terça-feira, 1 de outubro de 2013

Os Anjos Maus

1. SUA ORIGEM. Além dos anjos bons, há também os maus, cujo prazer esta em opor-se a Deus e combater Sua obra. Se bem que são criaturas de Deus, não foram criados como anjos maus. Deus viu tudo que tinha criado, e estava muito bom, Gn 1.31. Há duas passagens da Escritura que implicam claramente que alguns anjos não mantiveram a sua condição original, mas caíram do estado em que tinham sido criados, 2 Pe 2.4; Jd 6. O pecado específico desses anjos não foi revelado, mas geralmente se pensa que consiste em se exaltarem contra Deus e aspirarem à autoridade suprema. Se esta ambição desempenhou papel importante na vida de Satanás e o levou à queda, isso explica de vez por que ele tentou o homem nesse ponto particular, e procurou engodá-lo para destruí-lo recorrendo a uma possível ambição, parecida com sua, presente no homem. Alguns dos primeiros “pais da igreja” distinguiam entre Satanás e os demônios a ele subordinados, na explicação da causa da sua queda. Viam a explicação da queda de Satanás, no orgulho, mas a da queda mais geral ocorrida no mundo angélico, na luxúria carnal, Gn 6.2. Contudo, essa interpretação de Gn 6.2 foi sendo aos poucos repudiada, durante a Idade Media. Em vista disto, é surpreendente ver que alguns comentadores modernos reiteram aquela idéia, em sua interpretação de 2 Pe 2.4 e Jd 6, como o fazem, por exemplo, Meyer, Alford, Mayor e Wohlenberg. É, todavia, uma contraria à natureza espiritual dos anjos e ao fato de que, como Mt 22.30 parece implicar, não há vida sexual entre os anjos. Alem disso, com essa interpretação teríamos que admitir uma queda dupla no mundo angélico – primeiro a queda de Satanás e, depois, consideravelmente mais tarde, a que resultou no exército de demônios que agora presta serviço a Satanás. É muito mais provável que Satanás tenha arrastado os outros logo consigo, em sua queda. 2. SEU CHEFE. Satanás aparece na Escritura como o reconhecido chefe dos anjos decaídos. Ao que parece, ele era originariamente um dos poderosos príncipes do mundo angélico, e veio a ser o líder dos que se revoltaram contra Deus e caíram. O nome “Satanás” revela-o como “o Adversário”, não do homem em primeiro lugar, mas de Deus. Ele investe contra Adão como o coroa da produção de Deus, forja a destruição, razão pela qual é chamado Apoliom (destruidor), Ap 9.11, e ataca Jesus, quando Ele empreende a obra de restauração. Depois da entrada do pecado no mundo, ele se tornou Diabolos (Acusador), acusando continuadamente o povo de Deus, Ap 12.10. Ele é apresentado na Escritura como o originador do pecado, Gn 3.1,4; Jo 8.44; 2 Co 11.3; 1 Jo 3.8; Ap 12.9; 20.2, 10, e aparece como o reconhecido chefe dos que caíram, Mt 25.41; 9.34; Ef 2.2. Ele continua sendo o líder das hostes angelicais que arrastou consigo em sua queda, e as emprega numa desesperada resistência a Cristo e ao Seu reino. É também chamado repetidamente “príncipe deste mundo” (não “do mundo”*), Jo 12.31; 14.30; 16.11, e até mesmo “Deus deste século”, 2 Co 4.4. Não significa que ele detém o controle do mundo, pois Deus é que o detém, e Ele deu toda a autoridade a Cristo, mas o sentido é que Satanás tem sob controle este mundo mau, o mundo naquilo em que está separado de Deus. Isso está claramente indicado em Ef 2.2, onde ele é chamado “príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”. Ele é super-humano, mas não é divino; tem grande poder, mas não é onipotente; exerce influencia em grande escala, mas restrita, Mt 12.29; Ap 20.2, e está destinado a ser lançado no abismo, Ap 20.10. 3. SUA ATIVIDADE. Como os anjos bons, os anjos maus também possuem poder sobre-humano, mas o uso que dele fazem contrata-se tristemente com os dos anjos bons. Enquanto estes louvam a Deus perenemente, libram Suas batalhas e O servem com fidelidade, aqueles, como poderes das trevas, prestam-se para maldizer a Deus, pelejar contra Ele e Seu Ungido, e destruir a Sua obra. Então em constante rebelião contra Deus, procuram cegar e desviar até os eleitos, e animam os pecadores no mal que estes praticam. Mas são espíritos perdidos e sem esperança. Agora mesmo estão acorrentados ao inferno e a abismo de trevas e, embora não estejam ainda limitados a um lugar só, no dizer de Calvino, contudo, arrastam consigo as suas cadeias por onde vão, 2 Pe 2.4; Jd 6. (Louis Bekhof. Pg. 141)