segunda-feira, 29 de abril de 2013

Relação de Cristo com a Aliança da Graça

Cristo é apresentado na Escritura como o Mediador da aliança. A palavra grega mesites não se acha no grego clássico, mas ocorre em Filo e em escritores mais recentes. Na Septuaginta encontra-se apenas uma vez em Jó 9.33. A palavra “Mediador” (“Mediator” em inglês), como também a palavra holandesa “Middelaar” e a alemã “Mittler”, podem levar-nos a pensar que mesites designa simplesmente um árbitro entre duas partes, um intermediário, no sentido comum da palavra. Deve-se ter em mente, porém que a idéia bíblica é muito mais profunda. Cristo é Mediador, em mais de um sentido. Ele intervém entre Deus e o homem, não apenas para pedir paz e persuadir a isto, mas revestido de pleno poderes, como um plenipotenciário, para fazer tudo que seja necessário para estabelecer a paz. O emprego da palavra mesites no Novo Testamento justifica nossa menção de uma dupla obra mediatária de Cristo, a saber, a de garantia ou fiança e a de acesso (grego, prosagoge, Rm 5.2). Na maioria das passagens em que se acha a palavra no Novo Testamento, equivale a eggyos e, portanto, indica Cristo como Aquele que, tomando sobre Si a culpa dos pecados, pôs termo à relação penal destes com a lei e lhes restabeleceu a correta e legal relação com Deus. É este o sentido do vocábulo em Hb 8.6; 9.15; 12.24. Em Hb 7.22 o termo eggyos é aplicado a Cristo. Contudo, há uma passagem em que a palavra mesites tem um sentido que está mais de acordo com o sentido comum da palavra “mediador”, como alguém chamado para servir de árbitro entre duas partes e reconciliá-las, a saber, 1 Tm 2.5. Aí Cristo reúne Deus e o homem. A obra de Cristo, no sentido de que, com base em Seu sacrifício, Ele reúne Deus e o homem. A obra de Cristo, no sentido indicado pela palavra mesites, é dupla. Ele trabalha em coisas pertencentes a Deus e em coisas pertencentes ao homem, na esfera legal objetiva e na esfera moral subjetiva. Na primeira Ele faz propiciação pelo justo desprazer de Deus, expiando a culpa do pecado, intercede por aqueles que o pai Lhe deu, e realmente torna as suas pessoas e os seus serviços aceitáveis a Deus. E na última Ele revela aos homens a verdade concernente a Deus e à relação dos homens com Ele, juntamente com as condições de serviço aceitável, persuade-os e capacita-os a receberem a verdade, e os dirige e lhes dá suporte em todas as circunstâncias da vida, visando a consumar com perfeição o seu resgate. Ao realizar esse trabalho, Ele emprega o ministério dos homens, 2 Co 5.20. (Teologia Sistemática – L. Berkhof. Pg 279)