quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Os decretos Divinos em Geral

A Doutrina dos Decretos na Teologia. A teologia reformada, calvinista, dá ênfase à soberania de Deus, em virtude da qual Ele determinou soberanamente, desde toda a eternidade, tudo quanto há de suceder, e executa a Sua soberana vontade em Sua criação toda, natural e espiritual, de conformidade com o Seu plano predeterminado. Isso está em plena harmonia com Paulo, quando ele diz que Deus “faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Por essa razão. É simplesmente natural que, ao passar da discussão do Ser de Deus para a das obras de Deus, deve-se começar com um estudo dos decretos divinos. Este é o único método teológico apropriado. Uma discussão teológica das obras de Deus deve ter seu ponto de partida em Deus, tanto na obra de criação como na de redenção ou de recriação. É somente como provenientes de Deus e com Ele relacionadas que as obras de Deus são submetidas a consideração como parte da teologia. A despeito deste fato, porém, a teologia reformada fica praticamente sozinha em sua ênfase à doutrina dos decretos. A teologia luterana é menos teológica e mais antropológica. Incoerentemente, ela toma seu ponto de partida em Deus e considera todas as coisas como divinamente predeterminadas, mas revela uma tendência para considerar as coisas de baixo para cima, e não de cima para baixo. E se até este ponto ela crê na predeterminação, inclina-se a limita-la ao bem que há no mundo, e mais particularmente às bênçãos da salvação. É um fato notável que muitos teólogos luteranos permanecem silenciosos, ou quase silenciosos, a respeito da doutrina dos decretos de Deus em geral e discutem somente a doutrina da predestinação, e consideram esta como condicional, e não absoluta. Na doutrina da predestinação, a teologia luterana mostra forte afinidade com o arminianismo. Krauth (influente líder da Igreja Luterana em nosso país) chega a dizer: “as opiniões pessoais de Armínio, quanto aos cinco pontos, formaram-se sob influências luteranas, e não diferem essencialmente das da Igreja Luterana: mas em muitos pontos do sistema que se desenvolveu e agora é conhecido como arminianismo, a Igreja Luterana não tem nenhuma afinidade com ele, e nesses pontos teria muito maior simpatia pelo calvinismo, embora da doutrina da predestinação absoluta. A “Fórmula da Concórdia”toca nos cinco pontos quase que unicamente nas suas facetas, e com base nestas apresta-se contra o calvinismo, mais pela negação das inferências que resultam logicamente deste sistema, que pela expressa condenação da sua teoria fundamental em sua forma abstrata”. Na medida em que os teólogos luteranos incluem a doutrina da predestinação em seu sistema, geralmente a consideram em conexão com a soteriologia. Naturalmente a teologia arminiana não coloca no primeiro plano a doutrina dos decretos. A dos decretos em geral é usualmente conspícua por sua ausência. Pope apresenta só de passagem a doutrina da predestinação, e Miley a introduz como um ponto para debate. Raymond a discute somente na doutrina da eleição, e Watson dedica a esta, considerável espaço, ao tratar da expiação. Todos eles rejeitam a doutrina da predestinação absoluta, e a substituem por alguma forma de predestinação condicional. A teologia do liberalismo moderno não se interessa pela doutrina da predestinação, visto que é fundamentalmente antropológica. Na “teologia da crise” ela volta a ser reconhecida, mas numa forma que não é escriturística, nem histórica. A despeito de recorre aos Reformadores, afasta-se largamente da doutrina da predestinação ensinada por Lutero e Calvino. (Teologia Sistemática – Louis Berkhof. Pg. 93)