terça-feira, 11 de junho de 2013

A Idéia Bíblica do Pecado

Ao dar a idéia bíblica do pecado, é necessário chamar a atenção para diversas particularidades. O PECADO É O MAL NUMA CATEGORIA ESPECÍFICA. Hoje em dia ouvimos falar muito do mal, e relativamente pouco do pecado; e isso é muito enganoso. Nem todo mal é pecado. Não se deve confundir o pecado com o mal físico, com aquilo que é danoso ou calamitoso. É possível falar, não só do pecado mas da doença, como um mal, ma, então, a palavra “mal” é empregada em dois sentidos totalmente diversos. Acima da esfera física está a esfera ética, na qual é aplicável o contraste entre o bem moral e o mal moral, e é somente nesta esfera que podemos falar de pecado. E mesmo nesta esfera não é desejável substituir a palavra “pecado” pela palavra “mal” sem acrescentar algum qualificativo, pois aquela é mais especifica do que esta. O pecado é um mal moral. Muitos nomes empregados na Escritura para designar o pecado indicam o seu teor moral. Chatta’th dirige a atenção para o pecado como feito que era o alvo e que consiste num desvio do caminho certo. ’Avel e ’avon indicam que é uma falta de integridade e retidão, uma saída da vereda designada. Pesha’ refere-se a ele como uma revolta ou uma recusa de sujeição à autoridade legitima, uma positiva transgressão da lei, e um rompimento da aliança. E resha’ o assinala como uma fuga ímpia e culposa da lei. Ademais, é designado como culpa por ’asham, como infidelidade e traição por ma’al, como vaidade por ’aven e como perversão ou distorção da natureza (torção) por ’avah. As palavras neotestamentárias correspondentes, como hamartia, adikia, parabasis, paraptoma, anomia, paranomia e outras, indicam as mesmas idéias. Em vista do emprego dessas palavras e do modo pelo qual a Bíblia normalmente fala do pecado, não se pode duvidar do seu teor ético. Não é uma calamidade que sobreveio inopinadamente ao homem, envenenou sua vida e arruinou sua felicidade, mas um curso que o homem decidiu seguir deliberadamente e que leva consigo misera inaudita. Fundamentalmente não é uma coisa passiva, como uma fraqueza, um defeito, ou uma imperfeição pela qual não podemos ser responsabilizados, mas uma ativa oposição a Deus, e uma positiva transgressão da Sua lei, constituindo culpa. O pecado é o resultado de uma escolha livre, porém má, do homem. Este é o ensino claro da Palavra de Deus, Gn 3.1-6; Is 48.8; Rm 1.18-32; 1 Jo 3.4. A aplicação da filosofia evolucionista ao estudo do Velho Testamento levou alguns eruditos à convicção de que a idéia ética do pecado não se desenvolveu até o tempo dos profetas, mas esta opinião não encontra apoio na maneira como os mais antigos livros da Bíblia falam do pecado. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof – Pg. 226)