espiritual. É incumbência de Cristo, como o Rei ungido, estabelecer o reino espiritual de Deus, governá-lo e protegê-lo contra as forças hostis. Ele tem que fazer isto num mundo que está sob o poder do pecado e tendente a opor-se a todos os esforços espirituais. Se esse mundo estivesse fora do domínio de Cristo, facilmente frustraria todos os seus esforços. Por isso, Deus O revestiu de autoridade sobre o mundo, para que Ele pudesse dominar todos os poderes, forças e movimentos do mundo e, assim, pudesse garantir um alicerce seguro para o Seu povo no mundo, e protegê-lo contra os poderes das trevas. Estes não podem derrotar os Seus propósitos, e são constrangidos a prestar-lhes serviço. Sob o governo benéfico de Cristo, até a ira do homem é levada a louvar a Deus. 3. DURAÇÃO DESTE REINADO. Cristo foi formalmente investido neste reinado sobre o universo quando foi exaltado à destra de Deus. Foi uma prometida recompensa por Seus labores, Sl 2.8, 9; Mt 28.18; Ef 1.20-22; Fp 2.9-11. Esta investidura fazia parte da exaltação do Deus e homem. Ela não Lhe deu nenhum poder ou autoridade que Ele já não possuísse como Filho de Deus; tampouco aumentou o Seu território. Mas o Deus e homem, o Mediador, tornou-se agora possuidor desta autoridade, e a Sua natureza humana passou a participar da glória desta possessão real. Ademais, o governo do mundo passou agora a ser subserviente aos interesses da igreja de Jesus Cristo. E este reinado de Cristo durará até completar-se a vitória sobre os inimigos e até quando a morte for abolida, 1 Co 15.24-28. Na consumação de todas as coisas, o Deus e homem renunciará à autoridade a Ele conferida para um propósito especial, visto não haver mais necessidade dela. Ele devolverá a Deus o encargo para o qual fora comissionado, para que Deus seja tudo em todos. O propósito terá sido cumprido; a humanidade estará redimida; e, com isso, a realeza original do homem terá sido restabelecida. QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Em quem Cristo foi tipificado como profeta no Velho Testamento? 2. Como se distinguiam os profetas verdadeiros dos falsos? 3. Como diferiam os profetas e os sacerdotes como mestres? 4. O que era característico do sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque? 5. Os sacrifícios de Caim e Abel foram piaculares? 6. Com que fundamentos Jowett, Maurice, Young e Bushmell negam o caráter vicário e típico-profético dos sacrifícios mosaicos? 7. Qual a diferença entre expiação, propiciação, reconciliação e redenção? 8. Que explica a generalizada aversão pelo caráter objetivo da expiação? 9. Que argumentos são apresentados para refutar a necessidade da expiação? 10. Por que a substituição penal é praticamente impossível entre os homens? 11. A oferta universal de salvação implica necessariamente uma expiação universal? 12. Que é feito da doutrina da expiação na teologia “liberal” moderna? 13. Quais os dois parakletoi que temos, segundo a Escritura, e como difere a obra de ambos? 14. Qual a natureza da obra intercessória de Cristo? 15. As nossas orações intercessórias são como as de Cristo? 16. Cristo sempre é chamado “Rei dos judeus”? 17. Os premilenistas negam somente o reinado espiritual atual de Cristo, ou também o Seu reinado sobre o universo? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. III, p. 394-455, 538-550; Kuyper, Dict Dogm., De Christo, III, p. 3.196; Vos, Geref Dogm. III, p. 93-197; Hodge, Syst. Theol II, p. 455-609; Sheed, Dogm. Theol. II, p. 353-489; Dabney, Syst. And Polemic Theol., p. 483-553; Dorner, Syst. Of Chr. Doct. III, p. 381-429; IV, p. 1-154; Valentine, Chr. Theol II, p. 96-185; Pope, Chr. Theol. II, p. 196-316; Calvin, Institutes, Livro II, capítulos XV-XVII; Watson, Institutes II, p. 265-498; Schmid, Doct. Theol. Of the Evv. Luth. Church, p. 344-382; Micklem, What Is the Faith?, p. 188-205; Brunner, The Mediator, p. 399-590; Stevenson, The Offices of Christ; Milligan, The Ascension and Heavenly Priesthood of our Lord; Meeter, The Heavenly High-Priesthood of Christ; A. Cave, The Scriptural Doctrine of Sacrificie; Faber, The Origin of Expiatory Sacrifice; Davison, The Origin and Intent of Primitive Sacrifice; Symington, Atonement and Intercession; Stevens, The Christian Doctrine of Salvation; Franks, History of the Doctrine of the Work of Christ (2 volumes); D. Smith, The Atonement in the Light of History and the Modern Spirit; Mackintosh, Historic Theories of the Atonement; McLeod Campbell, The Nature of the Atonement; Bushnell, Vicarious Sacrificie; Denney, The Christian Doctrine of Reconciliation; Kuyper, Dat de Genade Particulier Is; Bouna, Geen Algemeene Verzoening; De Jong, De Leer der Verzoening in de Amerikaansche Theology; S. Cave, The Doctrine of the Work of Christ; Smeaton, Our Lord’s Doctrine of Atonement; ibid; The Apostles Doctrine of the Atonement; Cunninghan, Historical Theology II, p. 237-370; Creighton, Law and the Cross; Armour, Atonement and Law; Mathews, The Atonement and the Social Process; e outras obras mais sobre a expiação, de Martin, A. A. Hodge, Crawford, Dale, Dabney, Miley, Mozley e Berkhof. (Berkhof, L – Teologia Sistemática)