segunda-feira, 29 de abril de 2013

OS FILHOS DOS CRENTES NA ALIANÇA

Com respeito aos filhos dos crentes, que entram na aliança por nascimento, naturalmente a situação é tanto diversa. A experiência ensina que, embora entrem por nascimento na aliança como uma relação legal, não significa necessariamente que também entram imediatamente na aliança como comunhão de vida. Nem sequer significa que a relação pactual alguma vez chegara à sua plena realização em suas vidas. Todavia, mesmo no caso deles deve haver razoável segurança de que a aliança não é ou não continuara sendo mera relação legal, com deveres e privilégios externos, apontando para aquilo que devia ser, mas também é, ou com o tempo vira a ser uma realidade viva. Esta segurança esta baseada na promessa de Deus, que é absolutamente confiável, de que Ele agira nos corações dos jovens ligados à aliança com a Sua graça salvadora e os transformara em vivos membros da aliança. A aliança é mais que mero oferecimento da salvação, mais até que o oferecimento da salvação acrescido da promessa de fé no Evangelho. Ela também traz consigo a certeza, baseada nas promessas de Deus, que opera nos filhos da aliança “quando, onde e como lhe apraz”, que a fé salvadora será produzida nos corações. Enquanto os filhos da aliança não revelarem o contrário, temos que partir do pressuposto de que estão de posse da vida pactual. Naturalmente, o curso dos acontecimentos poderá provar que esta vida ainda não está presente; poderá até provar que ela nunca se realizou em suas vidas. As promessas de Deus são dadas à semente dos crentes coletivamente, não individualmente. A promessa de Deus, de continuar a Sua aliança e de leva-la à plena realização nos filhos dos crentes, não significa que Ele dotará da fé salvadora cada um deles, até o último. E se alguns deles permanecerem na incredulidade, deveremos ter em mente o que Paulo diz em Rm 9.6-8: “Nem todos os de Israel são de fato israelitas”; nem todos os filhos de crentes são filhos da promessa. Daí, é necessário lembrar constantemente, mesmo aos filhos da aliança, a necessidade de regeneração e conversão. O simples fato de que alguém está na aliança não traz segurança da salvação. Quando os filhos dos crentes crescem e chegam à idade da discrição, compete-lhes, é claro, aceitar voluntariamente as suas responsabilidades pactuais, com uma sincera confissão de fé. Deixar de faze-lo é, estritamente falando, uma negação da sua relação pactual. Pode-se dizer, pois, que a relação legal em que se acham os filhos dos crentes precede à aliança como comunhão de vida e é um meio para a sua realização. Mas, ao acentuar a significação da aliança como meio para um fim, não devemos frisar exclusivamente, e nem mesmo primordialmente, as exigências de Deus e o resultante dever do homem, mas especialmente a promessa da eficaz operação nos corações dos filhos da aliança. Se salientarmos única ou excessivamente as responsabilidades da aliança, e deixarmos de dar a devida proeminência ao fato de que na aliança Deus dá tudo quanto requer de nós, noutras palavras, que as Suas promessas cobrem todas as Suas exigências, corremos o risco de cair na armadilha do arminianismo. (Teologia Sistemática – L. Berkhof. Pg 283)