sexta-feira, 19 de julho de 2013

AS PARTES CONTRASTANTES DA ALIANÇA

De um lado havia o Deus triúno, o Criador e Senhor, e de outro, Adão como Sua criatura dependente. Deve-se distinguir uma dupla relação entre ambos: a. A relação natural. Quando Deus criou o homem, por este mesmo fato estabeleceu uma relação natural entre Si e o homem. Era uma relação como a que existe entre o oleiro e o barro, entre um soberano absoluto e um súdito destituído de qualquer direito. De fato, a distância entre os dois era tão grande que estas figuras não a expressam adequadamente. Tanto é que uma vida de comunhão mútua dos dois parecia fora de cogitação. Como criatura de Deus, o homem estava naturalmente debaixo da lei, e tinha a obrigação de observá-la. E apesar de que a transgressão da lei o tornaria sujeito a castigo, sua observância não constituiria um direito inerente a alguma recompensa. Mesmo que ele fizesse tudo quanto dele se exigia, ainda teria que dizer: Sou apenas um servo inútil, pois fiz apenas aquilo que eu tinha a obrigação de fazer. Sob esta relação puramente natural, o homem não poderia obter merecimento de coisa nenhum. Mas, apesar da infinita distancia entre Deus e o homem aparentemente excluir uma vida de comunhão um com o outro, o homem foi criado justamente para essa comunhão, e a possibilidade disso já foi dada em sua criação à imagem de Deus. Nesta relação natural, Adão foi o pai da raça humana. b. A relação pactual. Desde o início, porém, Deus se revelou, não somente como um Soberano e Legislador absoluto, mas também como Pai amoroso, que busca o bem-estar e a felicidade da Sua criatura dependente. Ele condescendeu em baixar ao nível do homem, revelar-se como Amigo e habilitar o homem a melhorar a sua condição no caminho da obediência. Em acréscimo à relação natural Ele, mediante um decreto positivo e por Sua graça, estabeleceu uma relação pactual. Entrou num acordo legal com o homem, num acordo que inclui todas as exigências e obrigações implícitas na condição de criatura que caracteriza o homem mas, ao mesmo tempo, acrescentou alguns elementos novos. (1) Adão foi constituído chefe representativo da raça humana para poder agir por todos os seus descendentes. (2) Foi temporariamente posto à prova, a fim de determinar se poderia sujeitar espontaneamente a sua à vontade de Deus. (3) Foi-lhe dada a promessa de vida eterna por meio da obediência e assim, pela misericordiosa disposição de Deus, ele adquiriu certos direitos condicionais. Esta aliança capacitou Adão a obter vida eterna para si e para os seus descendentes pela obediência. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 208)