terça-feira, 4 de junho de 2013

CLASSIFICAÇÃO DOS PECADOS FATUAIS

É impossível dar uma classificação uns e compreensiva dos pecados fatuais. Eles variam em grau e em espécie, e podem ser diferenciados segundo mais de um ponto de vista. Os católicos romanos fazem a conhecida distinção entre pecados veniais e pecados mortais, mas admitem que é extremamente difícil e perigoso decidir se um pecado é mortal ou venial. Eles foram levados a essa distinção pela afirmação de Paulo em Gl 5.21, de que “não herdarão o reino de Deus os que tais cousas (enumeradas pelo apóstolo) praticam”. A pessoa comete um pecado mortal quando viola voluntariamente a lei de Deus em matéria que ela acredita ou sabe que é importante. Isso torna o pecador passível de castigo eterno. E a pessoa comete pecado venial quando transgride a lei de Deus em matéria de importância não grave, ou quando a transgressão não é inteiramente voluntária. Tal pecado é perdoado com maior facilidade, e até mesmo sem confissão. O perdão pelos pecados mortais só pode ser obtido pelo sacramento da penitência. A distinção não é bíblica, pois, de acordo com a Escritura, todo pecado é essencialmente anomia (falta de retidão; falta de obediência à lei), e merece punição eterna. Alem disso, tem efeito deletério na vida pratica, desde que gera um sentimento de incerteza, às vezes um sentimento de medo mórbido, por um lado, ou de negligencia insegura, por outro. A Bíblia não distingue diferentes tipos de pecados, especialmente com relação aos diferentes graus de culpa ligada a eles. O Velho Testamento faz uma importante distinção entre pecados cometidos atrevidamente (“`a mão levantada”*), e pecados cometidos sem premeditação, isto é, como resultado de ignorância, fraqueza ou erro, Nm 15.29-31. Os primeiros não podiam ser expiados por sacrifícios e eram punidos com grande severidade, enquanto que os últimos podiam ser expiados sacrificialmente e eram punidos com muito maior brandura. O principio fundamental encarnado nessa distinção ainda é aplicável. Os pecados cometidos de propósito, com plena consciência do mal envolvido, e com deliberação, são maiores e mais condenáveis do que os pecados resultantes de ignorância, de uma concepção errônea das coisas, ou da fraqueza de caráter. Não obstante, estes também são pecados reais e tornam a pessoa culpada aos olhos de Deus, Gl 6.1; Ef 4.18; 1 Tm 1.13; 5.24. O Novo Testamento nos ensina com maior clareza que o grau do pecado é em grande medida determinado pelo grau de luz que o pecador possua. Os pagãos são deveras culpados, mas os que têm a revelação de Deus e gozam os privilégios do ministério do Evangelho são muito mais culpados. Mt 10.15; Lc 12.47, 48; 23.34; Jo 19.11; At 17.30; Rm 1.32; 2.12; 1 Tm 1.13, 15, 16. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof Pg. 248)