terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Autor e os Objetos da Predestinação

1. O AUTOR. Indubitavelmente, o decreto da predestinação é, em todas as suas parte, um ato concomitante das três pessoas da Trindade, que são uma só em Seu conselho e em Sua vontade. Mas, na economia da salvação, como nos é revelada na Escritura, o ato soberano de predestinação é atribuído mais particularmente ao Pai, Jo 17.6, 9; Rm 8.29; Ef 1.4; 1 Pe 1.2. 2. OS OBJETOS DA PREDESTINAÇÃO. Em distinção do decreto geral de Deus, a predestinação só diz respeito às criaturas racionais de Deus. Mais freqüentemente se refere aos homens decaídos. Todavia, o termo é empregado num sentido mais amplo, e aqui o utilizamos no sentido mais abrangente, para incluir todos os objetos da predestinação. Esta inclui as criaturas racionais, isto é: a. Todos os homens, bons ou maus. Não meramente como grupos, mas como indivíduos, At 4.28; Rm 8.29, 30; 9.11-13; Ef 1.5, 11. b. Os anjos, bons e maus. A Bíblia fala não somente de anjos santos, Mc 8.38; Lc 9.26, e de anjos ímpios, que não conservaram o seu estado original, 2 Pe 2.4; Jd 6; mas também faz explícita menção de anjos eleitos, 1 Tm 5.21, implicando com isso que também há anjos não eleitos.Surge naturalmente a questão: Como podemos conceber a predestinação dos anjos? Para alguns, significa simplesmente que Deus determinou de modo geral que os anjos que permanecessem santos seriam confirmados num estado de bem-aventurança, ao passo que os demais estariam perdidos. Mas isto de modo nenhum se harmoniza com a idéia bíblica de predestinação. Esta na verdade significa que Deus, por razões para Ele suficientes, decretou dar a um certo número de anjos, em acréscimo à graça de que foram dotados pela criação e que incluía grande capacidade para permanecerem santos, a graça especial da perseverança; e privar desta os demais. Há pontos de diferença entre predestinação dos homens e a dos anjos: (1) Enquanto se pode pensar na predestinação dos homens como infralapsária, a dos anjos só pode ser entendida como supralapsária. Deus não escolheu certo número de anjos dentre uma multidão de anjos decaídos. (2) Os anjos não foram eleitos ou predestinados em Cristo como Mediador, mas, sim, como Chefe, isto é, para estarem em relação ministerial (de serviço) com Ele. c. Cristo como Mediador. Cristo foi objeto da predestinação no sentido de que: (1) um amor especial do pai, distinto do Seu usual amor ao Filho, estava sobre Ele, desde toda eternidade, 1 Pe 1.20; 2.4: (2) em Sua qualidade de mediador, Ele era objeto do beneplácito de Deus. 1 Pe 2.4 (3) como Mediador, Ele foi adornado com a imagem especial de Deus, `a qual os crentes devem conformar-se, Rm 8.29; e (4) o Reino, com toda a sua glória, e os meios conducentes `a sua posse, foram ordenados para Ele, para que Ele os passasse aos crentes, Lc 22.29 (Teologia Sistemática de Louis Berkhof. Pg. 106)