terça-feira, 1 de outubro de 2013

A TEORIA DA EVOLUÇÃO

Às vezes se fala da teoria da evolução como se pudesse ser uma substituta da doutrina da criação. Mas, evidentemente é um erro. É certo que não pode substituir a criação no sentido de originação absoluta, desde que pressupõe alguma coisa que evolui, e esta, em última instância, tem que ser eterna ou criada, de maneira que, depois de tudo, o evolucionista precisa escolher entre a eternidade da matéria e a doutrina da criação. No máximo, pode-se imaginar que serve como substituta da chamada criação secundária, mediante a qual foi dada forma à substância já existente. (a) Alguns evolucionistas, como Haeckel, por exemplo, crêem na eternidade da matéria, e atribuem a origem da vida à geração espontânea. Mas, a crença na eternidade da matéria é não só decididamente anticristã e até mesmo ateísta; é também geralmente desacreditada. A idéia de que a matéria, com a energia como sua propriedade universal e inseparável, é suficiente para a explicação do mundo, acha pouco apoio nos círculos científicos atuais. Sente-se que um universo material, composto de partes finitas (átomos, elétrons etc.) não pode ser infinito; e aquilo que está sujeito a constante mudança não pode ser eterno. Ademais, vai ficando cada vez mais claro que a matéria e a força ou energia cegas não podem explicar a vida e a personalidade, a inteligência e a vontade livre. E a idéia de geração espontânea é pura hipótese, não somente não verificada, mas também praticamente desacreditada. A lei geral da natureza, ao que parece, é “omne vivum e vivo” ou “ex vivo” (tudo que é vivo provém do que é vivo). (b) Outros evolucionistas advogam o que chamam de evolução teísta. Esta postula a existência de Deus por trás do universo, que age nele, em geral de acordo com as inalteráveis leis da natureza e por meio de forças físicas somente, mas nalguns casos mediante intervenção miraculosa, como, por exemplo, no caso do início absoluto, do início da vida e do início da existência racional, como também moral. A isso muitas vezes se tem chamado zombeteiramente, teoria do “tapa-brecha” (“stop-gap”). É realmente uma vergonha, dizer que Deus é chamado, a intervalos periódicos, a socorrer a natureza, remediando os abismos vazios que bocejam aos pés dela. A doutrina da criação não é isso, nem tampouco uma coerente teoria da evolução, porquanto se define a evolução como “uma série de alterações graduais e progressivas, efetuadas por meio de forças residentes” (Lê Conte).* De fato, evolução teística é uma contradição de termos. É tão destrutiva para a fé na doutrina bíblica da criação como a evolução naturalista; e recorrendo à atividade criadora de Deus de vez em quando, anula também a hipótese evolucionista. Além dessas duas conceituações, podemos mencionar também a evolução criadora, de Bérgson, e a evolução emergente, de C. Lloyd Morgan. O primeiro é um panteísta vitalista, cuja teoria envolve a negação da personalidade de Deus; e o último chega, por fim, à conclusão de que não lhe é possível explicar os emergentes, assim chamados, sem incluir algum fator último, que se poderia chamar “Deus”.** (Tologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 132)