terça-feira, 4 de junho de 2013

OBJEÇÕES À DOUTRINA DA DEPRAVAÇÃO TOTAL E DA INCAPACIDADE TOTAL

a. É incoerente com a obrigação moral. A mais óbvia e a mais plausível objeção à doutrina da depravação total e da incapacidade total é a de que ela é incoerente com a obrigação moral. Diz-se que não se pode responsabilizar com justiça o homem por uma coisa para a qual ele não tem a capacidade requerida. Mas a implicação geral este princípio é uma falácia. Ele pode ser mantido nos caos de incapacidade resultante de uma limitação imposta por Deus à natureza do homem; mas certamente não se aplica na esfera da moralidade e da religião, como já foi exposto no item anterior. Não devemos esquecer-nos de que a incapacidade que aqui está sendo examinada é auto-imposta, tem origem moral e não se deve a nenhuma limitação que Deus tenha imposto ao homem. O homem é incapaz como resultado da escolha pervertida que fez em Adão. b. Ela retira todos os motivos para o esforço. Uma segunda objeção alega que esta doutrina elimina todos os motivos para o esforço humano e destrói todas as bases racionais para a utilização dos meios de graça. Se sabemos que não conseguiremos levar a efeito um determinado fim, por que havemos de utilizar os meios recomendados para a sua realização? Pois bem, é perfeitamente certo que o pecador iluminado pelo Espírito Santo e verdadeiramente cônscio da sua incapacidade natural, renuncia à justiça das obras. E é Isso exatamente o necessário. Mas isso não vale para o homem natural, pis ele é totalmente dominado pela justiça própria. Além disso, não é verdade que a doutrina da incapacidade tende naturalmente a fomentar a negligência no uso dos meios de graça ordenados por Deus. Com base neste princípio, o agricultor também poderia dizer: não posso produzir uma colheita; por que devo cultivar as minhas terras? Mas isto seria loucura total. Em todos os departamentos da atividade humana, o resultado depende da cooperação de causas sobre as quais o homem não tem domínio. As bases escriturísticas para o emprego dos meios permanece: Deus manda empregar meios; os meios ordenados por Deus são adaptados ao fim colimado; ordinariamente o fim não é atingido, exceto pelo uso dos meios designados; e Deus prometeu a utilização desses meios. c. Favorece o atraso da conversão. Afirma-se também que esta doutrina favorece o atraso da conversão. Se o homem crer que não poderá mudar o seu coração, que não poderá arrepender-se e crer no Evangelho, achará que pode aguardar passivamente a ocasião em que Deus agrade mudar a direção da sua vida. Ora, pode haver, e a experiência ensina que há, alguns que de fato adotam essa atitude; mas em regra o efeito da doutrina em foco é completamente diferente. Se os pecadores, para os quais o pecado veio a ser muito querido, estivessem cônscios do seu poder de mudar as suas vidas quando quisessem, seriam tentados a deixar essa mudança para o último momento. Mas, se a pessoa estiver cônscia do fato de que essa realização tão desejável está fora dos limites das suas forças, instintivamente procurará auxílio de fora. O pecador que pensa deste modo, quanto à sua salvação, procurará a ajuda do grande Médico da alma, reconhecendo assim a sua própria incapacidade. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof Pg. 247)