terça-feira, 9 de julho de 2013

A Explicação Evolucionista da Origem do Pecado

Naturalmente, uma teoria evolucionista coerente não pode admitir a doutrina da Queda, e bom número de teólogos modernistas a rejeitaram como incompatível com o evolucionismo. É verdade que já alguns teólogos muito conservadores como Denney, Gore e Orr que aceitam, embora com reserva, a explicação evolucionista da origem do homem, e acham que ela deixa lugar para a doutrina da Queda nalgum sentido da palavra. Mas é significativo que todos eles concebem a narrativa da Queda como uma representação mítica ou alegórica de uma experiência ética ou de uma catástrofe moral realmente sucedida no princípio da história que resultou em sofrimento e morte. Significa que eles não aceitaram a narrativa da Queda como um relato histórico do que realmente sucedeu no jardim do Éden. Em suas Conferências Hulseanas* sobre A Origem e a Propagação do Pecado, Tennant fez um relato minucioso e interessante da origem do pecado segundo o ponto de vista evolucionista. Ele se deu conta de que o homem não poderia herdar o pecado dos seus antepassados animais, visto que estes não tinham pecado algum. Quer dizer que os impulsos, propensões, desejos e qualidades que o homem herdou dos animais inferiores não podem ter o nome de pecado. Segundo a sua avaliação, eles constituem apenas o material do pecado, e não se tornam pecados de fato enquanto a consciência moral não se desperta no homem, e se permite que eles assumam o controle na determinação das ações do homem, contrariamente à voz da consciência e às sanções éticas. Ele sustenta que, no curso do seu desenvolvimento, o homem foi-se tornando aos poucos um ser ético, tendo uma vontade indeterminada, sem explicar como tal vontade é possível onde prevalece a lei da evolução, e considera essa vontade como a causa única o pecado. Define o pecado “como uma atividade da vontade expressa em pensamentos, palavras ou atos contrários à consciência individual, à sua noção do que é o bem e o direito, o conhecimento da lei moral e a vontade de Deus”. Conforme a raça humana se desenvolve, os padrões éticos se tornam mais rigorosos, e a hediondez do pecado aumenta. O ambiente pecaminoso torna mais difícil ao homem refrear-se quanto ao pecado. Esta opinião de Tennant não deixa lugar para a queda do homem no sentido geralmente aceito da palavra. Na verdade, Tennant repudia explicitamente a doutrina da queda, reconhecida em todas as grandes confissões históricas da igreja. Diz W. H. Johnson: “Os críticos de Tennant estão de acordo em que a sua teoria não deixa espaço para o clamor do coração contrito que, não somente confessa atos isolados de pecado, mas também declara: ‘Fui formado em iniqüidade; há uma lei de morte em meus membros’”. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg 218)