quarta-feira, 10 de abril de 2013

A NECESSIDADE DAS DUAS NATUREZAS DE CRISTO

Transparece do que acima foi dito que, nos dias atuais, muitos não reconhecem a necessidade de admitir duas naturezas em Cristo. Para eles Jesus é apenas um ser humano; contudo, ao mesmo tempo se sentem constrangidos à atribuir-lhe valor de Deus, ou a reivindicar divindade para Ele em virtude da imanência de Deus nele, ou da permanência do Espírito nele. A necessidade das duas naturezas de Cristo decorre daquilo que é essencial à doutrina escriturística da expiação. a. Necessidade de Sua humanidade. Desde que o homem pecou, era necessário que o homem sofresse a penalidade. Além disso, o pagamento da pena envolvia sofrimento de corpo e alma, sofrimento somente cabível ao homem, Jo 12.27; At 3.18; Hb 2.14; 9.22. Era necessário que Cristo assumisse a natureza humana, não somente com todas as suas propriedades essenciais, mas também com todas as debilidades a que está sujeita, depois da Queda, e, assim, devia descer às profundezas da degradação em que o homem tinha caído, Hb 2.17, 18. Ao mesmo tempo, era preciso que fosse um homem sem pecado, pois um homem que fosse, ele próprio, pecador e que estivesse privado da sua própria vida, certamente não poderia fazer uma expiação por outros, Hb 7.26. Unicamente um Mediador verdadeiramente humano assim, que estivesse conhecimento experimental das misérias da humanidade e se mantivesse acima de todas as tentações, poderia entrar empaticamente em todas as experiências, provações e tentações do homem, Hb 2.17, 18; 4.15-5.2, e ser um perfeito exemplo humano para os Seus seguidores, Mt 11.29; Mc 10.39; Jo 13.13-15; Fp 2.5-8; Hb 12.2-4; 1 Pe 2.21. b. Necessidade de Sua Divindade. No plano divino de salvação era absolutamente essencial que o Mediador fosse verdadeiramente Deus. Era necessário que (1) Ele pudesse apresentar um sacrifício de valor infinito e prestar perfeita obediência à lei de Deus; (2) Ele pudesse sofrer a ira de Deus redentoramente, isto é, para livrar outros da maldição da lei; e (3) Ele pudesse aplicar os frutos da Sua obra consumada aos que O aceitassem pela fé. O homem, com a sua vida arruinada, não pode nem cumprir a pena do pecado, nem prestar perfeita obediência a Deus. Ele pode sofrer a ira de Deus e, exceto pela graça redentora de Deus, terá que sofrê-la eternamente, mas não pode sofrê-la de molde a abrir um caminho de livramento, Sl 49.7-10; 130.3. QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Que pessoas do Velho Testamento tiveram o nome “Jesus”, e que medida tipificaram o Salvador? 2. O simples título “Messias”, sem sufixo genitivo ou pronominal, acha-se alguma vez no Velho Testamento? 3. Como explica Dalman a sua ocorrência na literatura apocalíptica dos judeus? 4. As expressões “o ungido do Senhor”, “seu ungido” e “meu ungido” sempre têm o mesmo sentido no Velho Testamento? 5. Donde vem a idéia de que os crentes participam da unção de Cristo? 6. Que dizer da idéia de que o nome “Filho do homem”, reconduzido ao seu provável original aramaico, significa simplesmente “homem”? 7. Que dizer da idéia de Weiss e Schweitzer de que Jesus só empregou o nome num sentido futurista? 8. Ele o empregou antes da confissão de Pedro em Cesárea de Filipe? 9. Como os modernistas adaptam o seu conceito de Jesus como Filho de Deus só no sentido religioso e ético aos dados da Escritura? 10. Qual o conceito usual da origem do título Kyrios? 11. Que teoria foi posta em circulação por Bousset e outros eruditos modernistas? 12. Que explica a oposição à doutrina das duas naturezas? 13. É uma doutrina necessária, ou há alguma outra doutrina que poderia tomar o seu lugar? 14. Quais as objeções: - à doutrina adocionista; - às teorias quenósicas; - à idéia de uma encarnação gradual; - ao conceito de Ritschil; - à teoria de Sanday? BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm.III, p. 259-265, 328-335, 394-398; Kuyper, Dict. Dogm.,De Christo I, p. 44-61, 128-153; II,p. 2-23; Hodge, Syst, Theol.II, p. 378-387; Dabney, Syst. And Polem. Theol., p. 464-477; Vos, Geref. Dogm. III, p. 1-31; ibid., The Self Disclosure of Jesus, p. 104-256; ibid, sobre o título Kyrios, Princeton Theol. Review, Vol XIII, p. 161 e segtes., Vol XV, p. 21 e segtes; Dalman, The Words of Jesus,p. 234-331; Warfield, The Lord of Glory, cf. Índice; Liddon, The Divinity of our Lord, Lect. V; Rostron, The Christology of St. Paul, p. 154 e segtes.; Machen, The Origin of Paul’s Religion, p. 293-317; Stanton, The Jewish and the Christian Messiah,p. 239-250. (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg.314)