terça-feira, 11 de junho de 2013

A doutrina da aliança das obras

Esta implica que Adão tinha dupla relação com os seus descendentes, a saber, a de chefe natural da humanidade, e a de chefe representativo de toda a raça humana na aliança das obras. (1) A relação natural. Em sua relação natural, Adão foi o pai de toda a humanidade. Quando foi criado por Deus, estava sujeito a mudança, e não tinha direito legítimo a um estado imutável. Estava obrigado a obedecer a Deus, e esta obediência não lhe dava direito a nenhuma recompensa. Por outro lado, se pecasse, ficaria sujeito à corrupção e ao castigo, mas o pecado seria só dele, e não poderia ser lançado na conta dos seus descendentes. Dabney sustenta que, de acordo com a lei de que os iguais se reproduzem (o igual gera o seu igual), a corrupção de Adão passaria aos seus descendentes. Mas, seja como for – e é útil especular sobre isso – eles não poderiam se responsabilizados por essa corrupção. Não poderiam ser considerados culpados em Adão meramente em virtude da relação natural que havia entre ele e a raça. A apresentação reformada (calvinista) habitual é diferente. (2) A relação pactual. À relação natural de Adão com os seus descendentes, Deus, por Sua graça, acrescentou uma relação pactual composta de vários elementos positivos: (a) Um elemento de representação. Deus ordenou que nessa aliança Adão não estaria só por si próprio, mas como o representante de todos os seus descendentes. Conseqüentemente, ele foi o chefe da raça, não somente num sentido paterno, mas também num sentido federal. (b) Um elemento de prova. Enquanto que, sem essa aliança, Adão e os seus descendentes estariam num continuado estado de prova, em constante risco de pecar, a aliança garantiu que a perseverança persiste por um período fixo de tempo, seria recompensada com o estabelecimento do homem num permanente estado de santidade e bem-aventurança. (c) Um elemento de recompensa ou punição. Segundo os termos da aliança, obteria legítimos direitos à vida eterna, se cumprisse as condições da aliança. E não somente ele, mas também todos os seus descendentes participarem dessa bênção. Portanto, em sua operação normal, as disposições pactuais seriam de incalculável benefício para a humanidade. Mas havia a possibilidade de que o homem desobedecesse, e, nesse caso, os resultados seriam correspondentemente desastrosos. A transgressão do mandamento incluso na aliança redundaria em morte. Adão escolheu o curso da desobediência, corrompeu-se pelo pecado, tornou-se culpado aos olhos de Deus e, como tal, sujeito à sentença de morte. E porque ele era o representante federal da raça, sua desobediência afetou os seus descendentes todos. Em Seu reto juízo, Deus imputa a culpa do primeiro pecado, cometido pelo chefe da aliança, a todos quantos se relacionam federalmente com ele. E, como resultado, nascem também numa condição depravada e pecaminosa, e essa corrupção inerente envolve culpa também. Esta doutrina explica por que somente o primeiro pecado de Adão, e não os seus pecados subseqüentes nem os dos outros antepassados nossos, é-nos imputado, e também salvaguarda a impecabilidade de Jesus, pois Ele não era uma pessoa humana e, portanto, não fazia parte da aliança das obras. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof – Pg. 238)