segunda-feira, 29 de abril de 2013

A ALIANÇA COM NOÉ

É evidente que a aliança com Noé é de natureza muito geral: Deus promete que não destruirá toda a carne pelas águas de um dilúvio, e que a sucessão normal do tempo de semear e colher, frio e calor, inverno e verão, dia e noite continuará. As forças da natureza são contidas, os poderes do mal são postos sob maior restrição, e o homem recebe proteção contra a violência dos seus semelhantes e dos animais. É uma aliança que só confere bênçãos naturais e, portanto, muitas vezes recebe o nome de aliança da natureza ou da graça comum. Não há objeção a essa terminologia, contanto que não dê a impressão de que esta aliança está inteiramente dissociada da aliança da graça. Conquanto ambas difiram, são também estreitamente relacionadas uma com a outra. a. Pontos de diferença. Devemos notar os seguintes pontos de diferença: (1) Enquanto a aliança da graça pertence primária, embora não exclusivamente, a bênçãos espirituais, a aliança da natureza só garante ao homem bênçãos terrenas e temporais. (2) Enquanto a aliança da graça, no sentido mais amplo da palavra, inclui somente os crentes e sua semente, e só se realiza plenamente nas vidas dos eleitos, a aliança com Noé não somente foi universal em seu início, mas foi destinada a permanecer totalmente inclusiva. Até os dias da transação pactual com Abraão não havia selo da aliança da graça, mas a aliança com Noé foi confirmada pelo sinal do arco-íris, sinal completamente diverso daqueles que mais tarde se ligariam à aliança da graça. b. Pontos de ligação. Apesar das diferenças que acabamos de mencionar, há uma relação muito estreita entre as duas alianças. (1) A aliança da natureza também é oriunda da graça de Deus. Nesta aliança, como na aliança da graça, Deus outorga ao homem não somente favores imerecidos, mas bênçãos das quais ele fora privado por causa do pecado. Por natureza o homem não tem direito nenhum às bênçãos naturais prometidas nesta aliança. (2) Esta aliança também repousa na aliança da graça. Foi estabelecida mais particularmente com Noé e sua semente porque havia claras evidencias da realização da aliança da graça nessa família, Gn 6.9; 7.1; 9.9, 26, 27. (3) Ela é também um necessário apêndice (Witsius: “aanhangsel”) da aliança da graça. A revelação da aliança da graça em Gn 3.16-19 já indicava bênçãos terrenas e temporais. Estas eram absolutamente necessárias para a realização da aliança da graça. Na aliança com Noé o caráter geral dessas bênçãos é exposto claramente, e a continuação delas é confirmada. (Teologia Sistemática – L. Berkhof. Pg 291)