segunda-feira, 29 de abril de 2013

A Dispensação do Novo Testamento

Pouca coisa é necessário dizer a respeito da dispensação neotestamentária da aliança. Notem-se os seguintes pontos: 1. A aliança da graça, nos termos em que é revelada no Novo Testamento, é essencialmente a mesma que governava a relação dos crentes veterotestamentários com Deus.é inteiramente sem fundamento a descrição das duas como formando um contraste essencial, como o faz o dispensacionalismo atual. Isto fica muitíssimo evidente à luz de Rm 4 e Gl 3. Se às vezes se fala dela como uma nova aliança, isto fica suficientemente explicado pelo fato de que a sua administração difere em várias particularidades da aliança do Velho Testamento. Os seguintes pontos indicarão o que queremos dizer. 2. A dispensação do Novo testamento difere da do Velho testamento em que é universal, isto é, estende-se a todas as nações. A aliança da graça era originariamente universal; seu particularismo começou com Abraão e foi continuado e intensificado na aliança sináitica. Contudo, este particularismo não estava destinado a ser permanente, mas a desaparecer depois de servir ao seu propósito. Mesmo durante o período da lei era possível aos gentios unir-se ao povo de Israel e, assim, participar das bênçãos da aliança. E quando Cristo executou o Seu sacrifício, a bênção de Abraão fluiu para as nações – os que estavam longe foram aproximados. 3. A dispensação do Novo testamento dá mais ênfase à graça que caracteriza a aliança. A promessa está em grande evidencia no primeiro plano. De fato, fica claramente patente que na aliança da graça Deus dá gratuitamente o que Ele exige. Neste aspecto a nova aliança se relaciona com a aliança abraâmica, e não com a sináitica, como Paulo expõe claramente em Rm 4 e Gl 3. Não significa, porém, que não houvesse promessas da graça durante o período da lei. Quando Paulo contrasta, em 2 Co 3, o ministério da lei com o do Evangelho, está pensando particularmente no ministério da lei como era entendido pelos judeus recentes, que fizeram da aliança sináitica uma aliança de obras. 4. Finalmente, a dispensação do Novo testamento traz bênçãos mais ricas que a dispensação do Velho Testamento. A revelação da graça de Deus chegou ao clímax quando o Verbo se fez carne e habitou entre os homens “cheio de graça e de verdade”. O Espírito Santo é derramado sobre a igreja e com a plenitude da graça de Deus em Cristo enriquece os crentes, cobrindo-os de bênçãos espirituais e eternas. A presente dispensação da aliança da graça continuará até à volta de Cristo, quando a relação pactual se realizará no sentido mais completo da palavra numa vida de íntima comunhão com Deus. QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Como é que a introdução da doutrina da aliança afeta a apresentação da verdade na teologia reformada (calvinista)? 2. Por que esta doutrina encontrou escasso apoio fora dos círculos reformados? 3. Quem foram os primeiros a introduzir esta doutrina? 4. O que caracteriza a teologia federal de Coceio? 5. Por que alguns insistiram em tratar a aliança da redenção e a da graça como uma só aliança? 6. Por que outros preferem tratá-las separadamente? 7. Que se pode dizer em resposta à petulante rejeição da idéia da aliança como uma ficção legal? 8. Como Cristo pode ser parte e fiança ou penhor da mesma aliança? 9. Que se pode dizer contra a idéia de Blake de que a aliança da graça é uma relação puramente externa? 10. Que objeções há à idéia de duas alianças, uma externa e outra interna? 11. Por que Kuyper sustenta que Cristo, e somente Cristo, é a segunda parte da aliança da graça? 12. Em que sentido ele considera a aliança da graça como uma aliança externa? 13. Que devemos pensar da tendência do premilenismo moderno de multiplicar as alianças e as dispensações? 14. Como se originou o dispensacionalismo moderno? 15. Como concebe ele a relação entre o VT e o NT? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm.III, p. 199-244; Kuyper, Dict, Dogm., De Foedere, p. 118-154; ibid., Uit het Woord, De Leer der Verbonden; Vos, Geref. Dogm. II, p. 76-140; ibid., De Verbondsleer in de Geref. Theol.; Hodge, Syst., Theol. II, p. 354-377; Dabney, Syst. And Polem. Theol., p. 429-463; H. H. Kuyper, Hamabdil, van de Heiligheid van het Genadeverbond; A. Kuyper, Jr., De Vastigheid des Verbonds; Van den Bergh, Calvijn over het Genadeverbond; Heppe, Dogm. Der Ev-Ref. Kirche, p. 268-293; ibid., Dogm. Des Deutschen Protestantismus II, p. 215-221; ibid., Geschichte des Pietismus, p. 205-240; Mastricht, Godgeleerdheit II, p. 363-412; a Marck, Godgeleerdheit, p. 463-482; Witsius, De Verbonden, p. 255-299; Turrentin, Opera, Locus XII Q. 1-12; Brakel, Redelijke Goldsdienst I, p. 351-382; Pictet, Theol., p. 280-284; Strong, Dscourse on the Covenant, p. 113-447; Owen, The Covenant of Grace; Gib., Sacred Contemplations, p. 171-389; Ball, A Treatise of the Covenat of Grace; Boston, The Covenant of Grace; Girardeau, The Federal Theology: Its Import and its Regulative Influence (in the Memorial Volume of the Semi-Centennial of Columbia Seminary); W. L. Newton, Notes on the Covenant, A study in the Theology of the Prophets (católico romano); Aalders, Het Verbond Gods. (Teologia Sistemática – L. Berkhof. Pg 297)