segunda-feira, 29 de abril de 2013

Uma Aliança Externa e uma Interna

Há os que distinguem entre uma aliança externa e uma interna. Concebia-se a aliança externa como uma aliança na qual a posição da pessoa depende inteiramente da realização de certos deveres religiosos. Sua posição é inteiramente correta, se ela faz o que dela se requer, mais ou menos no sentido católico romano. Em Israel essa aliança assumiu forma nacional. Talvez ninguém tenha elaborado a doutrina de uma aliança externa com maior coerência do que o fez Thomas Blake. A linha divisória entre a aliança externa e a interna nem sempre foi apresentada da mesma maneira. Alguns ligavam o batismo à aliança externa, e a confissão de fé e a Ceia do Senhor à interna; outros entendiam que o batismo e a confissão de fé pertenciam à aliança externa, e que a Ceia do Senhor é o sacramento da aliança interna. Mas o problema é que toda essa explicação redunda em dualismo na concepção da aliança, dualismo não comprovado pela Escritura; seu produto é uma aliança externa não entrosada com a interna. Cria-se a impressão de que existe uma aliança na qual o homem pode assumir uma posição inteiramente correta sem a fé salvadora; mas a Bíblia ignora tal aliança. Há, na verdade, privilégios e bênçãos externos da aliança, e há pessoas que só gozam esses privilégios e bênçãos; ms casos como esses são anômalos, e não podem ser sistematizados. A distinção entre a aliança externa e a interna não tem sustentação. Não se deve confundir esse conceito com outro, relacionado com ele, a saber, que há um aspecto externo e um aspecto interno da aliança da graça (Mastricht e outros). De acordo com essa idéia, alguns aceitam as suas responsabilidades pactuais de maneira verdadeiramente espiritual, de coração, enquanto outros as aceitam somente por uma profissão de fé externa, de boca, e, portanto, só estão aparentemente na aliança. Mastricht refere-se a Judas Iscariotes, a Simão o mágico, aos que tem fé temporal e outros. Mas o problema é que, segundo esse conceito, os não eleitos e não regenerados são apenas apêndices externos adicionados à aliança, e são considerados por nós como filhos da aliança, simplesmente devido à nossa visão estreita, mas absolutamente nenhum deles é filho da aliança aos olhos de Deus. Eles não estão realmente na aliança, e, portanto, tampouco poderão tornar-se verdadeiros infratores da aliança. Essa idéia não soluciona esta questão: Em que sentido os não eleitos e não regenerados, que sejam membros da igreja visível, são filhos da aliança também aos olhos de Deus e, portanto, podem tornar-se infratores da aliança? (Teologia Sistemática – L. Berkhof. Pg 280)